Déficit na balança comercial da indústria goiana salta quase 37%

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 16 de abril de 2024

A piora nos termos de troca nas relações comerciais de Goiás com o resto do mundo ao longo do primeiro trimestre deste ano veio embalada por um salto no déficit entre exportações e importações da indústria goiana de transformação. Na comparação com os valores acumulados nos primeiros três meses do ano passado, o déficit comercial do setor registrou alta de 36,62% ao crescer de US$ 101,342 milhões para US$ 138,453 milhões no mesmo trimestre deste ano. A alta veio de uma combinação de avanço tanto das exportações quanto das importações realizadas pela indústria, mas com incremento mais vigoroso para as compras externas, puxadas pelas importações de produtos farmacêuticos.

Na contramão da tendência geral, que apontou queda de 17,26% para as vendas externas goianas totais (O Hoje, 09/04/2024), a indústria aumentou suas exportações de alguma coisa acima de US$ 1,111 bilhão no primeiro trimestre de 2023 para US$ 1,204 bilhão em igual período deste ano, numa elevação de 8,33%. As importações do setor experimentaram crescimento de 10,7%, saindo de US$ 1,213 bilhão para quase US$ 1,343 bilhão. A indústria elevou sua dependência de produtos de base agropecuária na exportação e observou ainda uma concentração das importações nos segmentos de produtos e insumos farmacêuticos, caldeiras, máquinas e aparelhos mecânicos e veículos, tratores, suas peças e acessórios.

Todo o aumento das vendas industriais para fora do País deveu-se aos embarques de carne bovina congelada e resfriada, farelo de soja, açúcar e carnes de aves. Somados, aqueles produtos responderam por 67,91% das exportações totais da indústria, com vendas de US$ 817,754 milhões ao exterior entre janeiro e março deste ano, o que se compara com US$ 640,108 milhões nos mesmos três meses de 2023, quando a participação havia sido de 57,59%. A comparação entre esses dois valores mostra um crescimento de 27,75% (ou seja, US$ 177,646 milhões a mais diante de um acréscimo de US$ 92,677 milhões observado para as exportações totais da indústria). Mais claramente, isso significa que os demais segmentos do setor de transformação reduziram suas vendas externas em 18,03%, de US$ 471,305 milhões para US$ 386,336 milhões.

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Concentração

Apenas três grupos de produtos passaram a concentrar 68,08% das importações da indústria, sob liderança dos produtos farmacêuticos. Neste caso, as compras externas saltaram 41,52%, saindo de US$ 387,113 milhões para US$ 547,853 milhões, correspondendo a US$ 160,740 milhões a mais. Para comparar, as compras totais realizadas pela indústria goiana no mercado internacional apresentaram incremento de US$ 129,788 milhões. As compras externas de caldeiras, máquinas e aparelhos mecânicos avançaram de US$ 179,051 milhões para US$ 201,582 milhões, subindo 12,58%. As montadoras de veículos em operação no Estado importaram US$ 164,551 milhões no primeiro trimestre deste ano, diante de US$ 125,249 milhões no mesmo período de 2023, correspondendo a um crescimento de 31,38%. Para contrabalançar, os gastos com a importação de adubos despencaram 46,66% naquela mesma comparação, encolhendo de US$ 230,610 milhões para US$ 123,004 milhões.

Balanço

  • O Corredor Norte, sistema operado pela VLI e formado pela Estrada de Ferro Carajás e pelo tramo norte da Ferrovia Norte-Sul (FNS), respondeu por praticamente um terço de todas as cargas transportadas pela operadora no ano passado, quando a empresa atingiu novo recorde nos volumes movimentados, somando 43,8 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU). Os trechos da Norte-Sul e de Carajás, em conjunto, registraram a movimentação de 14,5 bilhões de TKU, em torno de 2,8% a mais do que as 14,1 bilhões de TKU transportadas em 2022.
  • Segundo dados da operadora, controlada pela Vale (29,6%), Brookfield (26,5%), Mitsui (20,0%), Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), com 15,9% de participação, e BNDESPar (8,0%), os volumes destinados ao terminal portuário de São Luís (MA) também foram os mais elevados desde que a operação foi iniciada, somando perto de 5,6 milhões de toneladas no ano passado frente a 5,4 milhões em 2022, num avanço de 3,7%. São Luís respondeu por 13,0% de toda a movimentação portuária operada pela VLI.
  • Ainda no ano passado, a companhia investiu R$ 200,0 milhões na aquisição de 168 novos vagões graneleiros destinados a reforçar a operação no trecho norte da FNS. Os equipamentos foram montados na planta de Hortolândia (SP) da Greenbrier Maxion.
  • Num investimento de R$ 400,0 milhões, em parceria com a Companhia Operadora Portuária do Itaqui (Copi), a VLI iniciou em 2023 a operação do corredor de fertilizantes desde o terminal integrador de Palmeirante (TO) até o porto maranhense, com capacidade para 1,5 milhão de toneladas por ano. Segundo expectativa da VLI, a entrada em funcionamento do corredor tende a estimular “uma grande transformação regional”, ao estimular a instalação de um polo industrial na região de influência do terminal de Palmeirante, “com possibilidade de arrendamento de terreno para players de fertilizantes, tradings de agronegócio e outros setores”.
  • Entre outras vantagens mencionadas pela VLI, a proximidade entre a operação ferroviária e a capacidade de armazenagem oferecida pelo terminal trará ganhos de eficiência para a operação, reduzindo custos. Ainda em 2023, lembra a empresa, Mosaic Fertilizantes e Ultracargo, empresa de soluções logísticas e de armazenagem de granéis líquidos do Grupo Ultra, anunciaram investimentos na região.
  • A multinacional norte-americana, sediada em Tampa, na Flórida, iniciou em janeiro deste ano as obras para instalação de uma unidade de mistura de fertilizantes em Palmeirante, num investimento de R$ 400,0 milhões. A planta, que deve começar a operar em 2025, deve alcançar sua capacidade máxima em 2028, atingindo 1,0 milhão de toneladas anuais. A Ultracargo começou em março deste ano a montagem de 13 tanques com capacidade final para 23,0 mil metros cúbicos de água e combustíveis, com operação prevista para 2025.