Indústria goiana quebra recorde ao crescer 16,6% em novembro

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 13 de janeiro de 2024

O volume da produção realizada pela indústria goiana em novembro do ano passado alcançou o seu nível mais elevado em toda a série de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já dessazonalizados – ou seja, depois de desconsiderados aqueles fatores que ocorrem sempre nos mesmos períodos a cada ano e que poderiam distorcer a comparação. O recorde veio sustentado principalmente pela fabricação de produtos alimentícios, setor favorecido também pelo avanço das exportações ao longo de 2023, e pela escalada aparentemente impressionante da produção de artigos do vestuário – um segmento que havia mergulhado em aparente depressão nos meses anteriores, com perdas severas na produção, apresentando nítidas dificuldades para engrenar alguma reação.

Os dados dessazonalizados mostram que a produção em toda a indústria estadual avançou 3,3% na saída de outubro para novembro, no sétimo resultado positivo nesse tipo de comparação. Entre abril e novembro, a produção chegou a crescer 14,3%. Considerando idênticos períodos do ano anterior, a produção anotou salto de 16,6% em novembro, terceiro melhor resultado entre os Estados acompanhados pelo IBGE. A produção industrial vem crescendo, nesse tipo de comparação, desde maio, alcançando, portanto, o sétimo avanço mensal consecutivo.

O resultado acumulado nos 11 meses iniciais de 2023 passou a indicar um incremento de 4,9% diante de idêntico intervalo de 2022, enquanto o restante da indústria brasileira continuava a enfrentar uma estagnação, numa variação de apenas 0,1% no dado acumulado até novembro. A estrutura da indústria goiana e o perfil de sua produção, concentrada em bens de origem agropecuária e de baixa complexidade e intensidade tecnológica, explicam os resultados mais alentados, num ano de produção agrícola histórica.

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Alimentos e metais

Apenas para registro, a contribuição da indústria de bens alimentícios para o crescimento da produção total do setor industrial em Goiás superou levemente a marca de 46,0% em novembro, quando o setor anotou elevação de 17,8% frente ao mesmo mês de 2022, e atingiu algo próximo a 74,1% no acumulado dos primeiros 11 meses do ano passado, refletindo um avanço de 8,5% na fabricação de produtos alimentícios. Ainda para comparação, os demais setores da indústria, excluindo-se o setor de alimentos, acumularam um avanço de 1,27% entre janeiro e novembro do ano passado, comparado aos mesmos 11 meses de 2022. A metalurgia, com a contribuição da produção de ligas de ferroníquel e de ferronióbio, chegou a tropeçar em novembro, em baixa de 2,4%, mas encerrou o período de 11 meses em alta de 18,4%, respondendo por pouco mais de um quinto do crescimento da indústria como um todo.

Balanço

  • A melhora nos indicadores industriais em Goiás ganhou fôlego maior a partir do terceiro trimestre. Nos dois primeiros trimestres de 2023, a produção ficou praticamente num empate, recuando 1,8% no primeiro e avançando 1,8% no segundo. No trimestre seguinte, comparado aos mesmos três meses de 2022, a produção avançou 6,4%. Mas no bimestre outubro-novembro, considerados aqueles dois meses em conjunto, a indústria experimentou salto de 15,0%. Para comparar, na média de todo o País, a produção avançou apenas 1,2% no mesmo bimestre, saindo de um crescimento nulo no terceiro trimestre.
  • Os registros do IBGE, consolidados em sua pesquisa mensal sobe a produção industrial regional, apontam como principais destaques no setor de alimentos os avanços na produção de carnes de bovino, frescas ou refrigeradas, de aves, igualmente frescas e refrigeradas, mas também congeladas, incluindo miudezas, leite condensado e açúcar.
  • Ao longo do ano passado, num reforço ao desempenho daqueles setores, as exportações de carne bovina chegaram a crescer 23,3% em volume, de 240,50 mil em 2022 para 296,54 mil toneladas. As vendas externas de carnes de aves avançaram 21,5% entre os dois períodos, passando de 194,95 mil para 236,83 mil toneladas. Os embarques de açúcar saltaram 42,1%, saindo de 847,34 mil para 1,204 milhão de toneladas.
  • No setor de confecções, a produção registrou um salto de nada menos do que 426,9%, puxado pelos segmentos dedicados à fabricação de camisas, camisetas, calças e bermudas, masculinas e femininas. Aparentemente, trata-se de um ponto fora da curva, uma forte recomposição em comparação com meses muito ruins para o setor, que chegou a encolher quase 80% em apenas dois meses, entre setembro e outubro, num dado não dessazonalizado.
  • O resultado foi de toda forma relevante e elevou a contribuição do setor de vestuário para o crescimento da produção industrial como um todo para 23,4% em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2022. Para se ter uma dimensão do tamanho da crise instalada na indústria goiana de confecções, embora a produção tenha quintuplicado em relação a novembro de 2022, no acumulado dos primeiros 11 meses de 2023, o setor ainda acumulava perdas de 11,6%.
  • Três outros setores desempenharam papel relevante ao longo do ano passado. A indústria de produtos químicos, que avançou 22,2% em novembro, com ganhos de 10,2% entre janeiro e novembro de 2023, foi favorecida pelo aumento na produção de fertilizantes, sabão, detergentes e outros produtos de higiene e limpeza.
  • O setor de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, especialmente por conta da produção de etanol e biodiesel, registrou alta de 17,5% em novembro, mas fechou os primeiros 11 meses do ano passado com variação de somente 0,2%. Conforme números da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção somada de biodiesel e etanol saltou 38,3% em novembro do ano passado, de 364,23 milhões para 503,60 milhões de litros. Em 11 meses, o Estado produziu 6,105 bilhões de litros em 2022, volume elevado em 4,58% no mesmo período do ano seguinte, para 6,384 bilhões de litros (lembrando que o etanol respondeu por 82,5% daquele total).
  • A indústria de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, sob influência dos medicamentos, avançou 5,9% em novembro e 2,9% em 11 meses, mas com participação menos intensa na formação do resultado geral da indústria.