Produção industrial cresce pelo quarto mês consecutivo em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 11 de outubro de 2023

A produção industrial em Goiás registrou em agosto a quarta alta mensal consecutiva na comparação com os mesmos meses do ano passado, período durante o qual a indústria havia acumulado números bastante negativos. Parte da reação esboçada a partir de maio deste ano, portanto, pode ser explicada pela base de comparação mais reduzida. Outra parcela deve-se especialmente ao desempenho da indústria de alimentação, numa tendência observada nos últimos meses, segundo mostram os dados da pesquisa mensal sobre a produção industrial regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A comparação mensal mostra a produção conseguiu recompor a perda de 0,3% observada em julho, até mesmo com alguma folga, já que o setor avançou 1,0% em agosto frente ao mês imediatamente anterior. Pode-se inferir que os mesmos fatores que têm sido determinantes para a mudança de sinais em relação a períodos idênticos do ano passado estejam operando igualmente na passagem de um mês para o seguinte, já que o instituto não divulga dados dessazonalizados para cada um dos setores da indústria goiana. Nas mesmas bases, a indústria alternou quatro meses de queda na produção (fevereiro, março, abril e julho) e outros quatro meses de alta (janeiro, maio, junho e agosto), sempre em relação ao mês imediatamente anterior.

Como já anotado, tomando como base igual período de 2022, a produção cresceu 0,4% em maio, acelerou seu crescimento para 6,0% em junho, com leve desaceleração para 5,1% em julho, e avançou 5,6% em agosto. Nos mesmos meses do ano passado, a indústria havia experimentado queda de 5,8% em maio, com perdas de 5,5%, 6,3% e 3,8% em junho, julho e agosto, respectivamente. O dado acumulado no quadrimestre analisado permite visualizar mais claramente as tendências anotadas em cada período, já que a produção havia sofrido queda acumulada de 5,3% entre maio e agosto do ano passado frente ao segundo quadrimestre de 2021. Comparada ao segundo quadrimestre do ano passado, a atividade industrial avançou 4,3% no acumulado entre maio e agosto deste ano.

Continua após a publicidade

Peso dos alimentos

Não é coincidência o fato de a produção de alimentos experimentar uma fase de reação naqueles mesmos períodos. Na verdade, o setor tem aparentemente puxado o setor industrial como um todo e principalmente a indústria de transformação e vem, de certa forma, atuando como um “contrapeso” às oscilações observadas em dois outros setores com maior peso relativo na composição do valor agregado industrial – biocombustíveis, produtos farmoquímicos e farmacêuticos. Assim, a produção de alimentos havia despencado 14,6% em maio, caindo mais 12,6% em junho, 10,8% em julho e 7,1% em agosto. Considerando os mesmos meses deste ano, pela ordem, a fabricação de produtos alimentícios cresceu 9,6%, 12,7% e 10,3%, repetindo a mesma taxa em agosto. Ao longo do ano, a indústria alimentícia acumulou crescimento de 6,1%.

Balanço

  • Especificamente em agosto, o setor de alimentos refletiu a maior produção de carnes bovinas frescas ou resfriadas, aves e seus miúdos, além do aumento na produção de óleo de soja refinado. Entre janeiro e agosto, além da produção de carnes, registrou-se variação positiva também no segmento de leite condensado.
  • O setor de produção de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis cresceu apenas em março, junho e julho, com altas respectivamente de 1,9%, 4,4% e 2,6%, com perdas em todos os demais meses, chegando a agosto com retração de 5,1% em relação ao mesmo mês do ano passado (quando a produção do setor havia saltado 20,7% em relação a agosto de 2021). Os resultados mais recentes foram puxados pelo crescimento na produção de biodiesel, já que o processamento de etanol esteve em baixa, nos números do IBGE. Nos primeiros oito meses deste ano, comparados aos mesmos oito meses de 2022, o setor registrou baixa de 2,5%.
  • A indústria farmacêutica havia sofrido quedas de 5,2% e de 2,4% em maio e junho, frente aos mesmos meses de 2022, anotou flutuação positiva de 0,4% em julho e saltou 16,0% em agosto. Para comparar, em agosto do ano passado, a produção do setor havia despencado 15,9%. No acumulado entre janeiro e agosto, diante de igual intervalo do ano passado, o setor avançou 8,7%.
  • A relevância do setor de bens alimentícios, no entanto, foi bem mais ampla, fazendo com que o avanço do setor respondesse, em agosto, por praticamente 74,0% de todo o crescimento experimentado pelo conjunto da indústria goiana. Excluído o setor, o restante da indústria cresceu 1,45% em relação a agosto do ano passado.
  • No acumulado entre janeiro e agosto, a despeito de dados positivos registrados por sete entre 13 segmentos acompanhados pelo IBGE, a exclusão da indústria de alimentos resultaria num recuo de 0,84% para o restante do setor. Esse desempenho explica-se pelas reduções colecionadas pelos setores de confecções, veículos, máquinas e equipamentos e a indústria extrativa, além do recuo na produção de biocombustíveis.
  • As confecções, que já tiveram um desempenho relevante em outras épocas, acumulam no ano um tombo de 29,1%, seguidas pela indústria de montagem de veículos, que sofre retrocesso de 22,1%, e pela redução de 13,2% na fabricação de máquinas e equipamentos. A indústria extrativa acumula perda de 5,9%, com redução nos segmentos de pedras calcárias, minérios de cobre em bruto ou beneficiados e brita. Banida por decisão judicial, a produção de amianto chegou a registrar incremento em agosto e no acumulado entre janeiro e agosto, sempre comparada aos mesmos períodos de 2022.
  • A produção de minérios no Estado, por sinal, caiu há três meses em sequência, com baixas de 10,0% em junho, tombo de 17,5% em julho e queda de 5,3% em agosto.