Coluna

Açúcar, leite, carne bovina e etanol puxam produção industrial em Goiás

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 10 de dezembro de 2019

Depois
de quatro meses de crescimento apenas modesto, mas ainda assim positivos, a
produção industrial em Goiás apresentou em outubro o melhor desempenho no País
na comparação com o mês imediatamente anterior, avançando 4,0%, acumulando
elevação de 6,4% no período, numa avaliação que desconta o efeito de fatores
sazonais sobre o setor (como o total de dias úteis em cada período analisado,
afetado pela ocorrência de feriados, por exemplo, além de outros fatores que
não se repetem mês a mês e podem influenciar no resultado da produção para mais
ou para menos).

Como
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela
pesquisa mensal da produção na indústria, não abre os dados por setor de
atividade na passagem de um mês para o seguinte, o desempenho da indústria no
Estado ao longo do 10º mês do ano só pode ser inferido a partir dos indicadores
da produção observados em relação a idêntico período do ano anterior. E, neste
caso, o salto de 11,2% na produção goiana (de novo, o melhor desempenho entre
todos os Estados que entram na pesquisa) veio puxado principalmente pelo
aumento na produção de alimentos (especialmente açúcar, leite e carne bovina
congelada, antes da escalada dos preços neste último setor verificada a partir
de novembro) e de biocombustíveis (biodiesel e etanol).

Dois
outros setores experimentaram igualmente forte crescimento, mas sua
contribuição para o crescimento geral foi menos relevante, diante de sua menor
participação na indústria como um todo (observável nos dados sobre valor da
transformação industrial divulgados pelo mesmo IBGE). Antes de prosseguir, uma
anotação adicional a respeito do número vigoroso apresentado em outubro deste
ano pela indústria (agora em relação ao mesmo mês de 2018): no ano passado, a
produção havia desabado 7,8% diante de outubro de 2017.

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Sazonalidades

A
base reduzida para comparação ajudou a alavancar a produção neste ano, mas não parece ser a única explicação.A indústria do Estado
foi uma das últimas a ser alcançada pela crise sofrida pelo setor em todo o
País ainda antes de 2014. Mas igualmente foi uma das mais atingidas pelo
emagrecimento forçado, imposto pela recessão. Historicamente, diante da
sazonalidade gerada pelo período de festas no fim de ano, outubro sempre foi um
dos melhores (senão o melhor) meses para a atividade industrial, que concentra
seus esforços no mês para atender a encomendas do varejo para o Natal (e, mais
recentemente, também para suprir os pedidos do comércio destinados às vendas da
“blackfriday”). A ausência de uma reação no período decretaria um final de ano
de maiores dificuldades para a indústria. Evidentemente, a reação esboçada
poderá contribuir para que a produção industrial em Goiás encerre 2019 em
terreno positivo. O dado acumulado em 12 meses até outubro mostra uma elevação
de 1,2%, revertendo o sinal negativo observado em agosto e setembro (quedas de
1,4% e de 0,7%, respectivamente, frente aos 12 meses imediatamente anteriores).

Balanço

·  
As
indústrias de alimentos e de biocombustíveis (etanol e biodiesel) responderam
por 67,5% do crescimento de 11,2% observado entre outubro de 2018 e idêntico
mês deste ano. A produção de bens alimentícios, liderada pelo açúcar, leite
esterilizado e em pó e carne bovina congelada, cresceu 4,7% (uma variação
aparentemente modesta se comparada a outros setores, como se poderá observar
adiante).

·  
Nos
10 primeiros meses deste ano, no entanto, o setor e alimentos acumulava
variação de apenas 1,8% (com avanço de 0,6% em 12 meses, o que confirma uma
reação bem recente para a atividade industrial nesta área).

·  
No
caso dos bicombustíveis, a produção registrou salto de 24,9% frente a outubro
de 2018, passando a acumular incremento de 5,6% entre janeiro e outubro e
elevação de 5,3% em 12 meses.

·  
Segundo
dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a
produção de biodiesel em outubro cresceu 3,4% frente a setembro, saindo de 85,8
milhões para 88,8 milhões de litros, enquanto a produção de etanol, em fase
final de safra, caiu 12,2% (de 785,64 milhões para 690,19 milhões de litros).

·  
Na
comparação com outubro do ano passado, no entanto, a indústria de biodiesel
ampliou a produção em 17,8% e passou a acumular um crescimento de 14,7% em 10
meses, com 711,81 milhões de litros produzidos, recorde para o período.

·  
A
produção de etanol saltou 39,2% em relação a outubro de 2018, somando 4,929
bilhões de litros entre janeiro e outubro, um valor histórico, que já supera em
9,6% a produção realizada nos 12 meses do ano passado. Comparada aos primeiros
10 meses de 2018, houve uma elevação de 19%.

·  
Com
maior produção de automóveis e de veículos de carga a diesel (categoria que
inclui as caminhonetes), a indústria automobilística quase dobrou a produção em
outubro (+ 96,1%) frente ao mesmo mês de 2018, com alta acumulada de 10,5% em
10 meses (mas ainda em baixa de 8,3% nos 12 meses terminados em outubro deste
ano). O nível da produção no setor ainda se encontrava, em outubro, 54,6%
abaixo da média de 2012, tamanha a severidade das perdas registradas nos
últimos meses.

·  
O
aumento na produção de adubos e fertilizantes turbinou o crescimento de 10,6%
da indústria de “outros produtos químicos” (aqui, na comparação com outubro de
2018). No ano, o setor avançou 6,7%.

A indústria de produtos farmoquímicos e
farmacêuticos produziu 20,5% mais em outubro (depois de perdas de 5,8% e de
12,0% em agosto e setembro, pela ordem), acumulando alta de 2,7% no ano (embora
acumule recuo de 0,5% em 12 meses).