Coluna

Depois do tombo, pequenos negócios recebem 81,5% mais crédito em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 20 de agosto de 2020

Puxado
pelas pequenas, micro e médias empresas, os desembolsos
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em Goiás
cresceram fortemente no segundo trimestre do ano, diante de uma atuação mais
decisiva do banco de fomento como forma de oferecer alguma sustentação às
empresas durante a crise produzida pela escalada da Covid-19. Depois de
despencar 30,7% no primeiro semestre, sempre em relação ao mesmo período de
2019, o volume de recursos liberados pela instituição experimentou alta de
63,65% no trimestre seguinte, com salto de 81,48% nos desembolsos destinados a
empresas de menor porte.

Mesmo
neste caso, o desempenho deve ser considerado em relação ao comportamento
observado nos últimos anos. Entre 2013 e o ano passado, tomando os 12 meses de
cada ano, as empresas menores viram o crédito fornecido pelo BNDES murchar pela
metade, despencando de R$ 2,721 bilhões para R$ 1,178 bilhões (ou seja, uma
redução de 56,7% em valores não corrigidos com base na inflação).

Em
meio à pandemia, as pressões crescentes para uma participação mais efetiva da
instituição no mercado parecem ter surtido algum efeito, ainda que os valores
permaneçam muito inferiores àqueles registrados em 2018 e 2017, por exemplo,
mesmo em termos nominais (quer dizer, sem atualização dos valores com base na
inflação). Entre janeiro e março deste ano, os desembolsos haviam alcançado
apenas R$ 326,769 milhões, diante de R$ 471,677 milhões no primeiro trimestre
de 2019. No segundo trimestre, o banco emprestou R$ 441,281 milhões a empresas
goianas, o que se compara com R$ 269,649 milhões no acumulado entre abril e
junho de 2019.

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Nos
seis primeiros meses deste ano, portanto, os desembolsos somaram R$ 768,050
milhões, num leve crescimento de 3,6% em relação aos R$ 741,326 milhões
liberados na metade inicial do ano passado. Trata-se de uma recuperação muito
parcial frente aos tombos observados a partir de 2015 e ampliados nos anos
seguintes pela política de desmonte adotada nos governos Temer e o atual. Os
valores desembolsados no primeiro semestre deste ano, num exemplo,
representaram apenas dois terços dos recursos injetados no Estado na primeira
metade de 2017 (perto de R$ 1,129 bilhão). Nessa comparação, persiste uma
retração de 32,0% em números não corrigidos. Entre 2014 e 2019, os desembolsos
chegaram a desabar quase 70,0%, encolhendo de R$ 5,445 bilhões para R$ 1,649
bilhão, considerando os 12 meses de cada exercício.

Grandes encolhem

Neste
ano, o incremento vigoroso observado no segundo trimestre foi liderado por
micro, pequenas e médias empresas, que responderam por praticamente 91,0% do
total desembolsado pelo BNDES. A fatia dessas empresas havia sido de 82,0% em
igual período de 2019. Ainda em valores nominais, os pequenos negócios – mais
atingidos pela crise – receberam R$ 401,436 milhões entre abril e junho deste
ano, frente a R$ 221,196 milhões no mesmo intervalo de 2019, representando um
aumento de 81,48%. Na média de todo o Brasil, os desembolsos para este segmento
específico apresentaram variação de 47,8%, saindo de R$ 5,229 bilhões para R$
7,728 bilhões também no segundo trimestre.Em todo o primeiro semestre, de volta
a Goiás, pequenas, micro e médias empresas receberam R$ 679,295 milhões (88,44%
do total), saindo de R$ 552,207 milhões em 2019 (74,49% do total), em alta de
23,01%. As maiores empresas do Estado receberam R$ 88,755 milhões do banco no
primeiro semestre, o que significou uma redução de 53,07% em relação aos R$
189,119 milhões recebidos nos mesmos seis meses do ano passado.

Balanço

·  
Na
média do País, médias, pequenas e microempresas registraram elevação de 11,13%
nos desembolsos no primeiro semestre, passando de R$ 11,479 bilhões em 2019
(45,59% do total dos desembolsos do período) para R$ 12,757 bilhões neste ano
(49,01% do total).

·  
O
avanço dos desembolsos realizados pelo BNDES no primeiro semestre em Goiás
ficou muito próximo da variação anotada para todo o restante do País, num
incremento de 3,38%, saindo de R$ 25,177 bilhões para R$ 26,028 bilhões.

·  
As
consultas encaminhadas pelas empresas ao banco aumentaram em ritmo mais forte
no segundo trimestre deste ano, ao menos em Goiás. Como a instituição passou a
não divulgar o desempenho nos Estados por setor da economia, resta o dado
agregado, o que limita qualquer tipo de avaliação. O dado concreto, de qualquer
forma, corresponde um salto de 126,5% no valor das consultas feitas por empresas
goianas entre abril e junho deste ano, num total de R$ 607,281 milhões (R$
268,129 milhões no segundo trimestre de 2019).

·  
Em
todo o País, o incremento foi de 18,32%, com as consultas passando de R$ 19,254
bilhões para R$ 22,782 bilhões.

·  
Nos
seis primeiros meses, ainda em Goiás, as consultas totais atingiram R$ 1,115
bilhão, saindo de R$ 702,319 milhões em 2019, em alta de 58,83%. Desde 2017, no
entanto, considerando ainda o primeiro semestre, as consultas encolheram 23,3%,
baixando de R$ 1,455 bilhão naquele ano.

·  
Em
todo o Brasil, o valor das consultas subiu 34,96% no primeiro semestre deste
ano em relação ao mesmo período do ano passado, avançando de R$ 28,109 bilhões
para R$ 37,936 bilhões. Há um longo caminho ainda a recuperar, caso a tendência
se confirme nos próximos meses. O valor acumulado no primeiro semestre deste
ainda apresenta uma retração de 67,8% na comparação com a primeira metade de
2012, quando as consultas haviam alcançado R$ 117,757 bilhões em valores da
época.