Coluna

PIB de Goiás “descola” da média no País e cresce 2,6% no 3º trimestre

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 14 de dezembro de 2019

O
forte crescimento da agropecuária parece ter feito toda a diferença no terceiro
trimestre deste ano, a ponto de fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) de
Goiás voltasse a apresentar um ritmo de avanço mais intenso do que a média
observada para a economia brasileira em seu conjunto. Da mesma forma, o setor
de serviços registrou novamente um ritmo mais acelerado do que o restante do
País, embora o desempenho das vendas do comércio ampliado (que inclui todo o
varejo convencional e ainda concessionárias de veículos, motos e autopeças,
além de lojas de materiais de construção) tenha deixado a desejar. O incremento
neste setor específico ficou bem abaixo da média do varejo na soma dos demais
Estados.

Nos
cálculos ainda preliminares do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (IMB), conduzidos pelo pesquisador Rafael dos Reis Costa, o PIB
goiano teria avançado 2,6% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o
mesmo período de 2018, saindo de uma variação revisada de 2,7% no segundo
trimestre (a previsão anterior, divulgada em setembro, havia considerado uma
variação de 2,4%). Em todo o País, o PIB apresentou variação de 1,2% no
trimestre encerrado em setembro deste ano, igualmente em relação a igual
intervalo do ano passado.

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Da
mesma forma, foi revista a previsão para 2018, com a inclusão de dados mais
atuais sobre a produção agrícola e pecuária, detalhados recentemente pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na versão divulgada
ainda em setembro, o IMB projetava variação de 0,6% para o PIB goiano no ano
passado, estimativa ampliada para 1,5% no informe técnico divulgado ontem pelo
órgão estadual. Novamente, a “ajuda” veio da agropecuária, que teve saiu de uma
previsão de queda de 2,1% para uma taxa positiva de 0,7%, e do setor de
serviços (que saiu de variação positiva de 1,5% para crescimento de 2,6%).

Perdas e ganhos

O
ritmo da atividade no setor agropecuário, segundo o IMB, foi sustentado
principalmente pelo milho e pela cana, que registraram incremento
respectivamente de 29,9% e de 4,2% na produção, diante de baixa de 5,5% nos
volumes colhidos pelos produtores de soja. Conforme números do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), aqui considerados apenas como
referência (já que não fazem parte da base de dados utilizada pelo IMB, que
considera apenas os volumes gerados por cada setor de atividade, seguindo
metodologia adotada para o cálculo do PIB), o valor bruto somado da produção de
milho e da cana corresponde a 25,26% da “receita bruta” da agropecuária goiana,
enquanto a soja, isoladamente, responde por 25,23% do total. Neste caso, as
perdas de um lado podem ter sido compensadas por ganhos no milho e na cana. O informe
do IMB não relaciona os números da pecuária, que vem tendo bom desempenho neste
ano, puxada, até aqui, pelo setor de frangos, mas com perspectiva de melhoras
também para a pecuária bovina. O valor da produção de bovinos, do frango e do
leite representa, em conjunto, 31,9% da “renda bruta” no campo (novamente de
acordo com o Mapa). As contas do ministério apontam elevação real de 3,5% para
o valor bruto do campo em Goiás neste ano, com avanço de 2,1% para as lavouras
e alta de 6,2% para a pecuária.

Balanço

·  
Os
resultados da indústria em geral no terceiro trimestre, aponta ainda o IMB, têm
sido influenciados, “em sua maior parte, pela indústria de transformação, que
tem crescido ao longo do ano, revertendo a tendência de queda ocorrida no ano
de 2018”. O PIB da indústria goiana, na verdade, sofreu desaceleração na
passagem do segundo para o terceiro trimestres, saindo de um crescimento de
2,1% para uma variação de 1,2%, sempre em relação aos mesmos períodos de 2018.

·  
No
terceiro trimestre, a produção no setor de transformação cresceu 1,1% frente a
idêntico intervalo do ano passado, creditado pelo IMB, “em grande medida, ao
desempenho dos segmentos de fabricação de veículos automotores, reboques e
carrocerias (45,2%) e fabricação de outros produtos químicos (14,4%)”. No
primeiro setor, o salto veio depois de uma série de resultados fortemente
negativos, que levou as maquiladoras de veículos instaladas em Goiás a acumular
perdas de 54,6% em relação aos níveis médios da produção realizada em 2012.

·  
No
segmento de outros produtos químicos, os avanços estão diretamente relacionados
à agropecuária, influenciados pela alta na produção de adubos e fertilizantes,
que até setembro acumulavam incremento de 6,2% frente aos
primeiros nove meses de 2018 (mas apresentavam variação de apenas 0,3% nos 12
meses encerrados em setembro, demonstrando que a indústria do setor também vem
se recuperando de uma fase de perdas expressivas).

·  
A
indústria de alimentos, que representava 44,1% do valor da transformação
industrial até 2017 (dado mais recente divulgado pelo IBGE), anotou redução de
1,9% na produção durante o terceiro trimestre deste ano, influenciado pelo
tombo de 4,2% registrado em setembro (na comparação com igual mês de 2018). O
peso do setor de fabricação de produtos alimentícios na composição do valor da
transformação da indústria em geral, no Estado, supera de longe a fatia somada
dos setores de veículos e de outros produtos químicos, que se aproximava de 8,52%
na medição feita em 2017 pelo IBGE.

O PIB dos serviços em Goiás cresceu 1,8% no
terceiro trimestre, superando a média brasileira (mais 1,0% no mesmo período).
Mas as vendas do comércio ampliado, que representa uma fatia relevante do setor
de serviços, cresceram 2,8% no Estado (ainda no terceiro trimestre), diante de
4,4% para todo o setor no País.