PIB goiano sofre segunda baixa mensal consecutiva em maio

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 05 de setembro de 2023

Numa estimativa construída pela equipe do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), em parceria com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) da Secretaria de Fazenda e Planejamento de São Paulo, o Produto Interno Bruto (PIB) experimentou em maio o segundo mês consecutivo de baixa em Goiás. Já incluindo ajustes sazonais, que permitem descontar fatores e eventos que se repetem no mesmo período todos os anos e que poderiam distorcer comparações diretas, o PIB mensal goiano recuou 0,5% na comparação com abril, quando já havia anotado redução de 0,2% – no limite, o desempenho naquele mês poderia ser considerado como estagnação frente a março.

Na mesma base mensal de comparação, ao longo de 12 meses até maio deste ano, na série estatística do IMB, o PIB ficou negativo em sete meses, crescendo apenas em julho, agosto, setembro e novembro do ano passado e em março deste ano. Considerando apenas os últimos seis meses, março foi a exceção, com os demais resultados colocando o produto estadual no vermelho. A estimativa mensal para o PIB, por maior que seja a capacidade técnica e o poder de processamento e de tratamento de dados, carrega grande dose de aleatoriedade, o que significa dizer que sempre estará sujeita a margens de erro pouco desprezíveis. “Ressalva-se que, por ser um indicador de curtíssimo prazo, as estimativas se sujeitam a revisões mensais, conforme atualizações das fontes de dados”, observa o próprio IMB.

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De toda forma, a montagem da série mensal, conforme anunciado em fevereiro deste ano, destina-se a orientar o processo de tomada de decisões de agentes privados e também pelo governo estadual, ainda que a capacidade de influência de políticas estaduais sobre a atividade econômica seja limitada, mas não desprezível. O site do IMB reserva destaque maior para os números registrados na comparação com o mesmo período do ano passado, sem ajuste sazonal. E, neste caso, os números são de fato positivos, mas apontam tendência à desaceleração, o que faz sentido quando os dados mensais mostram mais números em vermelho. Mas a avaliação não surge na nota da assessoria de imprensa do instituto e nem mesmo no boletim oficial do órgão, que traz dados um pouco mais detalhados.

Balanço

  • “No mês de maio, o Produto Interno Bruto (PIB) goiano avançou 2,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O resultado se deve, prioritariamente, ao crescimento da agropecuária (11,1%), indústria (1,1%) e serviços (1,6%)”, registra a nota da assessoria. Nos cinco primeiros meses deste ano, o IMB estima uma elevação de 1,9% em relação a idêntico intervalo do ano passado, com o PIB avançando 4,1% em 12 meses.
  • A comparação com a taxa de 1,4% registrada na passagem de março para abril pode mesmo sugerir uma aceleração, contrariando a perspectiva de desaquecimento trazida pelos resultados do PIB mês a mês. Os dados mais acima registram, no entanto, o papel central da agropecuária na composição do resultado de maio, com salto de 11,1%. Comparada a abril, a agropecuária anotou variação de 1,8%. Em maio do ano passado, o setor agropecuário havia apresentado variação de 4,8% em relação a igual período do ano anterior.
  • O crescimento interanual alcançado em maio deste ano foi o quinto mais relevante para esse tipo de comparação, considerando as sequências de altas de 34,6%, 14,1%, 30,3% e de 19,5% registradas para o mês de maio nos anos de 2011, 2014, 2017 e 2019, respectivamente. A despeito do crescimento de dois dígitos registrado em maio deste ano, o PIB da agropecuária acumulado no ano avançou apenas 0,5%, com elevação de 2,0% em 12 meses.
  • A variação de 1,1% registrada pelo PIB industrial em maio deste ano correspondeu ao pior resultado para o mês desde 2018, quando havia despencado 9,0% em relação aos mesmos períodos do ano imediatamente anterior. “O maior crescimento, entre as atividades industriais, foi dos serviços industriais de utilidade pública (7,1%). Por outro lado, a construção civil encerrou o mês com uma oscilação negativa de 0,8%”, anota o IMB. Nos cinco meses iniciais deste ano, a indústria recuou 0,3% frente ao acumulado entre janeiro e maio de 2022, mas apresentou alta de 4,7% em 12 meses.
  • No setor de serviços, na saída de abril para maio, o PIB chegou a recuar 0,3%, embora tenha avançado 1,6% frente a maio de 2022. Na comparação entre os volumes acumulados entre janeiro e maio deste ano e o mesmo período do ano passado, o setor avançou 3,5% e passou a acumular alta de 4,6% em 12 meses. O nível de atividade dos serviços havia experimentado salto de 7,6% em maio de 2021 diante do mesmo mês de 2020, quando havia encolhido 5,7% por conta da pandemia, e cresceu mais 6,3% em maio de 2022, entrando em desaceleração nos meses seguintes.
  • Na análise do comportamento dos serviços especificamente em maio, o instituto relaciona a variação observada “ao bom desempenho das atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares (9,7%), de transporte (6,9%) e de alojamento e alimentação (5,8%). No entanto, as atividades de comércio, informação e financeira encerraram o mês com taxas negativas de 2,9%, 5,7% e 12,9%, respectivamente”.
  • O tom amplamente otimista predominou igualmente na nota divulgada em 18 de agosto com os números do Índice de Atividade Econômica (IBCR) do Banco Central (BC), indicando elevação de 5,13% para a economia goiana em junho diante de igual mês do ano passado. No primeiro semestre, o indicador do BC, em geral identificado como uma “prévia” do PIB, apontou crescimento de 3,51% no primeiro semestre, o que se compara com salto de 8,85% apontado pelo IBCR para Goiás na primeira metade de 2022.
  • O indicador sugere ainda perda de fôlego para a atividade econômica em Goiás no segundo trimestre, apontando recuo de 0,62% frente ao primeiro trimestre. No índice dessazonalizado, a atividade apresentou baixa de 3,49% entre março e junho deste ano.