Terça-feira, 19 de março de 2024

Empresas do agro incorporam mais inteligência em produtos e processos

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 21 de maio de 2022

As empresas mais bem posicionadas numa relação que inclui as melhores políticas de inovação caminham para agregar maior inteligência em processos, produtos e serviços oferecidos ao campo. A Cargill Nutrição Animal, dona da marca Nutron, concentra sua atuação principalmente no desenvolvimento de ferramentas para que produtores possam tomar “decisões melhores, mais rápidas e mais informadas”, afirma Leonardo Gondim, diretor de marketing e tecnologia Latam South da empresa.

Diante do volume de dados atualmente à disposição desses produtores, prossegue Gondim, pode ser um desafio obter insights que permitam direcionar corretamente as ações a campo. Por isso, as ferramentas digitais desenvolvidas globalmente pela companhia “ajudam os agricultores a compreender e interpretar os dados para melhorar a saúde animal e a produtividade, dando a eles uma vantagem de mercado”.

Entre outras soluções inovadoras, relembra Gondim, ainda em 2019, a Cargill Nutrição Animal colocou no mercado a Nutron Layers, destinado à avicultura, mais precisamente ao segmento de postura. O produto incorpora programas nutricionais, combinados com análise de dados, serviços de saúde e software para auxiliar na tomada de decisões. A linha de produtos para o setor de suínos foi reforçada pela renovação do sistema Utmost, utilizado na definição de modelos mais precisos no suprimento de nutrientes aos animais, com maior impacto na fase de terminação. Ainda no mesmo setor, adianta Gondim, por meio da plataforma Porkmax, as equipes técnicas da companhia conseguem personalizar programas nutricionais “para atingir a lucratividade ideal para o produtor”.

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Para a pecuária leiteira, a companhia lançou as linhas NutronMilk, de núcleos para vacas em lactação, com novos aditivos, e ainda o Reveal, aparelho portátil que permite a análise em tempo real de matéria seca usada na ração e que pode ser aplicado também na pecuária de corte, oferecendo diagnósticos instantâneos aos produtores. “Também trouxemos para o Brasil o Dairy Enteligen, uma plataforma de gerenciamento de dados para a pecuária leiteira já utilizada no Canadá, EUA, Itália, entre outros”, acrescenta ele.

Pesquisa reforçada

A pandemia não alterou os planos de investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação da empresa, que não só manteve integralmente o orçamento já definido como decidiu reforçar o setor, sustenta Gondim. A empresa inaugurou novo centro de pesquisas em suinocultura no interior de Minas Gerais. Parte dos investimentos foi direcionada para ferramentas e soluções de suporte ao cliente de forma remota. A Cargill Nutrição Animal investiu ainda na ampliação do centro de pesquisa em Mogi Mirim, dedicado a ruminantes, assim como expandiu sua capacidade de pesquisa por meio de parcerias com universidades e clientes.

Balanço

  • “O setor de fabricação de agroquímicos está em processo de migração para uma indústria que vai combinar informações e produtos químicos”, antecipa Roberson Sterza Marczak, gerente de inovação da Adama Brasil, que já adota tecnologia digital como um de seus pilares. Segundo ele, a empresa entendeu há mais de uma década que a agricultura do futuro envolverá a consolidação de uma indústria que passará a fornecer não apenas produtos químicos, mas também serviços e especialmente serviços digitais.
  • Conforme Marczak, a estratégia para a área de inovação baseia-se num tripé que contempla investimentos, governança e “uma política de seleção e avaliação de projetos, para que as ideias não fiquem perdidas pelos corredores”. Presente em mais de uma centena de países, a Adama mantém seu polo de desenvolvimento agrodigital no Brasil. Mais recentemente, a empresa trabalhou no projeto de desenvolvimento de um sistema de pulverização aérea – o Amada Air – que praticamente elimina a deriva de defensivos e, portanto, a perda do insumo.
  • Paralelamente, investiu no fortalecimento de sua rede de estações meteorológicas, agregando novas funcionalidades. “Incluímos algumas funções a mais, como sensores de radiação solar, medição de graus-dia, soma de temperaturas diárias. O que diferencia nossa estação, no entanto, é a possibilidade de o produtor acessar dados históricos sobre a propriedade, o que permite a tomada de decisões com base em informações concretas”, detalha Marczak.
  • O aplicativo Adama Pastagem, para monitoramento de pragas, oferece a possibilidade de gerar relatórios específicos. “O produtor envia esse relatório pelo celular para um consultor, que pode encaminhar a recomendação para um agrônomo gerar a prescrição para aplicação do defensivo. O próximo passo será conseguir, nas secretarias estaduais de Agricultura, a validação da prescrição via aplicativo”, acrescenta. A Adama Brasil mantém a destinação de uma fatia entre 1,2% a 1,4% de seu faturamento para o setor de inovação durante a pandemia.
  • Com investimentos globais ao redor de € 2,3 bilhões, a Bayer lançou no País a plataforma Intacta 2 Xtend, que corresponderá à terceira geração de soja transgênica, com previsão de novos ganhos de produtividade para a cultura. Resistente a herbicidas como o Dicamba, o novo produto amplia a proteção da lavoura contra lagartas.
  • Num sistema de inovação aberta e colaborativa, a Iniciativa Carbono Bayer, em parceria com a Embrapa, pretende desenvolver um modelo para mensuração de captura de carbono, sistema essencial para que o setor consiga desenvolver esse mercado e passe a ser remunerado adequadamente pela prestação de serviços ambientais, no caso, pela mitigação de emissões de gases do efeito estufa.