Saneago lucra 55,6% a mais e amplia investimento em 27,5% no semestre

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 22 de agosto de 2023

O forte incremento dos resultados da companhia no primeiro trimestre deste ano contribuiu para que a Saneamento de Goiás S.A. (Saneago) encerrasse o primeiro semestre com alta de 55,63% em seu lucro líquido, que avançou de R$ 149,427 milhões nos primeiros seis meses de 2022 para R$ 232,566 milhões em idêntico período deste ano. No trimestre inicial de 2023, o lucro havia experimentado salto de 457,9% ao subir de apenas R$ 23,255 milhões nos primeiros três meses de 2022 para R$ 129,742 milhões, num desempenho que permitiu à companhia superar a redução de 18,51% anotada no segundo trimestre deste ano, quando o resultado líquido atingiu R$ 102,824 milhões, saindo de R$ 126,172 milhões no mesmo trimestre do ano passado.

Segundo nota distribuída pela companhia, o resultado líquido do semestre refletiu a elevação de 7,8% nas receitas líquidas, quando comparadas à primeira metade do ano passado, e a uma redução de 2,14% nos custos e despesas totais na mesma comparação. Em valores nominais, as receitas subiram de R$ 1,326 bilhão para pouco mais de R$ 1,429 bilhões, num acréscimo de R$ 103,397 milhões, como reflexo do reajuste de 7,02% sobre as tarifas cobradas sobre os serviços de água e esgoto em vigor desde 1º de abril deste ano e ainda do aumento de 2,51% no volume de água faturada pela concessionária.

Mas a empresa destaca como um dos principais fatores a explicar o aumento no resultado anotado na última linha da conta de resultados a reversão da ação judicial movida pelo município de Minaçu, ocorrida no primeiro trimestre – o que influenciou igualmente os números da empresa do período, levando ao salto no resultado líquido diante do trimestre inicial de 2022. A ação foi julgada improcedente, o que permitiu a liberação de R$ 75,123 milhões que haviam sido provisionados (reservados) pela Saneago para fazer frente a uma eventual derrota no processo. O valor corresponde a pouco menos de um terço de todo o lucro realizado nos seis primeiros meses deste ano.

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Alguma desaceleração

O investimento enfrentou certa desaceleração no segundo trimestre, o que não impediu de fechar o primeiro semestre com aumento de 27,46% na comparação com os mesmos seis meses do ano passado. No trimestre inicial deste ano, a companhia havia realizado investimentos de R$ 187,786 milhões, num avanço de 51,02% frente aos R$ 124,342 milhões investidos em igual trimestre de 2022. Os dados do segundo trimestre mostraram um incremento mais moderado, mas ainda intenso, na faixa de 10,51%, com os valores evoluindo de R$ 172,903 mil par R$ 191,068 milhões. Na soma, a concessionária investiu R$ 378,859 milhões no semestre passado, o que se compara com R$ 297,244 milhões nos mesmos seis meses de 2022. A companhia atribui o aumento, entre outros fatores, à assinatura de novos contratos e ordens de serviço iniciados ainda no primeiro trimestre de 2022.

Balanço

  • Considerando os dados do segundo trimestre, a expansão do investimento foi liderada pela alta de 26,22% nos recursos destinados à ampliação e melhorias do sistema de captação, tratamento e distribuição de água, somando R$ 67,666 milhões no período, diante de R$ 53,6078 milhões no segundo trimestre do ano passado. As redes de esgoto receberam investimentos 55,02% menores, com R$ 10,162 milhões registrados neste ano frente a R$ 22,590 milhões no segundo trimestre de 2022.
  • Na categoria “outros”, o investimento registrou salto de 372,4%, de R$ 7,0 milhões para R$ 33,067 milhões, envolvendo o arrendamento de veículos, num valor total de R$ 11,852 milhões, compra de caminhões e retroescavadeiras (R$ 3,022 milhões) e aquisição de softwares destinados a reforçar a segurança cibernética para proteção de dados da companhia, num total de R$ 12,301 milhões. Mais R$ 80,173 milhões foram destinados a parcerias privadas “para a expansão dos serviços de esgotamento sanitários em Rio Verde, aparecida de Goiânia, Trindade e Jataí”. O valor representou, no entanto, queda de 10,63% em relação aos R$ 89,705 milhões investidos em parcerias no mesmo trimestre de 2022.
  • Ao longo do semestre, o segmento de água teve investimentos ampliados em 90,85%, de R$ 67,605 milhões para R$ 129,027 milhões, enquanto os recursos para a rede de esgotos murcharam 38,23%, encolhendo de R$ 33,679 milhões para R$ 20,802 milhões. Pelos mesmos fatores mencionados acima, a categoria “outros” anotou incremento de 164,61% no investimento, que cresceu de R$ 31,109 milhões para R$ 82,315 milhões. As parcerias estratégicas anotaram queda de 11,0% no investimento, de R$ 164,852 milhões para R$ 146,715 milhões.
  • Se as despesas tributárias crescerem 132,21% no primeiro semestre, de R$ 11,185 milhões para R$ 25,972 milhões, os gastos com pessoal e despesas energia elétrica anotaram quedas de 15,65% e de 20,96% em relação à primeira metade do ano passado. As duas contas mais do que compensaram a outra, levando à redução de 2,14% no total de custos e despesas, que saiu de R$ 1,116 bilhão para R$ 1,092 bilhão – uma “economia” de R$ 23,920 milhões.
  • Ainda na comparação entre os dois semestres, a despesa com pessoal saiu de R$ 684,292 milhões para R$ 577,218 milhões, resultando num corte de R$ 107,074 milhões. Os números do ano passado foram inflados pelos custos do plano de demissão voluntária, com desligamento de 443 funcionários a um custo de R$ 142,215 milhões efetuados no primeiro trimestre de 2022. Desconsiderados esses custos, os gastos com pessoal evoluíram de R$ 542,075 milhões nos seis primeiros meses do ano passado para aqueles mesmos R$ 577,218 milhões, demonstrando variação de 6,48%, “abaixo do reajuste da categoria de 11,90% concedido em 2022”, anota a companhia.
  • O plano de demissão voluntária resultou numa economia mensal estimada em R$ 10,769 milhões, o que abriu espaço, ainda em 2022, para a contratação de 209 novos empregados a custos mensal de R$ 2,812 milhões.
  • O gasto energia baixou de R$ 145,932 milhões para R$ 115,341 milhões, em queda de 20,96% entre os dois semestres analisados, sob influência da redução da alíquota do ICMS sobre a tarifa, de 29% para 17% a partir de junho do ano passado. Adicionalmente, a Saneago informa a migração de mais dez unidades consumidoras para o mercado livre, que tem oferecido tarifas mais baixas diante de uma situação hidrológica ainda melhor do que em 2021. Até junho, aquela migração gerou uma economia de R$ 7,361 milhões, conforme ainda a empresa.