Quebra na safra de soja pode superar 7,0 milhões de toneladas

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 21 de dezembro de 2023

As previsões de boas chuvas em dezembro não se confirmaram e os níveis de precipitação o longo do mês, considerando as chuvas esperadas para esta segunda quinzena, tendem a se manter abaixo das médias históricas na maior parte do País, na análise divulgada ontem pela consultoria de agronegócio do Itaú BBA. Durante as duas primeiras semanas deste mês, além da baixa precipitação, as temperaturas mantiveram-se elevadas, com nova onda de calor e termômetros até acima de 40°C em diversas regiões, cenário a ser apenas amenizado por uma melhor condição de chuvas na quinzena final de dezembro, como sugerem os mapas meteorológicos. Os volumes acumulados de chuva, de toda forma, devem permanecer abaixo da média esperada para o período em Mato Grosso, Estado que responde por quase um terço da produção brasileira de grãos.

O quadro climático, que tem afetado negativamente os plantios em todo o Centro-Oeste, levou a consultoria a revisar para baixo as previsões para a safra de soja a ser colhida no próximo ano, com redução de 20% na produtividade esperada para a lavoura em Mato Grosso, estimando-se uma produção inferior a 40,0 milhões de toneladas, abaixo mesmo da estimativa mais recente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), que espera uma safra de 42,1 milhões de toneladas. A se confirmar a previsão mais pessimista, a quebra apenas no Estado atingiria algo acim a de 5,3 milhões de toneladas, no pior resultado na história do grão em Mato Grosso.

As projeções do banco para a safra brasileira pressupõem uma quebra superior a 7,1 milhões de toneladas a se considerar a estimativa mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que esperava uma produção em torno de 160,2 milhões de toneladas para a safra 2023/24. A consultoria do Itaú BBA espera agora uma produção ao redor de 153,0 milhões de toneladas – ainda assim, o segundo melhor resultado na série histórica.

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A disponibilidade de soja para exportação, tomando como base um avanço de 3,0% no consumo doméstico, baixaria para qualquer coisa entre 95,0 milhões e 96,0 milhões de toneladas, em torno de 6,6 milhões de toneladas a menos do que as 101,6 milhões de toneladas projetadas anteriormente. Os preços do grão tendem a ser pressionados diante da expectativa de um balanço mais apertado entre produção e consumo na safra 2023/24. A relação entre estoque final e demanda em todo o mundo tende a recuar ligeiramente de 30% para 28%, a despeito do salto da produção argentina de 25,0 milhões para 48,0 milhões de toneladas.

Agro e a comunicação

As empresas do agronegócio continuam reforçando suas estratégias de comunicação. A Syngenta foi literalmente às ruas neste ano principalmente para “disseminar os conceitos de agricultura sustentável e regenerativa ao público urbano”, descreve Nêmora Reche, diretora de comunicação corporativa para a América Latina. “Fomos ouvir o que as pessoas em São Paulo sabem sobre o tema e quais as suas dúvidas, esclarecidas por especialistas da Syngenta em vídeos produzidos no curso do projeto”, acrescenta ela. Em agosto, a multinacional colocou no ar a websérie “Fala Povo” e, até o momento, já coleciona mais de 1,5 milhão de visualizações. 

Balanço

  • O agronegócio, analisa Nêmora, consegue ter “maior compreensão” do trabalho desenvolvido pela Syngenta, mas o público urbano continua sendo um desafio diante das dúvidas e de “informações equivocadas”, na sua definição, sobre o meio agrícola. As iniciativas adotadas para tentar romper essa barreira contemplam ainda o lançamento global, ainda em 2017, da websérie anual Mitos & Verdades, plataforma de vídeos com participação de especialistas que falam didaticamente e com base em fontes referenciadas, de acordo com Nêmora, sobre temas como a relação entre o agronegócio e mudanças climáticas, agricultura convencional e orgânica, uso de defensivos, entre outros assuntos, somando mais de 800 mil visualizações até aqui.
  • A estratégia de comunicação da Bayer está focada preferencialmente em duas frentes, na descrição de Daniela Barros, diretora de comunicação da divisão agrícola da multinacional no Brasil. Numa primeira linha, a proposta é contribuir no crescimento das áreas de negócio da companhia, falando diretamente com o agronegócio. O segundo canal engloba “projetos reputacionais” voltados para a sociedade como um todo, governo e também para produtores rurais.
  • Conforme Daniela, o setor de comunicação da empresa operou a consolidação de dois temas interligados – sustentabilidade e diversidade – ao definir o Prêmio Mulheres do Agro, em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), com o propósito de reconhecer e apoiar o trabalho de lideranças femininas com práticas em ESG no campo. “São produtoras rurais que superam desafios e representam um agro que atua na melhoria da saúde do solo, restauração da biodiversidade, manutenção de florestas, conservação da água e na remoção do carbono da atmosfera”, detalha.
  • Num reposicionamento estratégico, a comunicação da Dow concentrou-se na migração para o segmento de soluções agrícolas, seguindo “abordagem promocional” focada na aplicação de produtos segundo a demanda de formuladores do mercado agropecuário. “Ou seja, em vez de explicar o que um determinado material faz e para que serve, passamos a utilizar as etapas do manejo e os principais objetivos dos produtores em si para posicionar qual formulação seria ideal para cada uma de suas demandas”, descreve Lívia Figueiredo, gerente de comunicação na área de soluções industriais da Dow na América Latina.
  • Como exemplo dessa mudança, Lívia relaciona o lançamento da plataforma online DOW™ Crop Solver, desenvolvida para atender à demanda de formuladores agrícolas, concentrando informações em uma única ferramenta e facilitando o acesso a dados sobre as dosagens corretas e o produto ideal para atender às necessidades do produtor. O sistema, já lançado nos Estados Unidos e Canadá, deve desembarcar no Brasil em 2024.
  • Ao longo deste ano, os investimentos privilegiaram ainda a produção de conteúdos para “os mais diversos canais e ferramentas digitais como forma de alcançar as partes interessadas”, aponta ainda. Foi definida uma estratégia diferente para cada um dos públicos, com orçamentos e canais específicos, na descrição de Lívia, considerando diferenças regionais e entre mercados, perfil de compra e das empresas. De acordo com ela, na comparação com 2022, registrou-se um salto de 700% nas inserções na imprensa relacionadas a soluções agrícolas, o que gerou impactos para aproximadamente 150,0 mil pessoas e um retorno de quase R$ 1,9 milhão.