Coluna

Rentabilidade encolhe para soja e algodão, masavança para a segunda safra de milho

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 05 de julho de 2019

A redução na produtividade esperada para soja,
algodão e para o milho de primeira safra, e o aumento de custos projetado para
aquelas culturas deverão determinar perdas de rentabilidade e de margens nos
principais polos de produção agrícola no ciclo 2018/19, ainda que os preços
continuem a sustentar níveis muito próximos aos da safra passada e, em algumas
regiões, até levemente mais elevados. A grande exceção ficará por conta da
segunda safra de milho, que tende a ser recorde, com produtividades mais elevadas,
compensando com folga a elevação de custos.

No modelo de negócios mais frequente na região
Centro-Oeste, que responderá por 45,7% de toda a produção de grãos do País, a
produção combinada de soja no verão e milho no inverno tenderá a render frutos
mais uma vez, com a rentabilidade da safrinha compensando eventuais perdas nos
plantios da oleaginosa. No médio norte de Mato Grosso, mostram os levantamentos
da Agroconsult, a despeito da oferta reforçada, os preços tendem a avançar em
torno de 9%, mas os custos ficaram quase 20% mais altos. O aumento de
praticamente 13% na produtividade da lavoura, semeada dentro da janela ideal e
sob condições climáticas favoráveis, mais do que compensará o custo de produção
mais alto. A rentabilidade média por hectare colhido deverá saltar 38%.

No oeste paranaense, espera-se um salto ainda mais
expressivo para a rentabilidade da segunda safra de milho, que tende a subir
qualquer coisa ao redor de 45% entre as safras 2017/18 e 2018/19, mesmo com
redução de 5,8% nos preços médios recebidos pelos produtores. Os custos subiram
quase na mesma proporção observada em Mato Grosso, mas a produtividade média
experimento avanço de 34%.

Continua após a publicidade

Métricas diferentes

Os números para a produção de milho na segunda
safra continuam apresentando diferenças importantes, desta vez, com a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) mostrando-se bem mais conservadora. Suas
pesquisas sugerem uma colheita de quase 70,7 milhões de toneladas em 2018/19,
um número recorde para a chamada “safrinha” (que já é quase três vezes maior do
que a safra de verão), em torno de 31% maior do que no ciclo anterior. A
Safras&Mercado, no entanto, espera a colheita de 73,9 milhões de toneladas
na segunda safra do grão, numa alta de 52%. Já a consultoria Céleres acredita
na colheita de 72,2 milhões de toneladas. Nos três casos, os dados são os mais
elevados em toda a série histórica.

Balanço

·  
As discrepâncias também podem ser observadas no
caso da soja, já que a Conab estima uma produção de 114,8 milhões de toneladas,
inferior às 117,7 milhões esperadas pela Céleres e bem abaixo das 121,8 milhões
de toneladas projetadas pela Safras, no que poderia ser um novo recorde para a
cultura.

·  
No caso da soja, o aumento da oferta não parece ter
afetado os preços, mas as rentabilidades esperadas tendem a encolher como
reflexo de produtividades médias menores, na visão da Agroconsult.

·  
No médio norte de Mato Grosso, a rentabilidade deve
encolher 23,5%, com baixa ainda mais acentuada no sudoeste de Goiás (-31,5%).
Nas duas regiões, os preços médios pagos aos produtores
devem avançar em torno de 5% frente à safra 2017/19, mas a produtividade será
mais baixa (queda de 3,9% em Mato Grosso e de 9% no sudoeste goiano) e os
custos subiram entre 9,7% (GO) e 11% (MT).

·  
A rentabilidade do algodão continuará em terreno
amplamente positivo, mas tende a ser mais baixa, com retração de 37,6% no
noroeste da Bahia e de 34,6% no sudeste mato-grossense. Os preços tendem a ser
menores, mas o principal fator a explicar a queda, especialmente em Mato
Grosso, maior produtor da fibra, deverá ser a elevação de 17,2% nos custos
médios de produção, afetados pela alta de alguns insumos e especialmente pelo
aumento do dólar.

As
notícias de atraso no plantio de milho e de redução da área plantada de soja na
safra 2019/20 nos Estados Unidos movimentaram os mercados. Os preços do milho
nos contratos co12m vencimento neste mês acumulam elevação de quase 17% desde
maio. Para a soja, registrava-se variação em torno de 5% no mesmo período.