Com lucros em alta, Saneago eleva investimentos em 56%

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 19 de agosto de 2022

Com lucros em elevação ao longo do semestre, a Saneamento de Goiás S/A (Saneago) manteve em alta também os investimentos realizados nos seis primeiros meses deste ano, ampliando sua rede, a cobertura oferecida aos domicílios na área de sua atuação e a população atendida pelos serviços de água e esgoto. Os números do investimento surgem ainda mais robustos no segundo trimestre, reforçando os valores investidos no acumulado do primeiro semestre, com crescimento mais acentuado na rede de água.

Os números divulgados ontem pela companhia mostram que a concessionária realizou investimentos de R$ 82,528 milhões no segundo trimestre deste ano, o que correspondeu a um salto de 89,74% na comparação com os valores registrados em igual período do ano passado, quando a companhia havia investido perto de R$ 43,495 milhões. Na mesma comparação, os sistemas de água receberam R$ 53,553 milhões no trimestre entre abril e junho deste ano (quase 65% do total investido no período), frente a R$ 20,319 milhões nos mesmos três meses do ano passado, resultando num incremento de 163,56%.

O investimento na rede de esgoto avançou 41,47%, passando de R$ 15,533 milhões para R$ 21,975, com recuo de 4,0% para os demais investimentos (que incluem aquisições de computadores e softwares, materiais e equipamentos, entre outros). Esta última categoria registrou injeção de R$ 7,0 milhões no segundo trimestre deste ano frente a R$ 7,643 milhões em 2021.

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Esse avanço vigoroso trouxe o investimento realizado no primeiro semestre para R$ 126,880 milhões, representando algo como 60,1% da meta que a empresa havia fixado inicialmente para todo o ano, qualquer coisa na faixa dos R$ 211,191 milhões. Comparado ao primeiro semestre do ano passado, quando a Saneago havia investido R$ 81,240 milhões, registrou-se um aumento de 56,18%. Pouco mais de metade do investimento (53,15%) foi direcionado para o setor de captação, tratamento e distribuição de água, somando R$ 67,442 milhões no primeiro semestre deste ano diante de R$ 39,676 milhões em idêntico intervalo de 2021, correspondendo a um crescimento de quase 70%.

Avanço tímido

No setor de esgoto, que havia sofrido queda de 36,0% no primeiro trimestre, o incremento foi modesto, numa variação de 6,90%, saindo de R$ 28,041 milhões para R$ 29,977 milhões, o que não repõe a inflação acumulada nos 12 meses finalizados em junho deste ano (em torno de 11,9%). De toda forma, reverteu-se a tendência de retração observada nos primeiros meses do ano, com volta ao crescimento nesta área, embora numa variação apenas nominal.

Balanço

  • Os indicadores de cobertura e de população atendida, de toda forma, avançaram de forma mais relevante no setor de esgoto, com elevação menos intensa para os sistemas de água, lembrando que o déficit de atendimento se mantém mais acentuado na área do esgoto e de seu tratamento.
  • A população atendida pelos serviços de água avançou ligeiramente, numa variação de 1,38% entre junho deste ano e junho do ano passado. Parece modesto, mas deve-se considerar que se trata de um contingente que somava, ao final do primeiro semestre deste ano, em torno de 5,952 milhões de pessoas, diante de 5,871 milhões em igual período de 2021. Os índices de cobertura, aqui, variaram de 97,54% para 97,74% considerando a população total da região atendida pela Saneago.
  • No setor de esgotamento, onde há mais espaço para avanços, a população atendida cresceu 4,54%, de 3,983 milhões para 4,164 milhões de pessoas. Isso significou que 68,38% da população passaram a ter acesso à rede estadual de esgoto, diante de 66,17% no ano passado, até junho. A extensão das redes de água e de esgoto foi expandida em 3,40% no primeiro caso e em 9,23% no segundo.
  • O resultado líquido da empresa no primeiro semestre deste ano atingiu R$ 149,427 milhões, crescendo 20,7% em comparação com o lucro de R$ 123,80 milhões realizado na primeira metade do ano passado. No segundo trimestre, a empresa lucrou R$ 126,173 milhões neste ano e R$ 113,949 milhões nos mesmos três meses do ano passado, com alta de 10,73%.
  • Na versão da Saneago, o aumento no resultado esteve relacionado principalmente à elevação de 8,85% nas tarifas de água e esgoto a partir de 3 de fevereiro deste ano, acompanhada de alta de 2,73% no volume de água faturado e de 5,06% no caso do esgoto. “A companhia atingiu esse resultado mesmo tendo realizado os desligamentos do PDV (plano de demissão voluntária) de 2022, com custo total de R$ 142,215 milhões”, anota a administração da companhia na divulgação dos resultados trimestrais.
  • Os desembolsos relacionados ao PDV e ainda reposição salarial acertada na data base dos empregados, com reposição de 11,92% correspondentes à inflação, influíram na alta de 31,68% nas despesas com pessoal durante o primeiro semestre deste ano, saindo de R$ 519,680 milhões para R$ 684,292 milhões.
  • O resultado antes de impostos, juros, depreciação e amortizações (Ebtida, na sigla em inglês), já ajustado a fatores que não influenciam a geração de caixa, registrou elevação de 14,79% em relação ao primeiro semestre do ano passado, avançando de R$ 221,367 milhões para R$ 254,116 milhões.
  • A dívida líquida da empresa cresceu 11,1% entre o final de 2021 e junho deste ano, passando de R$ 385,781 milhões para R$ 428,707 milhões (mantendo-se, no entanto, quase 53,5% abaixo dos níveis registrados em 2018, quando a dívida havia alcançado R$ 921,711 milhões). O principal indicador de endividamento, no entanto, continua bem-comportado, já que a dívida líquida correspondia a 70% do Ebtida, o equivalente, por sua vez, a mais de 75,6% do serviço da dívida bruta (juros e amortizações). A geração de caixa, portanto, cobria com folga o que a empresa teria que pagar, em 12 meses, sob a forma de juros e amortizações de sua dívida.