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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
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Consumo das famílias e investimentos “puxam” PIB no primeiro trimestre

A atividade econômica voltou a registar algum ânimo depois de um semestre de estagnação virtual, numa reação liderada principalmente pelos investimentos, depois de uma sequência de trimestres no vermelho, e pelo consumo das famílias. Neste último caso, turbinado pelas transferências de renda do governo para as faixas de mais baixa renda na população, pela política […]

A atividade econômica voltou a registar algum ânimo depois de um semestre de estagnação virtual, numa reação liderada principalmente pelos investimentos, depois de uma sequência de trimestres no vermelho, e pelo consumo das famílias. Neste último caso, turbinado pelas transferências de renda do governo para as faixas de mais baixa renda na população, pela política de valorização do salário mínimo, retomada mais recentemente, pelo pagamento de precatórios caloteados pelo governo anterior e pelo comportamento mais favorável do mercado de trabalho, com avanços para o emprego e para a massa salarial. Uma parcela mais modesta poderia ser associada à lenta e insuficiente redução dos juros, mas de efeitos duvidosos sobre a economia, diante de uma taxa básica real, descontada a inflação projetada, muito próxima de 7,0% ao ano e juros ao consumidor final estacionados em 53,0% ao ano, na média, no segmento de livre contratação de empréstimos e financiamentos. 

Os dados do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos pela economia, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como já se poderia antecipar, foram recebidos por analistas ligados ao mercado financeiro de forma alarmista, num jogo desavergonhado para pressionar o Banco Central (BC) a preservar a política de juros altos. O raciocínio, que tem ajudado a fomentar a ofensiva conservadora a favor de uma improvável “terceira via” na política, relaciona o crescimento ensaiado pelo PIB nos primeiros meses deste ano com futuras pressões inflacionárias, o que inevitavelmente obrigaria a autoridade monetária a desacelerar mais uma vez os cortes na taxa básica de juros e mesmo evitar de vez qualquer nova redução futura, o que condenaria a economia, no limite, a crescer muito pouco ou quase nada neste ano.

O falso risco

Se considerado o mesmo manual da teoria econômica clássica, para ficar no mesmo campo dos porta-vozes do mercado, o avanço do PIB no primeiro trimestre veio acompanhado de uma reação dos investimentos, o que corresponde a acrescentar maior capacidade de produção para o conjunto da economia. Vale dizer, o aumento do consumo ocorreu paralelamente a um incremento na capacidade de produção de bens e serviços, o que tenderia a neutralizar eventuais pressões sobre os preços, afastando o risco de uma recaída inflacionária, ainda que bastante improvável diante da tendência global de “desinflação”.

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