Formais contribuem com um quinto dos empregos criados no trimestre

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 01 de setembro de 2023

Numa aproximação do que poderia ser considerado como ocupação formal, a categoria foi responsável por pouco mais de um quinto dos novos empregos gerados pela economia ao longo do trimestre finalizado em julho deste ano, de acordo com dados produzidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa, trabalhada pela coluna, indica que o total de pessoas ocupadas com registro em carteira ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), no caso de empregadores e trabalhadores por conta própria, anotou variação levemente inferior a 0,5% entre o trimestre encerrado em abril deste ano e o trimestre móvel seguinte, saindo de 57,034 milhões para 57,301 milhões, significando a geração de 267,0 mil empregos novos.

O total de pessoas ocupadas voltou a crescer, depois de dois trimestres de certa estagnação ou mesmo recuo, avançando de 98,031 milhões para 99,334 milhões na mesma comparação, o que correspondeu à abertura de 1,303 milhão de vagas, numa variação de 1,3%. Observando o curtíssimo prazo, esse avanço foi largamente determinado pelo aumento no número de trabalhadores informais, quando se consideram os critérios definidos pelo IBGE para estimar aquele contingente, incluindo trabalhadores sem carteira no setor privado, trabalhadores domésticos igualmente sem registro formal, empregadores e trabalhadores por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares – mas deixam de fora empregados do setor público sem carteira.

Outros sem carteira

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Nas projeções do instituto, portanto, o total de ocupações informais aumentou 2,1% entre o trimestre fevereiro a abril e os três meses encerrados em julho deste ano, passando de 38,089 milhões para 38,886 milhões, com a informalidade gerando 793,0 mil empregos a mais, o que correspondeu a 60,86% do número total de novas ocupações criadas naquele período. A soma de “formais” e informais”, como se pode constatar, não corresponde ao total de ocupações registradas a cada trimestre, exatamente porque faltam aqui os empregados sem carteira no setor público, que somaram 3,151 milhões no trimestre maio a julho deste ano. Comparado ao trimestre imediatamente anterior, quando haviam atingido 2,908 milhões, a pesquisa registra um salto de 8,3%, com 243 mil novos empregos sem carteira na esfera pública, o que representou 78,1% do incremento observado para o total de ocupações geradas pela administração pública em todos os níveis da federação.

Balanço

  • A participação dos trabalhadores sem carteira no total de empregados no setor público, que havia alcançado 23,7% em maio-julho do ano passado, subiu para 24,3% no trimestre fevereiro-abril deste ano e chegou a 25,7% no trimestre encerrado em julho deste ano.
  • A taxa de desocupação no trimestre maio-julho deste ano, próxima de 7,9%, recuou 0,6 pontos percentuais em relação a 8,5% registrados no trimestre anterior e 1,2 pontos frente a 9,1% no trimestre maio-julho do ano passado. Segundo o IBGE, foi a mais baixa desde o trimestre finalizado em fevereiro de 2015, quando a taxa de desemprego havia sido de 7,5%. O número total de desocupados caiu 6,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior, baixando de 9,095 milhões para 8,522 milhões, numa redução equivalente a 573,0 mil. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o total de desempregados caiu 13,8%, com 1,360 milhão de desocupados a menos (considerando que, no trimestre maio-julho de 2022, a pesquisa registrava 9,882 milhões de trabalhadores em emprego).
  • Na comparação anual, o número de ocupados variou modestamente, crescendo 0,7% no período de 12 meses, lembrando que a economia havia gerado 98,666 milhões de ocupações no trimestre maio-julho de 2022. Para relembrar, o número de ocupados havia aumentado 8,8% naquele trimestre, quando comparado a maio-julho de 2021.
  • Entre os principais setores de atividade, o destaque em ambas comparações vai para os segmentos de administração pública, defesa, seguridade social, educação saúde e serviços sociais, todas agrupadas pelo IBGE dentro de um mesmo grupo e de alguma forma relacionadas a atividades de caráter público. Nesta área, o total de ocupados avançou de 17,290 milhões em maio-julho de 2022 para 17,995 milhões em igual período deste ano, com abertura de 706,0 mil vagas – o que significa dizer que todos os demais setores da economia, em conjunto, demitiram 30,0 mil trabalhadores.
  • O rendimento médio real chegou a R$ 2.935 em maio-julho deste ano, variando 0,6% frente ao trimestre anterior e 5,1% em relação a igual trimestre do ano passado. Na série estatística da PNADC, foi o melhor resultado desde o trimestre março-maio de 2021, quando o rendimento médio havia sido de R$ 2.945. Na comparação com o valor mais elevado da série histórica, iniciada em 2012, permanece uma redução de 6,4%, considerando o recorde de R$ 3.135 anotado então.
  • A massa de rendimentos reais atingiu o maior valor da série, somando R$ 286,872 bilhões no trimestre maio-julho deste ano, o que correspondeu a um crescimento de 2,0% em relação ao trimestre anterior (mais R$ 5,668 bilhões) e a uma alta de 6,2% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado (mais R$ 16,661 bilhões).