Indústria derrapa em Goiás e perde 6,2% desde dezembro

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 09 de novembro de 2022

Arrastada pelo tombo na produção de veículos e de adubos e fertilizantes, a indústria goiana voltou ao vermelho em setembro, recuando 0,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. Na comparação com agosto, a produção industrial sofreu baixa de 2,9% no pior resultado desde janeiro deste ano, quando o setor havia desabado 6,0% frente a dezembro, na série com ajustes sazonais – quer dizer, depois de descontados fatores e efemérides que ocorrem sempre numa mesma época do ano e que acabam distorcendo a comparação mês a mês.

Na mesma sequência, a produção havia anotado elevação de 1,6% na saída de julho para agosto, no dado revisado agora pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa regional da produção industrial. Inicialmente, o instituto chegou a indicar um crescimento de 1,8% para agosto, depois de dois meses de queda. O baixo dinamismo da indústria goiana está refletido na série mais recente de dados, segundo os quais o setor esteve em baixa ao longo de seis entre os nove meses iniciais deste ano.

Como resultado dessas oscilações, a indústria chegou a setembro deste ano com perdas de praticamente 6,2% em relação a dezembro do ano passado. Mais claramente, a despeito dos resultados positivos anotados ao longo do ano, a indústria não apenas entrou em paralisia virtual, mas sofreu retração a ponto de não conseguir recuperar níveis de produção registrados antes da pandemia e em outros momentos de maior vigor produtivo. Para reforçar o argumento, a produção realizada em setembro de 2022 ficou 5,8% abaixo dos volumes produzidos pela indústria goiana em fevereiro de 2020. Na comparação com outubro de 2019, quando havia registrado seu melhor desempenho em toda a série histórica da pesquisa, a produção encolheu 10,7%.

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Na pesquisa industrial por regiões, o IBGE só publica dados dessazonalizados para o conjunto das indústrias locais, sem detalhar o comportamento dos diversos ramos acompanhados mensalmente em cada Estado. Nas comparações com idênticos períodos do ano anterior, é possível ter um detalhamento maior e os números apontam influência mais negativa nas indústrias de “outros produtos químicos” (basicamente adubos e fertilizantes) e de veículos, reboques e carrocerias, que haviam apresentado taxas de crescimento mais vigorosas em setembro do ano passado. No extremo oposto, tomando o mesmo mês, a contribuição mais positiva veio de segmentos que haviam apresentado números bastante negativos em igual período de 2021. Tudo considerado, observa-se um certo padrão no comportamento dos diversos setores da indústria goiana, com números mais positivos ocorrendo quase sempre em relação a períodos e depressão ou de perdas severas, reforçando a hipótese de perda de dinamismo para o conjunto do setor industrial.

Balanço

  • Comparando setembro deste ano com idêntico mês de 2021, as altas mais destacadas ficaram por conta dos setores de fabricação de produtos de metal e da metalurgia, que observaram saltos de 62,8% e de 10,7% respectivamente, seguidos de uma variação de 6,0% na produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis. No caso de Goiás, onde não se registra a presença de indústrias de derivados, o dado revela muito mais o comportamento do setor de produção de etanol e biodiesel.
  • Parte do aumento vigoroso no segmento de produtos de metal pode ser explicada em função do tombo de 41,7% experimentado nesta área na comparação entre setembro de 2021 e igual mês de 2020. Da mesma forma, a metalurgia havia registrado baixa de 22,9% naquela mesma comparação. Já a produção de biocombustíveis chegou a apresentar redução de 5,1%. Portanto, os “saltos” observados neste ano deram-se sobre bases muito achatadas, sem garantias de que aqueles setores caminhem rumo a uma retomada sustentada.
  • De toda forma, o avanço da produção de biocombustíveis, puxado mais especificamente pelas usinas de etanol, ajudou a evitar que a indústria mergulhasse em queda mais profunda em setembro, com a contribuição ainda do setor de produtos alimentícios, que apresentou elevação de 1,8%. Na mesma linha, a indústria de alimentos havia anotado uma retração de 14,0% na comparação entre setembro de 2021 e o mesmo período de 2020.
  • Somadas, as indústrias de biocombustíveis e de alimentos apresentaram um crescimento de aproximadamente 2,2%. Mas o avanço foi mais do que compensado pela redução de quase 3,5% na produção de “outros químicos” e de veículos. Excluídos os setores com taxas mais expressivas de alta e de queda, respectivamente, produtos de metal e veículos, os demais setores cresceram em torno de 1,5% em setembro, comparado ao mesmo mês do ano passado.
  • No acumulado entre janeiro e setembro, a indústria alcançou uma variação de 1,4% em relação aos mesmos nove meses do ano passado, o que se compara com a redução de 1,1% observada para a indústria em todo o País em igual intervalo. O crescimento em Goiás ficou concentrado, novamente, nos setores de biocombustíveis e de alimentos, que avançaram 4,5% e 1,2%. Para registro, o aumento na produção de álcool etílico respondeu por 59,3% do incremento registrado pela indústria goiana como um todo, com a contribuição do setor de alimentos alcançando 45,0%. Claramente, com a exclusão daqueles dois segmentos, os demais setores teriam apresentado crescimento praticamente nulo.