Vendas no varejo amplo voltam em novembro aos níveis de março

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 18 de janeiro de 2024

O setor varejista em seu conceito mais amplo experimentou altos e baixos ao longo do ano passado em Goiás e, em novembro do ano passado, dado divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), retomou praticamente os mesmos níveis alcançados oito meses antes, em março. Mas mantinha-se ligeiramente abaixo dos volumes vendidos em fevereiro daquele mesmo ano, indicando uma dificuldade do setor de manter uma tendência mais permanente de crescimento. No acumulado do ano, essa aparente incapacidade de preservar por prazos mais longos taxas mais positivas parece retratada no recuo de 0,5% registrado na comparação entre os 11 meses iniciais de 2023 e o mesmo período de 2022.

Os resultados de novembro vieram dúbios, com queda importante para o varejo restrito e um avanço modesto no caso do varejo ampliado, que inclui concessionárias de veículos e motos, lojas de autopeças e de materiais de construção e o chamado “atacarejo” de alimentos, bebidas e fumo. Nos dados dessazonalizados, descontados fatores e eventos que ocorrem sempre em iguais períodos a cada ano, as vendas no varejo mais tradicional em Goiás recuaram 0,1% em outubro e despencaram 4,2% em novembro, sempre em relação aos meses imediatamente anteriores. Em setembro, a pesquisa havia registrado uma variação positiva de 1,4% frente a agosto. Desde setembro, as vendas no segmento baixaram 4,4%.

Também tomando dados mensais dessazonalizados, o varejo ampliado aparentemente saiu-se melhor na foto, avançando 0,4% em setembro e 1,1% em outubro, para ensaiar nova desaceleração e fechar novembro com variação de 0,4%. As vendas no varejo ampliado seguem caminhos tortuosos ao longo do ano passado. Entre fevereiro e maio, o nível de vendas havia desabado 7,5% e acumulou elevação de 7,4% entre maio e novembro, mantendo-se ainda 0,7% abaixo dos volumes registrados em fevereiro.

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Desencontros

A comparação mensal, ou seja, tomando como referência o mesmo mês de 2022, mostra uma relação mais positiva para o varejo amplo, impulsionado principalmente pelo salto de 25,9% nas vendas de veículos, motos e autopeças, que já haviam anotado altas de 13,6% e de 17,2% em setembro e outubro, respectivamente. As vendas de materiais de construção e de alimentos, bebidas e fumo em estabelecimentos atacadistas, ao contrário, caíram 4,0% e 5,6% em setembro e outubro e despencaram 11,6% em novembro, contrariando a tendência observada para as vendas dos mesmos itens em supermercados e hipermercados. Neste caso, naquela mesma sequência, as vendas avançaram 11,0%, 7,5% e 8,4%.

Balanço

  • No setor mais convencional do varejo, as vendas voltaram a cair depois de três meses de números positivos, baixando 1,8% em relação a novembro de 2022. Os dados vieram negativos para postos de combustíveis, em baixa de 12,0%; lojas de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, numa redução de 11,4%; lojas de móveis e eletrodomésticos, que perderam 7,0% em relação a novembro de 2022; outros artigos de uso pessoal e doméstico, nua redução de 3,7% na mesma comparação; e lojas de tecidos, roupas e calçados, num recuo de 1,9%.
  • Considerando todo o varejo, incluindo os conceitos mais restrito e o ampliado, entre 11 segmentos, perto de dois terços, ou sete deles, enfrentaram reveses em novembro e apenas quatro conseguiram crescer – pela ordem, as concessionárias de veículos, motos e peças, como já visto (mais 25,9%); hipermercados e supermercados, com elevação de 8,4%; farmácias e artigos médicos e ortopédicos, perfumes e cosméticos, num ganho de 4,9%; e papelarias e livrarias, numa elevação modesta de 1,4% – o que se compara com tombos de 35,7% e de 19,0% em setembro e outubro, igualmente em relação aos mesmos meses de 2022.
  • No acumulado entre janeiro e novembro do ano passado, tomando igual período de 2022, o varejo restrito avançou apenas 0,6% diante de queda de 0,5% para o setor varejista ampliado. Em 12 meses, os sinais parecem ter se invertido, já que o varejo restrito havia sofrido recuo de 0,5% em 2022 e passou a avançar 0,4% até novembro de 2023. No varejo mais amplo, o avanço de 2,8% acumulado em 2022 transformou-se em pera de 0,9% no ano seguinte.
  • Comparado a fevereiro de 2020, mês imediatamente anterior ao início da pandemia, o varejo mais tradicional não conseguiu se recuperar, apresentando, em novembro do ano passado, quase quatro anos depois, perdas de 6,2%. Já o varejo ampliado, com a contribuição dos veículos, repôs as perdas e cresceu em novembro 8,7% em relação ao período pré-pandemia.
  • Olhados sob outra perspectiva, o cenário parece menos tranquilizador, já que o varejo mais amplo se mantinha, em novembro do ano passado, 23,4% abaixo dos níveis alcançados em agosto de 2012, nível mais alto da séria histórica. No varejo restrito, o volume de vendas perdeu quase um terço desde fevereiro de 2014, acumulando retração de 32,3%.
  • Os dados nacionais, observa o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), “diferentemente da indústria e dos serviços, em novembro de 2023, as vendas reais do comércio varejista praticamente não cresceram, variando somente 0,1% já descontados os efeitos sazonais”. Isso na comparação com outubro, quando havia recuado 0,3%. Na mesma relação, o varejo amplo, refletindo a “reação do ramo de veículos e autopeças, depois de dois meses de resultados fracos”, avançou 1,3% (depois da ligeira baixa de 0,2% anotada em outubro).
  • O dado mensal apresenta altas de 2,2% para o varejo restrito e de 4,3% para o segmento ampliado na comparação com novembro de 2022. O desempenho ajudou a melhorar um pouco o resultado acumulado no ano, com altas de 1,7% e de 2,6% seguindo a mesma ordem.