Saneago dobra investimentos, amplia lucro e reduz perdas

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 11 de março de 2023

A assinatura de novos contratos e as ordens de serviço iniciadas ainda no primeiro trimestre deste ano, destinados à expansão dos sistemas de água e esgoto, as aquisições de caminhões e retroescavadeiras, softwares e equipamentos de informática, e ainda o arrendamento de veículos explicam o salto nos investimentos realizados pela Saneamento de Goiás S.A. (Saneago) ao longo do ano passado. Segundo relatório que acompanha o demonstrativo financeiro da companhia, divulgado na quinta-feira, dia 9, a concessionária investiu R$ 484,499 milhões no ano passado, frente a R$ 223,779 milhões em 2021, o que correspondeu a um salto de 116,51%.

Ao mesmo tempo, a companhia manteve em crescimento seu resultado líquido, realizando um incremento de 13,95% no ano passado, quando o lucro atingiu R$ 401,637 milhões, saindo de R$ 352,456 milhões um ano antes. Num indicador que sugere maior eficiência operacional, o índice de perdas no sistema foi reduzido de 27,13% no final de 2021 para 26,21% em dezembro do ano passado.

Parece ainda elevado, mas a Saneago lembra que foi a única empresa do setor em todo o País a conseguir conter as perdas num percentual inferior a 30%, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Em volume, o desperdício de água foi reduzido de quase 26,228 bilhões para 24,793 bilhões de litros, num corte de 5,47%, o que significou evitar perdas de 1,434 bilhão de litros.

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Os sistemas de abastecimento de água receberam 42,38% dos investimentos realizados no ano passado, algo como R$ 205,339 milhões, nada menos do que 76,91% acima dos R$ 116,070 milhões investidos em 2021, quando haviam representado 51,86% do investimento total. A Saneago destinou ainda R$ 102,932 milhões para as redes de esgoto, saindo respectivamente de R$ 69,797 milhões em 2021, numa alta de 47,47%. Especificamente no quarto trimestre de 2022, foram realizados investimentos de R$ 189,347 milhões, num aumento de 92,87% em relação aos R$ 98,172 milhões investidos em igual período do ano passado.

Outros investimentos

No grupo “outros”, os investimentos contemplaram o arrendamento de veículos, num total de R$ 103,588 milhões, e compra de caminhões e retroescavadeiras, assim como licenciamento de softwares e equipamentos de informática. Nos 12 meses de 2022, esse tipo de investimento foi multiplicado em mais de quatro vezes, saltando de R$ 37,912 milhões um ano antes para R$ 176,228 milhões, correspondendo a 364,84% a mais. Essa categoria de investimentos passou a responder por 36,37% do investimento total, o que se compara com uma participação de 16,94% em 2021. Mesmo descontando-se o arrendamento de veículos, o investimento restante apresentou crescimento de 70,22% na comparação com 2021 (saindo de R$ 223,779 milhões para R$ 380,911 milhões).

Balanço

  • A receita líquida apresentou variação quase em linha com o incremento observado na conta de custos e despesas totais, com avanços nominais de 12,59% e de 12,85%. O efeito final, no entanto, foi um crescimento mais robusto, em valores absolutos, na ponta do faturamento, superando o incremento anotado pelo custo dos serviços prestados e pelas despesas gerais.
  • No ano passado, a receita líquida avançou para R$ 2,763 bilhões saindo de R$ 2,453 bilhões um ano antes, correspondendo a um acréscimo de R$ 308,932 milhões. Custos e despesas, somados, passaram de praticamente R$ 1,942 bilhão para R$ 2,191 bilhões, o que correspondeu a uma variação de R$ 294,484 milhões.
  • A elevação de 13,51% nas despesas gerais com pessoal respondeu por 60,08% do incremento observado nas despesas e custos, com os gastos naquela área avançando de pouco menos de R$ 1,110 bilhão para quase R$ 1,260 bilhão – quer dizer, R$ 149,883 milhões a mais. Esse incremento foi determinado em boa medida pelas indenizações pagas pela empresa aos funcionários que aderirem ao plano de demissão voluntária (PDV), que somaram qualquer coisa ao redor de R$ 142,215 milhões, de acordo com a companhia.
  • Adicionalmente, a concessionária contratou mais 209 empregados neste ano, a um custo mensal médio de R$ 2,812 milhões, “valor ainda condizente com a economia mensal estimada em R$ 10,769 milhões” com o PDV.
  • O custo da energia elétrica, que a companhia pretende reduzir ao migrar seus sistemas para o ambiente de livre contratação, aumentou 6,53%, avançando de R$ 245,716 milhões para R$ 261,758 milhões, numa variação inferior à inflação do período a despeito da bandeira vermelha que vigorou entre 2021 e meados de abril de 2022 e do reajuste de 14,21% da tarifa de energia em 14,21% em outubro de 2021, com impactos maiores sobre o ano seguinte. No quarto trimestre, esse custo experimentou baixa de 21,48%, para R$ 59,392 milhões frente a R$ 75,637 milhões em 202, como decorrência da sanção, no final de julho do ano passado, da Lei Complementar 194/2022 que limitou a cobrança do ICMS na energia em 17%. Anteriormente a alíquota praticada era de 29%.
  • Com aumento de 17,92% no ano, as receitas financeiras realizadas pela Saneago subiram de R$ 119,123 milhões para R$ 140,466 milhões. As despesas nesta área avançaram em menor velocidade menor, saindo de R$ 143,311 milhões para R$ 158,946 milhões, ou seja, 10,91% a mais. As diferenças entre as duas contas permitiram reduzir o resultado financeiro negativo em 23,59%, passando de R$ 24,187 milhões para R$ 18,481 milhões.
  • O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, quer dizer, descontados fatores que não influenciam o fluxo de caixa, saltou 33,28% ao avançar de R$ 648,095 milhões para R$ 863,759 milhões, com a margem líquida (Ebtida sobre receita líquida) subindo de 26,41% para 31,26%.
  • A dívida líquida foi reduzida de R$ 385,781 milhões para R$ 295,244 milhões, em queda de 23,46%. Comparada a 2018, quando havia atingido R$ 921,711 milhões, a dívida já encolheu 67,97%. O saldo da dívida passou a responder por 30% do Ebitda ajustado, no acumulado em 12 meses, saindo de 60% em 2021. Em 2018, a dívida havia superado a geração de caixa operacional em 50%.