Indicador do BC sugere alta de 3,7% para PIB goiano em 2021

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 23 de fevereiro de 2022

A reabertura gradual das atividades econômicas, com revisão das medidas de distanciamento social, favoreceu principalmente o setor de serviços e esse fator, na avaliação do Banco Central, que ontem divulgou mais uma versão de seu boletim regional, estaria por trás da elevação do Índice de AtividadeEconômica Regional (IBCR) em todas as cinco regiões e em todos os Estados brasileiros no ano passado. O indicador calculado regularmente pelo BC antecipa de certa forma o que deveria ter sido o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) regional ao longo do ano passado. Em Goiás, a estimativa do BCsugere um avanço de 3,7% para o IBCR local em 2021, saindo de queda de 1,0% em 2020.

O desempenho goiano ficou aquém dos resultados médios estimados pelo BC para o conjunto da economia brasileira, que teria avançado no ano passado a um ritmo anual de 4,50%. No ano anterior, de toda forma, Goiás havia se desempenhado melhor, diante da queda de 3,9% registrada pelo PIB brasileiro como um todo, agora de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Trimestre a trimestre, no entanto, quatro das cinco regiões mostraram perda de ritmo na economia enquanto 2021 caminha para o fim. A exceção ficou por conta do Centro-Oeste, que ainda demonstrou algum fôlego no trimestre final do ano, refletindo “cenário de conjuntura favorável ao agronegócio e às exportações, em particular devido aos elevados preços de commodities produzidas na região, com transbordamento para outras atividades, como construção, transportes e outros serviços”, na descrição do BC.

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No quarto trimestre, o IBCR avançou 0,9% no centro-Oeste, com destaque para a produção de alimentos, “que responde por cerca de 50% do Valor da Transformação Industrial (VTI) da região”, ainda na leitura do BC. A economia na região veio de recuo de 0,3% no primeiro trimestre, alta de 2,9% no segundo e virtual estagnação no terceiro, com variação de apenas 0,1% em relação ao mesmo trimestre de 2020. Na média das demais regiões, as tendências seguiram caminhos diversos daqueles esboçados pela maior região produtora de grãos do País.

Perdas no fim do ano

No Sudeste, por exemplo, as taxas observadas pelo BC partiram de alta de 0,7% no primeiro trimestre, com variações de 0,3% tanto no segundo quanto no terceiro trimestres e queda de 0,4% no último quarto do ano passado. A economia na região, com larga contribuição paulista, responde por algo em torno de 31,8% do indicador de atividade do BC. A economia do Sul conseguiu crescer de forma menos contida apenas nos três primeiros meses do ano, quando chegou a avançar 1,0%, seguido de um segundo trimestre muito fraco (elevação de 0,2%). Nos dois trimestres seguintes, o indicador ficou no “empate”, alternando queda de 0,3% e variação de 0,3% no terceiro e quatro trimestres respectivamente.

Balanço

  • A região Norte registrou a menor variação, mas ainda conseguiu retomar aos níveis anteriores à pandemia, já que teria sofrido perdas menos substanciais durante 2020, quando o indicador do BC havia apontado recuo de 0,6%. No ano seguintes, a estimativa da instituição aponta elevação de 2,9%.
  • O desempenho no Norte do País esteve longe de ser brilhante e os dados trimestrais não parecem dar sustentação à projeção final anotada pelo BC. Isso porque, nos dados do mesmo BC, a economia abriu o ano com baixa de 1,1%, prejudicada pelo fim do auxílio emergencial e do agravamento da pandemia, mas se recompôs no segundo trimestre, com avanço de 1,8%. Não houve crescimento no terceiro trimestre e registrou-se queda de 1,0% no quarto e último trimestre.
  • Como exceção, o Nordeste foi a única região a não conseguir repor as perdas de 2020, ficando com o IBCR, portanto, abaixo ainda dos níveis de 2019. A região havia sofrido perdas de 3,5% em 2020 e registrou avanço de 3,0% em 2021, sempre de acordo com o BC. O indicador registrou altos e baixos nos dois primeiros trimestres de 2021, com modesta elevação de 0,2% no primeiro e recuo também de 0,2% no segundo. O terceiro e o quatro trimestres mostraram variações de 0,4% e de 0,3%, pela ordem, indicadores de fato insuficientes para assegurar qualquer pretensão mais ambiciosa para a economia da região.
  • As projeções do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB) para Goiás, no entanto, contradizem os números do BC, especialmente para 2020. Ao invés de uma queda de 1,0% anotada pela autoridade monetária, o instituto chegou a estimar, inicialmente, variação positiva de 1,0%, revisada mais recentemente para um incremento na faixa de 1,1%.
  • Considerando-se a massa de rendimentos do trabalho, resultado da multiplicação dos rendimentos reais médios recebidos pelos trabalhadores pelo total de pessoas ocupadas com rendimentos, ainda nos cálculos do BC, apenas na região Norte foi possível retomar níveis anteriores à pandemia, com perdas ainda persistindo nas demais regiões. O BC toma emprestado dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC) e compara os resultados do terceiro trimestre de 2021 com igual trimestre de 2019.
  • Na média brasileira, a massa ainda encolhia 6,1% até o terceiro trimestre do ano passado, com perdas, pela ordem, de 7,5% e de 7,3% no Nordeste e no Sudeste, quedas de 5,3% e 3,8% no Sul e no Centro-Oeste e elevação de 2,4% no Norte. Neste último caso, o maior impacto veio de um avanço de 3,6% na população ocupada, mantendo-se as mesmas bases para comparação, diante de queda de 1,8% em todo o País e baixas de 2,9%, de 2,5%, de 1,5% e de 0,8% nas regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul, respectivamente.