Coluna Foco econômico
Economia perde ritmo no País e mostra algum ânimo no Estado
Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 15 de novembro de 2023Se a produção industrial e as vendas do comércio flutuaram modestamente em setembro, com alguma propensão à paralisia no curtíssimo prazo (ou “na margem”, como gostam economistas e analistas “sofisticados”), o setor de serviços mostrou resultados igualmente débeis no período, recuando pela segundo vez consecutiva na comparação mês a mês e anotando a primeira queda em relação a igual período do ano imediatamente anterior em 30 meses. O comportamento dos indicadores nacionais, na média, reforçou as previsões de algum recuo para o Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano, quando a influência da agropecuária tende a não ser tão relevante quanto na primeira metade do ano.
Para Goiás, os indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trazem algum alento quando comparados ao cenário do restante do País, muito provavelmente – até prova estatística em contrário – por conta da maior participação da agropecuária no PIB local. A produção industrial avançou em setembro, enquanto o setor varejista, nos conceitos restrito e amplo, anotou desempenho um pouco mais alentado do que a média brasileira. O setor de serviços, no entanto, registrou em setembro o pior resultado desde abril deste ano, numa queda de 4,5% frente a agosto e o quarto pior resultado entre os Estados acompanhados pelo instituto.
A atividade no setor não se sustentou depois de ter atingido em julho deste ano seu ponto máximo na série histórica do IBGE. Em apenas dois meses, o volume de serviços experimentou queda levemente superior a 7,4%. Os níveis alcançados em setembro equiparam-se àqueles observados na segunda metade de 2013 e no primeiro trimestre de 2015, na média. Mais uma vez, à exceção do resultado mensal, os demais números dos serviços em Goiás apontam resultados mais promissores do que a média brasileira ao longo do terceiro trimestre. Mais uma vez, a depender dos dados mais recentes da agropecuária, a possibilidade de algum resultado melhor para a economia goiana frente ao restante do País ainda não pode ser descartada, considerando os dados consolidados no PIB regional trimestral.
Abaixo da média
Os dados trimestrais médios do IBGE indicam desempenho mais positivo para a indústria, depois de um longo período de penitência e castigo, e para os serviços no terceiro trimestre deste ano. Neste último caso, sob influência mais relevante do comportamento observado em julho e agosto, já que setembro apontou números menos favoráveis, quando considerados idênticos períodos de 2022, com a variação mês sobre mês imediatamente anterior sugerindo a consolidação de uma tendência de desaceleração. O setor varejista continuava apresentando um comportamento inferior àqueles dois outros, embora com melhorias em relação aos trimestres anteriores. Os resultados do varejo goiano mantinham-se, de toda forma, abaixo do desempenho médio apresentado pelo setor em todo o País.
Balanço
- A produção industrial brasileira recuou 0,4% e 0,1% no primeiro e no segundo trimestres deste ano em relação aos mesmos períodos do ano passado, chegando um zero a zero no terceiro trimestre. Em Goiás, a produção reagiu à queda de 1,8% registrada no primeiro trimestre, avançando 1,8% no segundo. Graças principalmente à indústria de alimentos, a produção cresceu 6,2% no terceiro trimestre.
- O varejo restrito e ampliado, conceito que, como se sabe, inclui concessionárias de veículos e motos, lojas de autopeças e de materiais de construção, além do “atacarejo” de alimentos e bebidas, cresceu, na mesma ordem, 2,7% e 3,0% no terceiro trimestre deste ano na média do País. Aquelas taxas vieram na sequência de um trimestre fraco, com quase estagnação para varejo convencional (variação de 0,2% frente ao segundo trimestre do ano passado) e elevação de 1,8% para o volume de vendas no varejo ampliado.
- Em Goiás, o varejo restrito avançou 1,9% no terceiro trimestre, repondo a perda de 1,2% registrada no trimestre anterior. Mas o varejo ampliado, a despeito dos estímulos criados pelo governo para tentar dar sustentação ao setor de automóveis, praticamente não saiu do lugar no terceiro trimestre, numa variação inferior a 0,1% depois de ter caído 5,4% no segundo trimestre.
- Ainda que tenha perdido fôlego na passagem de julho para agosto e setembro, o setor de serviços em Goiás manteve-se acima dos resultados observados em idênticos períodos do ano passado, mas com desaceleração evidente em seu ritmo de crescimento. Comparado aos mesmos meses de 2022, o nível de atividade dos serviços havia crescido 9,4% e 10,1% em julho e agosto, passando a anotar variação de 3,9% em setembro.
- Na média brasileira, na série de dados com ajuste sazonal, excluídos fatores e eventos que ocorrem nas mesmas épocas a cada ano, os serviços saíram de uma redução de 1,3% em agosto, diante de julho, recuando 0,3% em setembro, com recuos de 0,7% e de 0,2% para os segmentos, respectivamente, de comunicações e informações e de transportes, atividades auxiliares e correios. Diante de igual mês do ano passado, o setor encolheu 1,2% em setembro, depois de avançar initerruptamente por 30 meses consecutivos. A sequência de dados positivos veio depois de um período de 12 meses de retração, entre março de 2020 e fevereiro de 2021, quando o setor chegou a encolher 8,6% por conta da pandemia.
- O crescimento acumulado no ano, que havia alcançado 4,6% entre janeiro a julho (comparado aos mesmos sete meses de 2022), murchou para 3,4% até setembro. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), “com bases de comparação mais altas, é possível que o setor esteja começando a refletir o quadro de relativa morosidade do mercado interno”. Em Goiás, também no dado acumulado, o crescimento havia saído de 7,6% em julho para 7,9% em agosto, voltando para 7,5% em setembro.
- A velocidade de crescimento mensal e no acumulado do ano até setembro, no caso goiano, tem sido sustentado pelos setores de comunicações e informações e de transportes, ambos com taxas de 11,2% na comparação entre os nove primeiros meses deste ano e o mesmo intervalo de 2022.