Serviços desaceleram em Goiás, na contramão do restante do País

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 16 de março de 2024

A indústria de serviços instalada em Goiás não conseguiu acompanhar o desempenho expresso pelo setor no restante do País, considerando o comportamento médio observado no primeiro mês deste ano. Na verdade, esse descasamento entre os resultados do setor no Estado e nas demais regiões acompanhadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa mensal de serviços, tem sido observado ao longo de quase toda a segunda metade do ano passado e repetiu-se neste início de ano. Na sequência mensal, comparado ao mês imediatamente anterior, o volume de serviços vem caindo em Goiás desde agosto, chegando a janeiro ao sexto mês consecutivo de perdas. Na média do País, o setor apresentou números positivos em novembro, dezembro e janeiro, mas na sequência de três meses de baixa.

Entre julho do ano passado, quando os serviços registraram em Goiás seu nível mais elevado em toda a série histórica, e janeiro deste ano, o setor acumulou retração de 11,3%. A despeito das diferenças de desempenho nos três meses mais recentes, a atividade no setor de serviços praticamente não saiu do lugar no mesmo intervalo na média brasileira, com leve avanço de quase 0,2%. O resultado reflete a redução de 1,7% registrada entre julho e outubro do ano passado, seguido por um avanço de 1,5% a partir de setembro e até janeiro deste ano.

O volume de serviços caiu 1,7% na saída de outubro para novembro, recuou 0,3% em dezembro, diante do mês anterior, e sofreu baixa de 1,3% em janeiro, comparado ao último mês de 2023 em Goiás. Em todo o País, considerando os mesmos períodos, o setor avançou 0,5%, 0,7% e novamente 0,7% em janeiro último. Na comparação com igual período do ano anterior, o setor avançou 4,4% em novembro e passou a experimentar desaceleração nos dois meses seguintes, com o crescimento limitando-se a 1,9% em dezembro e apenas 0,1% em janeiro.

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Desaquecimento

O avanço acumulado em 12 meses manteve-se mais vigoroso em Goiás, por conta de taxas mais favoráveis registradas entre fevereiro e julho do ano passado, com alta de 6,2%. Para colocar o dado em perspectiva, deve-se considerar que a taxa acumulada em 12 meses havia atingido 7,0% em novembro passado. A desaceleração ocorre igualmente no restante do País, ainda que de forma mais suave, saindo de uma taxa de 3,1% nos 12 meses encerrados em novembro para 2,4% em janeiro (o mesmo índice anotado em dezembro). Retomando o dado mensal, a variação modestíssima de 0,1% em Goiás no primeiro mês de 2024 foi resultado da combinação de uma redução de 4,5% dos serviços prestados às famílias goianas na comparação com janeiro do ano passado e de um salto de 11,7% nos serviços de informação e comunicação.

Balanço

  • Os serviços às famílias no Estado, num reverso do que ocorre nas demais regiões do País quando olhadas em conjunto, passaram a recuar 0,9% em 12 meses até janeiro, diante de um salto de 12,0% em igual intervalo para o setor de informações e comunicação, em tese áreas que demandam mão de obra mais qualificada e especializada.
  • Os demais grandes setores dos serviços, ainda em Goiás, ficaram igualmente em terreno negativo na comparação entre janeiro deste ano e idêntico período de 2023. O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares, que inclui os serviços prestados por técnicos, aluguéis não imobiliários (máquinas, equipamentos e outros bens e ativos não imobiliários, por exemplo), serviços de apoio a atividades empresariais, devolveu em janeiro todo o avanço anotado em dezembro, saindo de um avanço de 7,4% para uma redução de 7,5%. O segmento acumula redução de 1,7% nos 12 meses finalizados em janeiro de 2024.
  • No caso de transportes, serviços auxiliares ao transporte e correio, foram dois meses de redução em sequência, com recuos de 1,5% e de 0,6% em dezembro e janeiro. A variação acumulada em 12 meses manteve-se relativamente forte, com alta de 8,8% em janeiro, mas abaixo do crescimento de 11,3% alcançado entre outubro de 2022 e novembro de 2023, na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores.
  • O grupo “outros serviços”, contemplando as áreas de coleta e tratamento de esgotos, gestão de resíduos, recuperação e descontaminação de materiais, atividades de apoio a serviços financeiros, atividade imobiliárias e outros, já havia despencado 7,3% em dezembro para recuar 0,5% em janeiro. Novamente, o avanço em 12 meses vem sendo declinante, baixando de 5,4% até novembro para 1,5% em janeiro.
  • A variação de 0,7% alcançada pelos serviços em todo o País na passagem de dezembro de 2023 para janeiro deste ano esteve associado principalmente à alta de 1,5% registrada no setor de informação e comunicação, ao avanço de 1,1% para serviços profissionais, administrativos e complementares e de 0,7% no setor de transportes, principalmente com os avanços de 2,9% e de 0,6% nos segmentos de passageiros e de cargas, respectivamente. Os serviços prestados às famílias, numa sinalização de menor disposição para o consumo nesta área, sofreram baixa de 2,7% (diante de altas de 3,0% e de 4,3% em novembro e dezembro).
  • A virada de sinal entre dezembro, quando os serviços encolheram 1,9% frente ao mesmo mês de 2022, e janeiro, com alta de 4,5% frente ao mês inicial de 2023, foi determinado pelo incremento de 3,9% nos serviços prestados às famílias (que haviam crescido 8,0% em dezembro); pelos saltos de 6,8% e de 5,0% nas áreas de informação e comunicação e de serviços profissionais e administrativos. Transportes e outros serviços cresceram ambos a uma taxa anual de 3,1%.