Consultas triplicam e desembolsos do BNDES em Goiás avançam 10,9%

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 18 de agosto de 2023

A propensão do setor privado para realizar investimentos aparentemente ganhou impulso mais intenso no segundo trimestre deste ano em Goiás, a julgar pelas estatísticas relacionadas ao total de consultas apresentadas ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no período. Depois do avanço nominal de quase 69% registrado no primeiro trimestre, as consultas saltaram mais 285% no trimestre seguinte, avançando de R$ 928,0 milhões no segundo trimestre do ano passado para R$ 3,573 bilhões, e fecharam o primeiro semestre em R$ 4,321 bilhões. Comparadas à primeira metade do ano passado, quando as consultas haviam alcançado R$ 1,371 bilhão, o valor pouco mais do que triplicou, crescendo 215,2% e alcançando o nível mais elevado para o período na série histórica, acima dos R$ 4,016 bilhões registrados nos seis primeiros meses de 2008 – mas apenas em valores não atualizados.

Aplicada a correção com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com correção até junho deste ano, o resultado do primeiro semestre deste ano ficou abaixo dos números registrados em 2007, 2008, 2012 e 2014, quando as consultas, sempre no primeiro semestre, haviam atingido, pela ordem, R$ 8,812 bilhões, R$ 9,517 bilhões, R$ 5,010 bilhões e R$ 5,222 bilhões. Comparadas ao primeiro semestre de 2008, portanto, o valor real das consultas sofreu baixa de aproximadamente 54%.

De toda forma, como parece claro, o crescimento na comparação entre o ano passado e este ano superou largamente a inflação do período, acumulada em 3,16% nos 12 meses encerrados em junho deste ano, o que mostra uma recuperação vigorosa. Ao contrário do que havia sido registrado nos primeiros meses deste ano, o aumento das consultas no semestre foi puxado pelas grandes empresas, com as consultas multiplicadas em quatro vezes e meia em relação aos mesmos seis meses de 2022, subindo de R$ 584,0 milhões para R$ 2,646 bilhões (ou R$ 2,062 bilhões a mais, correspondendo a quase 70% do aumento acumulado pelo total das consultas no mesmo intervalo).

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Pequenas perdem espaço

A participação das grandes empresas no valor total das consultas avançou de 42,6% ao final do primeiro semestre do ano passado para 61,2% em igual período deste ano. Na contramão, a fatia representada pelas micro e pequenas empresas, que havia sido de 29,5% no ano passado para 13,7% neste ano, sempre no primeiro semestre, embora em valores as consultas no segmento tenham crescido 45,9%, saindo de R$ 405,0 milhões para R$ 591,0 milhões. Entre as médias empresas, as consultas quase triplicaram, pulando de R$ 382,0 milhões para R$ 1,083 bilhão (quer dizer, 183,5% a mais), com o segmento respondendo por 23,8% do aumento geral das consultas.

Balanço

  • Por setor de atividade, praticamente quase todo o crescimento das consultas ficou concentrado em projetos na área de infraestrutura, com largo destaque para o setor de energia, muito provavelmente refletindo a entrada de pedidos de crédito para projetos de distribuição de energia, a se considerar a cobrança de investimentos nesta área.
  • As consultas no setor de infraestrutura aumentaram 1.206% entre o primeiro semestre de 2022 e o mesmo período deste ano, avançando de R$ 229,0 milhões para R$ 2,991 bilhões. Na área da energia, que havia respondido por 9,0% do total das consultas para obras de infraestrutura no ano passado, o valor das consultas aumentou nada menos do que 1.894% ao passar de R$ 123,0 milhões para R$ 2,453 bilhões, representando 56,8% do valor registrado no setor todo de infraestrutura.
  • A agropecuária apresentou consultas no valor de R$ 770,0 milhões na primeira metade deste ano, diante de R$ 374,0 milhões no mesmo período de 2022, num avanço de 105,9%. Mas despencaram 47,5% na indústria, encolhendo de R$ 550,0 milhões para R$ 289,0 milhões. O setor de serviços anotou elevação de quase 24,0%, com as consultas elevadas de R$ 218,0 milhões para R$ 270,0 milhões.
  • Novamente a valores nominais, os desembolsos realizados pelo BNDES no Estado cresceram 10,9% na comparação entre o primeiro semestre deste ano e igual período do ano passado, variando de R$ 1,060 bilhão para R$ 1,175 bilhão, num acréscimo de R$ 115,552 milhões. Entre os grandes setores, a infraestrutura puxou os desembolsos, contribuindo com 73,3% para o crescimento geral.
  • Os projetos de infraestrutura receberam R$ 269,764 milhões frente a R$ 185,031 milhões na primeira metade de 2022, num aumento de 45,8% (ou R$ 84,733 milhões a mais). O destaque nesta área ficou por conta de projetos de transporte rodoviário, onde os desembolsos saltaram quase 83,8%, de R$ 95,916 milhões para R$ 176,244 milhões (em torno de R$ 80,328 milhões a mais).
  • Embora os valores sejam proporcionalmente baixos e mesmo em termos absolutos, os recursos injetados no segmento de serviços de utilidade pública (água, esgoto e lixo) cresceram 71,6%, de apenas R$ 691,36 mil para R$ 1,186 milhão. Embora mais relevantes, os desembolsos para projetos de energia variaram apenas 5,6%, saindo de R$ 42,875 milhões para R$ 45,285 milhões.
  • Na agropecuária, registrou-se queda de 5,4% e desembolsos de R$ 410,283 milhões no semestre, frente a R$ 433,811 milhões no ano passado. As empresas do setor de comércio e serviços contrataram R$ 180,960 milhões nos seis primeiros meses deste ano, diante de R$ 126,906 milhões no ano passado, em alta de 42,6%. Mas os desembolsos para a indústria pouco se moveram, variando de R$ 313,926 milhões para R$ 314,220 milhões.
  • O principal responsável pelo baixo desempenho da indústria foi o segmento de combustíveis (no caso, biocombustíveis), que haviam contratado R$ 250,968 milhões no primeiro semestre de 2022, referentes a seis projetos na região de Quirinópolis, e viram os desembolsos desabarem para R$ 1,380 milhão em igual período deste ano, encolhendo 99,5%.
  • A perda naquela área foi compensada pelo aumento de nada menos do que 1.797% registrado pelos desembolsos na indústria de alimentos e bebidas devido à base muito achatada de comparação, saltando de R$ 14,049 milhões para R$ 266,46 milhões.