Coluna

Lucro líquido da Saneago salta 647% no segundo trimestre

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 18 de agosto de 2020

A
Saneamento de Goiás S.A. (Saneago) reduziu custos e despesas operacionais, registrou
elevação de suas receitas, multiplicou em pouco mais de cinco vezes o seu caixa
e ampliou fortemente os investimentos, especialmente na rede de esgoto. A
companhia conseguiu, ao mesmo tempo, catapultar seu resultado líquido no
segundo trimestre do ano, num salto de 647,3% na comparação com o mesmo período
do ano passado, fechando o primeiro semestre com avanço de praticamente 164%. A
alta mais do que vigorosa foi estimulada ainda pela reversão de provisões
anteriormente constituídas para fazer frente a créditos de difícil recuperação
e por uma reestimativa da vida útil de seus ativos, o que permitiu reduzir as
despesas com depreciação.

Em
meio à pandemia e no mesmo momento em que o Congresso discutia os termos do que
tem sido considerado como o novo marco do setor de saneamento básico, que
poderá alijar as estatais estaduais para abrir maior espaço para o setor
privado, nesta área, o lucro da Saneago passou de R$ 10,921 milhões no segundo
trimestre do ano passado para R$ 81,612 milhões em igual período deste ano. Nos
seis primeiros meses deste ano, o lucro da estatal atingiu R$ 140,131 milhões,
frente a R$ 53.081 milhões no mesmo semestre de 2019.

A
companhia atribui o crescimento expressivo de seus lucros também ao incremento
de 6,92% acumulada pelas receitas líquidas no primeiro semestre, saindo de R$
1,044 bilhão para R$ 1,116 bilhão, refletindo a expansão da base de clientes, o
aumento no volume de esgoto faturado e o reajuste tarifário médio de 5,79%
autorizado pela Agencia Goiana de Regulação (AGR) a partir de 1º de julho do
ano passado. No setor de esgoto, por exemplo, a população atendida avançou de
3,578 milhões para 3,796 milhões, numa elevação de 6,09% entre o primeiro
semestre de 2019 e o mesmo intervalo deste ano, com alta ainda de 6,48% no
número de ligações, passando de 1,158 milhão para 1,233 milhão. O índice de
atendimento da população subiu de 60,9% para 63,8% na comparação entre os dois
períodos. O tratamento de esgoto passou a favorecer 59,5% da população, diante
de 56,6% em junho de 2019.

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Investimentos

Esse
comportamento refletiu, por sua vez, a maior participação relativa dos sistemas
de esgoto no investimento total realizado pela companhia, que aumentou 17,2% no
semestre passado, quando somou R$ 108,969 milhões, saindo de R$ 92,948 milhões
nos seis meses iniciais de 2019. Os serviços de esgoto receberam um reforço de
R$ 49,499 milhões neste ano, entre janeiro e junho, representando 45,42% do
investimento total. No primeiro semestre de 2019, essa participação havia sido
de 40,6% com investimentos de R$ 37,743 milhões. Na comparação entre os dois
períodos, o crescimento chegou a 31,2%. A rede de água, que passou a cobrir
97,2% da população do Estado, recebeu investimentos de R$ 51,795 milhões, perto
de 9,1% a mais do que em 2019 (R$ 47,478 milhões). A rede de água avançou 0,5%,
para 30,550 mil quilômetros, o que se compara com elevação d 2,25% na rede de
esgoto, para 13,171 mil quilômetros.

Balanço

·  
Favorecido
por uma queda de 51,6% no valor das amortizações, o custo de bens e serviços
registrou baixa de 7,95% no primeiro semestre, saindo de R$ 562,106 milhões
para R$ 517,400 milhões. As despesas administrativas praticamente não se
moveram, somando R$ 186,270 milhões nos seis primeiros meses deste ano, diante
de R$ 186,719 milhões em 2019 (ligeiro recuo de 0,24%).

·  
Mas
a conta financeira líquida (despesas menos receitas financeiras), sob o impacto
da desvalorização do dólar nos primeiros meses do ano, sofreu alta de 74,6% na
comparação com o mesmo semestre de 2019, saltando de R$ 29,009 milhões para R$
50,649 milhões. No segundo trimestre, no entanto, a variação foi mais moderada,
com alta de 9,34%, passando de R$ 14,482 milhões para R$ 15,834 milhões.

·  
As
medidas de contingência adotadas pela Saneago durante a pandemia, incluindo
parcelamento do pagamento de dividendos, postergação de impostos e
contribuições, contenção de custos e despesas e ainda a renegociação de
pagamentos de parcelas referentesà renovação antecipada dos contratos com as
prefeituras de Goiânia e Anápolis, permitiram a geração de um caixa líquido de
R$ 278,331 milhões ao final do semestre.

·  
Para
comparação, no mesmo período do ano passado, o caixa
registrava R$ 54,114 milhões. Nessa comparação, a estatal registrou crescimento
de nada menos do que 414,3%.

·  
A
liquidez (capacidade de pagamento de compromissos de curto prazo, a vencer em
12 meses) melhorou, mas continua deficitária. Como o ativo circulante (valores
a receber no curto prazo) cresceu 30,1% desde dezembro passado e o passivo circulante
(obrigações a liquidar no curto prazo) avançou 20,85%, o indicador de liquidez
passou de 0,894 para 0,962 (mais claramente, isso significa que a empresa
dispunha de R$ 9,62 disponíveis a cada R$ 10,00 de dívidas a vencer em 12
meses).

·  
O
“descasamento” entre passivo e ativo circulante (ou seja, a diferença entre os
valores a pagar e a receber no curto prazo), como consequência, caiu fortemente
no período, saindo de R$ 77,190 milhões para R$ 33,116 milhões (-57,10%).

·  
Os
ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortizações (Ebitda, na sigla
em inglês) ajustado, desconsiderando provisões e receitas de créditos contábeis
sem impacto sobre o caixa, recuou 6,11% no segundo trimestre, para R$ 158,076
milhões (frente a R$ 168,371 milhões no mesmo período de 2019). Mas encerrou o
semestre com elevação de 6,44% (de R$ 309,429 milhões para R$ 329,351 milhões,
correspondendo a 29,36% das receitas líquidas).