Agronegócio demite quase 1,4 milhão de pessoas e emprego recua 7% desde 2012

Publicado por: Redação | Postado em: 14 de junho de 2019

O
melhor desempenho do agronegócio nos últimos anos, na comparação com a fraqueza
geral que predomina no restante da economia, não se traduziu em mais empregos
no campo ou nos setores associados direta ou indiretamente a atividades
agropecuárias. Num levantamento realizado a cada trimestre pelo Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, o número de
pessoas ocupadas no agronegócio caiu de 19,45 milhões no primeiro trimestre de
2012 para 18,07 milhões no mesmo período deste ano, o que correspondeu ao
fechamento de aproximadamente 1,38 milhão de empregos, numa redução de 7,1% no
período.

O
trabalho toma como base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
mostra, ainda, que a participação do setor no total de ocupados em todo o País
foi reduzido de 22,2% no início de 2012 para 19,67% nos primeiros três meses
deste ano. O relatório do Cepea deixa claro, ainda, que o processo de ajuste
pelo lado do emprego não havia sido encerrado neste ano. A notícia mais
positiva é que o ímpeto das empresas e fazendas para dispensar trabalhadores
perdeu força, depois de a massa de ocupados ter atingido o fundo do poço em
2017.

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No
primeiro quarto daquele ano, o total de pessoas ocupadas no agronegócio havia
desabado para 18,05 milhões, observando ligeira reação no ano seguinte, quando
se aproximou de 18,11 milhões, recuando novamente neste ano, com fechamento de
41,377 mil empregos – o que correspondeu a um recuo de 0,23%. Na avaliação do
Cepea, o dado indica “relativa estabilidade” para o indicador ao longo dos
últimos 12 meses. Os números de março ainda não foram divulgados pelo centro de
pesquisas, mas no acumulado do primeiro bimestre, o Produto Interno Bruto (PIB)
do agronegócio apresentou queda de 0,46%, o que talvez ajude a explicar o
comportamento negativo no mercado de trabalho.

Ajustes em curso

Na
série mais longa, no entanto, os indicadores disponíveis sugerem que o setor
tria colocado em marcha um processo de ajuste às condições menos favoráveis na
economia em geral, tendência observada mais nitidamente, numa etapa mais
recente, no setor primário e na agroindústria. Em valores nominais, a despeito
da queda na ocupação, o PIB do agronegócio experimentou alta de 54,3% entre
2012 e 2018, diante de variação de 41,8% para o PIB brasileiro como um todo. A
fatia do setor no total das riquezas produzidas pelo País elevou-se de 19,4%
para 21,1% no período, confirmando o avanço mais acelerado do agronegócio
naqueles sete anos.

Balanço

·  
Entre
o primeiro trimestre do ano passado e o mesmo trimestre deste ano, o setor
primário do agronegócio afastou 118,504 mil trabalhadores, reduzindo o número
de pessoas ocupadas de pouco mais do que 8,329 milhões para 8,211 milhões, numa
redução de 1,42%.

·  
A
agroindústria afastou 66,032 mil trabalhadores, o que reduziu o total de
ocupados em 1,73%, de 3,821 milhões para 3,755 milhões no período.

·  
Detalhe:
a agroindústria havia ampliado as contratações com a entrada de mais 31,330 mil
empregados entre o primeiro e o último trimestres de 2018, quando o total de
ocupados havia somado 3,852 milhões. Desde lá, os cortes atingiram 97,362 mil
pessoas, correspondendo a um corte de 2,53% no saldo das ocupações.

·  
Comparado
ao primeiro trimestre de 2018, as indústrias de açúcar e etanol realizaram
cortes de 17,04% e de 9,83% no número de empregados, seguidas pelo setor de
papel e celulose (-9,64%) e fabricação de massas e outros produtos alimentícios
(-4,50%).

·  
Os
segmentos de insumos e de serviços ligados ao agronegócio, ao contrário,
reforçaram o contingente de ocupados, com crescimento de 4,02% e de 2,34%,
respectivamente, na comparação entre os trimestres iniciais de 2018 e 2019. No
primeiro setor, o número de pessoas ocupadas passou de 215,910 mil para 224,588
mil. No segundo, o saldo das ocupações avançou de 5,744 milhões para 5,878
milhões de pessoas.

A redução foi mais intensa entre trabalhadores
com carteira assinada, que saíram de 6,540 milhões para 6,374 milhões (-2,54%
ou 166,344 mil demitidos), e entre aqueles sem instrução (1,375 milhão para
898,79 mil, em queda de 34,63% ou 476,22 mil a menos).