PIB goiano experimenta segundo trimestre consecutivo de queda

Nas contas preliminares do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás no terceiro trimestre deste ano mostra recuo de 0,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, praticamente em estagnação no período. O desempenho projetado pelo instituto goiano, a ser confirmado, mostraria resultado inverso àquele registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o PIB brasileiro no mesmo intervalo, com variação média de positiva de 0,1% – o que igualmente não significou muita coisa, correspondendo muito mais uma acomodação da atividade ao longo do trimestre analisado.

A se considerar o dado divulgado em outubro pelo instituto, este seria o segundo trimestre consecutivo de perdas para a economia goiana, considerando a previsão de uma redução de 1,8% para o PIB do segundo trimestre frente ao primeiro trimestre do ano, sempre com base em dados dessazonalizados – quer dizer, com exclusão de fatores e eventos que se repetem sempre em idênticos períodos a cada ano e que poderiam distorcer comparações.

Desta vez, a maior pressão negativa sobre o PIB trimestral veio do setor agropecuário, que experimentou tombo de 6,5% no terceiro trimestre deste ano, ainda na série dessazonalizada, depois de ter avançado 0,8% na passagem do primeiro para o segundo trimestre.  O PIB do setor de serviços, sempre conforme a metodologia estabelecida pelo IMB para aferir o nível trimestral da atividade na economia estadual, passou a anotar igualmente estagnação virtual, em leve redução de 0,1% na sequência de uma retração de 1,1% no segundo trimestre. De toda forma, numa visão mais otimista, a atividade no setor de serviços teria deixado de anotar perdas, embora o dado sugira uma paralisia nos negócios em relação aos três meses anteriores, que já não haviam sido positivos.

Melhora na indústria

Puxada pela produção de alimentos, o PIB industrial passou a registar alta de 2,3% ainda na comparação com o segundo trimestre, demonstrando alguma aceleração diante de um incremento de 0,9% observado naquele mesmo trimestre frente aos números acumulados nos três primeiros meses deste ano. O comportamento da produção industrial, ao que sugerem as estimativas do IMB, compensaram ainda que parcialmente as perdas na agropecuária e a tendência de estagnação no setor de serviços, que vinha de um período de recuperação depois de perdas severas ao longo dos meses de pandemia e distanciamento social em 2020 e em parte de 2021.

Balanço

• Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, no entanto, o IMB trabalha com uma estimativa de crescimento de 5,3%. Neste caso, a se confirmarem as projeções do instituto, o desempenho teria sido bem mais vigoroso do que a taxa de 2,0% registrada pelo IBGE para o PIB total do País. A diferença foi mais ampla do que aquela observada no segundo trimestre, quando o PIB goiano teria avançado 4,6%, em torno de 1,1 ponto percentual acima do crescimento de 3,5% alcançado pelo PIB brasileiro.
• Ainda diante do terceiro trimestre do ano passado, embora o PIB da agropecuária tenha experimentado um salto de 21,8% (quase o dobro do aumento de 11,4% estimado para o segundo trimestre), a maior contribuição para o resultado trimestral veio dos serviços, que observaram elevação de 2,2% na comparação com o terceiro trimestre de 2022, mais intensa do que a taxa de 1,9% estimada para o segundo trimestre. Isoladamente, os serviços responderam por 52,8% do crescimento do PIB goiano nessa mesma comparação. 
• A despeito da alta vigorosa operada pela agropecuária goiana, sua contribuição para o crescimento do PIB trimestral ficou limitada a pouco mais de 15,0%. Conforme o IMB, o resultado do tereiro trimestre nesta área “está relacionado ao desempenho das culturas da lavoura temporária, principalmente à revisão das estimativas do sorgo, do milho e da cana de açúcar, conforme dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE)”.
• A produção realizada pela pecuária goiana, ainda conforme o IMB, igualmente apresentou “bons indicadores” – à exceção da produção de leite cru, que sofreu baixa de 2,0% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Mas o total de abates de bovino, aves e suínos anotou incremente, respectivamente, de 11,4%, de 4,7% e de 0,3%.
• A contribuição da indústria, que teve o crescimento de seu PIB projetado em 2,0% no terceiro trimestre, girou ao redor de 18,9%.  Da mesma forma, o IMB avalia que o PIB industrial teria anotado aceleração na comparação anual, diante de alta revisada de 0,7% para a indústria em geral no segundo trimestre deste ano, mais uma vez em relação a igual trimestre de 2022. Na estimativa de outubro, o IMB havia prognosticado elevação de 1,3% para o PIB da indústria estadual no segundo trimestre.
• A indústria de transformação puxou os resultados do terceiro trimestre, com alta de 4,1% na produção, o que se compara com perdas de 9,9% para a indústria extrativa, de 3,3% para a construção civil e de 1,6% no caso dos serviços industriais de utilidade pública. O avanço de 7,0% na produção de alimentos foi determinante para o desempenho do setor de transformação como um todo.