Atividade no setor de serviços cai 9,8% entre julho e novembro em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 17 de janeiro de 2024

Numa tendência de resto observada em todo o restante do País, o nível de atividade no setor de serviços em Goiás entrou em desaceleração depois de atingir em julho do ano passado seu ponto mais elevado em toda a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em janeiro de 2011. Nitidamente, o setor não conseguiu sustentar a intensidade registrada nos meses anteriores e passou a apontar certa acomodação e mesmo queda no curtíssimo prazo, chegando a novembro no quarto mês consecutivo de perdas, acumulando redução de praticamente 9,8% entre julho e novembro do ano passado.

Segundo acompanhamento mensal realizado pelo IBGE, o volume de serviços providos ao consumidor goiano, em dados devidamente dessazonalizados, apresentou quedas de 3,4% em agosto, de 4,4% em setembro e de 0,7% em outubro, caindo 1,6% em novembro, sempre na comparação com os meses imediatamente anteriores. O ajuste sazonal, no caso, tenta evitar que ocorrências e eventos, como feriados por exemplo, que sempre ocorrem nos mesmos períodos todos os anos distorçam comparações. Esse tipo de dado, no entanto, só está disponível, na pesquisa do IBGE, para a atividade agregada de todo o setor de serviços, o que dificulta análises mais detalhadas.

De toda forma, o desaquecimento registrado a partir de agosto consumiu parte da “gordura” acumulada nos meses anteriores, mas manteve desempenho do setor no Estado acima da variação média anotada pelo País. O nível de atividade dos serviços em Goiás em novembro de 2023 superou fevereiro de 2020, mês imediatamente anterior ao começo da pandemia de Covid-19, em 20,0% diante de uma taxa mais próxima de 10,8% na média brasileira para a mesma comparação. Em julho do ano passado, o setor apresentava crescimento de 33,0% diante de fevereiro de 2020, em mais um indicativo da desaceleração relevante registrada nos meses seguintes.

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Comparação anual

Na comparação com idênticos períodos do ano passado, nota-se igualmente certa perda de ritmo, mas numa velocidade menos intensa. Analisado em conjunto, o setor de serviços em Goiás avançou 3,7% em novembro do ano passado, frente ao mesmo mês de 2022, depois de crescer 3,8% em setembro e 4,9% em outubro. Nos 11 primeiros meses do ano passado, os serviços haviam acumulado elevação de 6,9%, ligeiramente inferior ao avanço de 7,6% registrado na comparação entre os primeiros sete meses do ano passado e idêntico intervalo de 2022. O comportamento do indicador tem sido influenciado pelos avanços colhidos nos segmentos de serviços de informação e comunicação e no de transportes, serviços auxiliares de transporte, correio e armazenagem, refletindo em parte, no segundo caso, a maior movimentação gerada pela colheita de uma safra cheia no ano passado.

Balanço

  • Na área de informações e comunicação, sempre na comparação com igual mês do ano imediatamente anterior, o volume de serviços saiu de uma variação 11,6% em outubro para crescimento de 8,2% em novembro, com variação acumulada de 10,9% nos primeiros 11 meses de 2023 – praticamente o mesmo nível anotado nos meses anteriores, com taxas acumuladas levemente acima de 11,0%.
  • Nos transportes, o crescimento atingiu 6,8% na comparação entre novembro de 2023 e o mesmo mês de 2022, depois de uma variação de 10,8% em outubro. Em 11 meses, a velocidade de crescimento cedeu para 10,9% frente a 11,3% no acumulado entre janeiro e outubro.
  • Os serviços prestados às famílias, incluindo hotéis, bares, restaurantes e outros, voltaram a crescer em novembro, num avanço de 1,8%, depois de quedas de 0,1% e 2,0% em setembro e outubro de 2023, novamente em relação aos mesmos meses de 2022. Entre janeiro e novembro, a atividade naquela área variou apenas 0,2% frente aos mesmos 11 meses de 2022.
  • Houve perdas, na comparação mensal, para os serviços profissionais e administrativos, numa redução de 1,8%, na quinta redução mensal consecutiva no setor, e para a categoria “outros serviços”, em queda de 4,1%, sempre em relação a novembro de 2022. Neste último segmento, foram seis meses de baixas em sequência, numa série negativa iniciada ainda em junho.
  • O ritmo de crescimento do grupo “outros serviços” no acumulado do ano saiu de 11,8% em maio para 0,6% em novembro. Já os serviços profissionais vêm em baixa desde abril de 2022, na taxa acumulado no ano, passando a recuar 2,3% nos 11 meses iniciais de 2023.
  • No País como um todo, os serviços avançaram 0,4% na saída de outubro para novembro, depois de ter acumulado perdas de 2,2% nos três meses anteriores. Na comparação mensal, foram três meses de números negativos entre setembro e novembro, com queda de 1,1% naquele primeiro mês e recuos de 0,3% tanto em outubro quanto em novembro.
  • A variação acumulada no ano saiu de 3,4% até setembro para 2,7% em novembro. A tendência de desaceleração fica ainda mais clara na comparação trimestre a trimestre. Nos dois primeiros trimestres do ano passado, os serviços haviam crescido 5,4% e 4,0% frente ao primeiro e segundo trimestres de 2022, respectivamente. Mas a taxa recua para 1,1% no terceiro trimestre do ano passado, com o bimestre outubro e novembro mostrando baixa de 0,3% na comparação com o mesmo período de 2022.
  • Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a perda de dinamismo do setor pode ser vista como uma “acomodação”, lembrando que o setor passou a superar os níveis anteriores à pandemia desde junho de 2021, registrando alta de 10,8% em novembro, diante de fevereiro de 2020. “Tal situação é bem diferente da indústria, por exemplo, que ultrapassou o pré-pandemia apenas momentaneamente, de setembro de 2020 a fevereiro de 2021, e agora (novembro de 2023) está 0,9% abaixo dele”, anota o instituto.