Equatorial Goiás reduz perdas em 46% no terceiro trimestre deste ano

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 16 de novembro de 2023

A redução dos gastos com a compra de energia para revenda, diante de custos médios por megawatt relativamente mais baixos do que no ano passado, e a queda nos custos de operação e construção, entre outros fatores, contribuíram para que a Equatorial Goiás Distribuidora de Energia conseguisse reduzir as perdas realizadas no terceiro trimestre deste ano em 46,08% na comparação com o mesmo período de 2022. Mas a melhora apenas relativa não teve efeitos mais evidentes sobre a qualidade do serviço prestado, que continua a desejar quando se consideram os indicadores de frequência e duração dos períodos de interrupção no fornecimento de energia informados pela própria operadora.Um dos principais gargalos na operação, os indicadores de duração (DEC) e de frequência (FEC) na falta de energia votaram a crescer. No primeiro caso, o DEC havia mesmo sido reduzido de 20,8 para 19,9 entre o terceiro trimestre de 2022 e o segundo trimestre deste ano, mas foi elevado para 20,4 no terceiro trimestre, ou quase 77,4% acima do valor de referência firmado no contrato de concessão (11,5). O FEC avançou de 9,4 para 10,3 entre o terceiro trimestre do ano passado e o segundo deste ano, chegando a 10,6 no terceiro trimestre, o que se compara com 7,8 no compromisso assumido pela distribuidora.A conta de resultados da companhia anotou prejuízo líquido de R$ 78,696 milhões entre julho e setembro deste ano, diante de perdas ao redor de R$ 145,948 milhões no ano passado, quando a distribuidora ainda estava sob o controle da italiana Enel. No acumulado do ano, considerando os três primeiros trimestres, o prejuízo ainda apresenta crescimento vigoroso, saltando de R$ 316,972 milhões no ano passado para R$ 561,492 milhões, num aumento de 77,14% – ou seja, R$ 244,520 milhões a mais. A piora na última linha da conta de resultados concentrou-se especialmente no segundo trimestre deste ano, quando a empresa anotou um resultado líquido negativo de R$ 422,672 milhões (75,28% do prejuízo total acumulado até setembro). Comparado ao mesmo trimestre do ano passado, o prejuízo havia aumentado 254,02%.Em parte, o resultado negativo derivou de uma tendência de redução de receitas ao longo do ano. Mas os dados das demonstrações financeiras da distribuidora goiana mostram ainda uma elevação vigorosa das despesas operacionais, motivada em boa medida pelo aumento de provisões e baixas de recursos, indenizações, depreciação e amortizações. Se a conta financeira pesou menos no terceiro trimestre, o resultado nesta área encerrou os nove primeiros anos com deterioração expressiva, indicando um avanço mais vigoroso nos dois primeiros trimestres.Tendência revertidaA receita operacional líquida entrou em queda no terceiro trimestre, saindo de R$ 2,360 bilhões para R$ 2,158 bilhões, numa redução de 8,56%, sinalizando perdas de R$ 202,106 milhões – mais do que toda a perda acumulada em nove meses. O comportamento se explica em função do avanço anotado no primeiro semestre, ainda que modesto. As receitas entre janeiro e junho deste ano haviam somado R$ 4,427 bilhões frente a R$ 4,363 bilhões no primeiro semestre do ano passado, indicando variação nominal de 1,46%. A partir dali, a receita líquida passou a indicar queda, acumulando em três trimestres um recuo de 2,06% diante dos primeiros nove meses do ano passado, baixando de R$ 6,274 bilhões, em valores aproximados, para R$ 6,585 bilhões, praticamente R$ 138,472 milhões a menos.Balanço

  • A queda de receitas teria sido compensada com folga pela redução mais do que proporcional das despesas com a compra de energia para revenda e custos de operação e construção. Somados, aqueles custos chegaram a cair R$ 762,025 milhões, encolhendo de R$ 6,175 bilhões para R$ 5,413 bilhões, em baixa de 12,34%. Em torno de 60,13% daquela redução ocorreram apenas no terceiro trimestre, quando aqueles custos tombaram 21,37% (de R$ 2,144 bilhões para R$ 1,686 bilhão, numa redução ao redor de R$ 458,236 milhões).Apenas a compra de energia sofreu baixa de 12,05% na comparação entre janeiro a setembro deste ano e os mesmos nove meses de 2022, caindo de alguma coisa abaixo de R$ 3,549 bilhões para menos de R$ 3,121 bilhões (quer dizer, um corte de R$ 427,898 milhões). O menor gasto nesta área esteve associado a uma redução média de 18,01% no custo de cada gigawatt adquirido, numa estimativa da coluna com base nos dados das notas explicativas que acompanham o balanço da Equatorial Goiás. Afinal, o volume de energia comprada cresceu 7,26% no acumulado até setembro deste ano frente ao mesmo intervalo de 2022, avançando de 10.027 gigawatts/hora para 10.755 GWh.Embora o resultado bruto tenha mais do que dobrado, saltando de R$ 548,779 milhões para R$ 1,172 bilhão no acumulado dos três trimestres iniciais de 2022 e de 2023, respectivamente, o aumento nas despesas operacionais e a piora no resultado financeiro determinaram o resultado líquido ainda no vermelho. Pela ordem, as despesas operacionais subiram de R$ 312,463 milhões para R$ 836,318 milhões, disparando 167,65% (R$ 523,855 milhões a mais).Perto de 56,2% daquele salto estiveram relacionados aos aumentos de 17,58% na conta de depreciação e amortização, que avançou de R$ 313,201 milhões para R$ 368,260 milhões (mais R$ 55,059 milhões), e sobretudo à escalada no volume de recursos destinados a fazer frente a baixas por desativação de bens e direitos, provisões diversas e indenizações. Considerados em conjunto, aqueles itens consumiram R$ 431,210 milhões, frente a R$ 191,757 milhões entre janeiro e setembro do ano passado, num salto de 124,87% (mais R$ 239,453 milhões).Numa aproximação feita pela coluna, novamente com base nos dados do balanço da distribuidora, o investimento em ativos fixos teria avançado 23,7% no acumulado até setembro, passando de R$ 1,443 bilhões para R$ 1,784 bilhões. Mas teria ocorrido recuo de 5,0% no terceiro trimestre, com o investimento saindo de R$ 427,4 milhões em 2022, nos números informados pela Enel, para R$ 406,0 milhões neste ano.A amortização de R$ 6,497 bilhões do principal da dívida da companhia até setembro, quase 1.009% a mais do que o valor amortizado em 2022 (R$ 585,987 milhões), teve impacto sobre o passivo circulante (dívidas e compromissos a vencer em 12 meses), reduzindo o passivo a descoberto nesta área de R$ 6,223 bilhões até dezembro do ano passado para R$ 798,403 milhões em setembro deste ano, num tombo de 87,17%.