Saldo comercial bate recorde, com baixa para exportação e importação

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 09 de janeiro de 2024

O saldo na balança comercial de Goiás encerrou 2023 com o melhor resultado da série histórica, já que as exportações superaram as importações por uma diferença de aproximadamente US$ 8,964 bilhões. Na comparação com o ano imediatamente anterior, o superávit avançou 9,76% considerando o saldo de quase US$ 8,167 bilhões acumulado nos 12 meses de 2022. Todo o avanço no saldo comercial goiano, no entanto, foi assegurado pelo comércio com a China, agravando a dependência goiana em relação àquele mercado.

Os dados oficiais, consolidados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), demonstram ainda uma combinação nada virtuosa, como já registrado neste espaço, envolvendo um recuo das exportações e uma queda muito mais expressiva das importações, explicada em grande medida por um tombo nas compras de adubos importados, mas não exclusivamente. As vendas externas recuaram 2,13%, de US$ 14,148 bilhões para US$ 13,846 bilhões, o segundo melhor ano para o setor, enquanto as compras externas despencaram 18,37%, baixando de US$ 5,981 bilhões para US$ 4,883 bilhões.

Mais da metade das vendas externas goianas tiveram a China como destino final, lideradas pelos embarques de soja e milho em grão e carne bovina congelada. Na contramão da tendência geral, as exportações para o país asiático cresceram 9,01% entre 2022 e o ano passado, avançando de alguma coisa muito próxima de US$ 6,515 bilhões para US$ 7,102 bilhões. A participação chinesa na pauta de exportações do Estado elevou-se de 46,05% para 51,29%, ao mesmo tempo em que a fatia das importações moveu-se apenas marginalmente, recuando de 18,89% para 18,48%, ainda que as compras de produtos goianos realizadas pelos chineses tivessem sofrido baixa de 20,15%, reduzidas de qualquer coisa abaixo de US$ 1,130 bilhão para perto de US$ 902,096 milhões.

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Dependência chinesa

  • O saldo com os chineses, em consequência, experimentou um incremento de 15,13%, num ritmo mais intenso do que aquele registrado para o superávit comercial como um todo. Ao final do ano passado, Goiás passou a acumular um superávit de quase US$ 6,20 bilhões, saindo de US$ 5,385 bilhões, numa alta de US$ 814,891 milhões. Para comparar, o saldo comercial de toda a balança comercial havia anotado uma variação acumulada de US$ 797,148 milhões, vale dizer, o resultado com os demais países chegou a recuar e sua contribuição tornou-se ainda menos expressiva. Sozinha, a China respondeu por 69,16% do superávit goiano no ano passado, diante de uma fatia já bastante elevada um ano antes, de 65,94%.
  • Balanço
  • O desempenho negativo das exportações esteve associado muito mais à redução dos preços médios dos bens exportados, sobretudo das commodities agrícolas e metálicas, com incremento relativamente vigoroso nos volumes embarcados. Na média, os preços por tonelada experimentaram uma redução de 18,09% na comparação com 2022, ao mesmo tempo em que os volumes exportados subiram de 18,737 milhões para 22,386 milhões de toneladas, quer dizer, em torno de 3,649 milhões de toneladas a mais.
  • Esse avanço veio principalmente do aumento nas vendas de soja e milho em grão, quando medidas em toneladas. No caso da soja, o Estado chegou a exportar quase 11,334 milhões de toneladas no ano passado, correspondendo a um crescimento de 13,0% em relação às 10,027 milhões de toneladas exportadas em 2022. Mas os preços caíram 11,9%, o que gerou um leve recuo de 0,41% nas exportações medidas em dólares, de US$ 5,946 bilhões, em valores arredondados, para US$ 5,921 bilhões.
  • Os preços médios do milho exportado por Goiás também baixaram, numa redução de 14,3% no ano passado. Mas os volumes exportados aumentaram 58,1%, saltando de 3,321 milhões para 5,251 milhões de toneladas, num avanço de 1,930 milhão de toneladas. Esse avanço abriu espaço para um avanço de 35,54% na receita de exportações do cereal, subindo de US$ 947,553 milhões para US$ 1,284 bilhão.
  • O mercado chinês não apenas evitou perdas maiores na área da soja, mas sustentaram literalmente o salto nas exportações de milho. As vendas externas de soja em grão para a China chegaram a avançar 3,02% entre 2022 e 2023, passando de US$ 5,026 bilhões para US$ 5,178 bilhões. O avanço de 16,7% nos volumes embarcados rumo aos portos chineses, saindo de 8,487 milhões para 9,891 milhões de toneladas, algo como 87,27% de toda a exportação goiana da oleaginosa.
  • Os chineses comparam ainda 2,411 milhões de toneladas de milho, algo como 45,91% do total embarcado pelo Estado para o restante do mundo, num salto de 283,54% em relação a 628,612 mil toneladas um ano antes. A variação chegou a 1,782 milhão de toneladas, o que, por sua vez, correspondeu a uma contribuição de 92,34% para o crescimento das vendas externas totais do grão. Em dólares, as compras chinesas de milho goiana cresceram mais de seis vezes, subindo de apenas US$ 85,589 milhões para US$ 545,923 milhões.
  • Ainda na área das exportações, as maiores contribuições negativas vieram do complexo soja (grão, farelo e óleo), que tiveram as vendas reduzidas de US$ 7,725 bilhões para US$ 7,546 bilhões, num recuo de 2,32% (ou US$ 179,095 milhões a menos). As vendas externas de ouro, por sua vez, desabaram 51,5%, de US$ 496,988 milhões para US$ 241,102 milhões (quer dizer, US$ 255,886 milhões a menos).
  • A queda das importações refletiu principalmente a redução de 56,24% nas despesas com adubos importados, que saíram de US$ 1,999 bilhão em 2022 para US$ 875,030 milhões, com baixa de 48,2% nos preços médios nesta área. Mas os volumes de adubos importados pelo Estado baixaram de 2,887 milhões para 2,440 milhões de toneladas, numa redução de 15,48%.