Coluna

Instituto de Finanças Internacional vê economia mundial ainda “saudável”

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 09 de julho de 2019

O
crescimento da economia mundial mantém-se “saudável” e a retração recente nos
indicadores de confiança no setor industrial em todo o mundo deveria ser vista
como “parte dos altos e baixos” normalmente registrados em todo “ciclo
econômico global”, e não como uma tendência mais séria de desaceleração no
ritmo de avanço das economias ao redor do mundo, como resultado do aumento de
“tensões comerciais”. A anotação está no boletim divulgado ontem pelo Instituto
de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), onde o trio de
economistas Sergi Lanau, Gene Ma e Greg Basile, do IIF, analisa as perspectivas
econômicas para a China, centro das atenções mundiais especialmente depois do
início do que se tem classificado como “guerra comercial” com os Estados Unidos,
na escalada protecionista e antiglobalização detonada pelo presidente Donald
Trump.

“Nossa
leitura dos dados chineses enquadra-se nessa narrativa”, assinala o trio. Uma
interpretação, de certa forma, um tanto mais otimista do que aquela provida por
outros institutos internacionais, que têm acenado para o risco de uma
desaceleração mais relevante da atividade mundial não apenas por conta dos
conflitos entre os governos chinês e norte-americano, mas igualmente em função
de supostas dificuldades de outras economias centrais, a exemplo da União
Europeia, manterem-se em rota de crescimento.

De
qualquer forma, prossegue o trio do IIF, a despeito dos temores de que o
crescimento chinês esteja “vacilando”, o indicador antecedente da atividade
econômica sugere que a economia chinesa tem dado mostras de estabilidade desde
setembro do ano passado, na sequência de meses de taxas decrescentes de
crescimento. Indicadores relacionados ao comércio exterior de fato apontaram
desaceleração, enquanto os volumes exportados pela China para os Estados Unidos
mergulharam em queda dramática, mas uma retomada dos gastos com infraestrutura
(providos pelo governo chinês e por suas estatais, evidentemente) teria
contribuído para contrabalançar aqueles “ventos de proa”.

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Contra medidas

Na
visão do IIF, o governo chinês vem enfrentando o desaquecimento das exportações
com a adoção deliberada de medidas de estímulo destinadas a estabilizar as
taxas de crescimento da economia e evitar um mergulho descontrolado.
Adicionalmente, a China estaria preparada para lançar um pacote mais amplo de
suporte à atividade econômica local caso as “tensões comerciais sofram uma
escalada significativa”, aponta o mesmo boletim. “A despeito de condições
externas desfavoráveis, o panorama de crescimento para a economia chinesa
mantém-se bastante benigno”, reforça o instituto.

Balanço

·  
Os
indicadores antecedentes desenvolvidos pelo IIF para acompanhar a economia
chinesa sugerem que a atividade econômica por lá apresentou desaceleração correspondente
0,8 pontos de porcentagem entre março e setembro do ano passado,
estabilizando-se ao redor de uma taxa média entre 5,0% a 5,2% ao ano desde
então.

·  
Mesmo
numa visão mais otimista, o instituto reconhece que a desaceleração foi
considerável nos seis meses anteriores a setembro, “embora menor se comparada”
ao desaquecimento registrado em 2015 (quando o indicador chegou a mergulhar
para uma taxa de crescimento bastante próxima de 4,8% ao ano, consideravelmente
baixo dado o histórico de crescimento apresentado pela China).

·  
Os
dados mostram ainda, prossegue o IIF, que os setores mais diretamente
relacionados ao comércio exterior não sofreram desaquecimento significativo
enquanto o conjunto da economia esfriava em meados de 2018, mesmo diante do
incremento das tensões comerciais com os EUA.

·  
Da
mesma forma, houve crescimento do investimento em infraestrutura e os setores
não exportadores anotaram apenas um “modesto desaquecimento”.

·  
O
IFF atribui a desaceleração registrada entre março e setembro aos “esforços de
desalavancagem” (redução de dívidas) registrados no começo de 2018, o que
afetou setores intensivos em crédito (a exemplo de construção e
infraestrutura).

Nitidamente, o governo adotou políticas públicas
para compensar efeitos depressivos sobre a economia e preservar o crescimento,
ainda que a taxas mais moderadas, numa reação inversa à adotada pela equipe
econômica do governo brasileiro por ideologia ou incompetência.