Vendas do varejo amplo avançam pelo oitavo mês consecutivo em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 15 de março de 2024

Puxadas pelos supermercados e concessionárias de veículos e motos, as vendas do varejo ampliado registraram em janeiro o oitavo resultado mensal positivo na pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No dado dessazonalizado, que exclui fatores e eventos que sempre ocorrem na mesma época todos os anos e podem comprometer a comparação, as vendas do comércio naquele conceito mais amplo, que inclui veículos, material de construção e o chamado atacarejo de alimentos, bebidas e cigarros, acumularam alta de quase 11,0% na comparação entre janeiro deste ano e maio do ano passado, depois de avançarem 2,3% na passagem de dezembro para o primeiro mês de 2024.

A taxa foi duas vezes mais intensa do que a variação acumulada em igual intervalo pelo varejo restrito, que demonstrou evolução levemente inferior a 5,0%. Nessa classificação, que considera estabelecimentos que operam exclusivamente no segmento varejista, o desempenho tem apresentado maiores oscilações entre quedas e altas. Para comprovação, o volume de vendas nesta área havia sofrido baixa de 4,5% em novembro, frente a outubro, quando havia variado apenas 0,2%. Em novembro e dezembro, considerando os meses imediatamente anteriores, o varejo restrito apresentou variação de 0,5% (a taxa se repetiu nos dois meses), atingindo incremento de 2,2% em janeiro.

Ainda em janeiro, mas em relação ao mesmo mês do ano passado, as vendas do varejo restrito cresceram 4,0%, com alta de 6,0% para o setor varejista ampliado. No primeiro caso, foi o segundo resultado mensal positivo em sequência, saindo de uma redução de 1,5% em novembro. O varejo amplo anotou o quinto mês de crescimento nesse tipo de comparação, agora num ritmo mais acelerado, depois de variações de 2,3% em novembro e de 2,1% em dezembro. Em ambos os casos, o setor em Goiás segue a tendência maior registrada no restante do País, com aceleração no ritmo mensal das vendas, na sequência dos ganhos de renda dos trabalhadores e do reforço às políticas de transferência de renda para famílias menos favorecidas.

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Média nacional

Na média do comércio em todo o País, as vendas haviam recuado 1,4% no varejo mais restrito e 1,5% no segmento mais amplo em dezembro, na comparação com novembro, e passaram a crescer, respectivamente, 2,5% e 2,4% em janeiro. Na comparação com igual mês do ano anterior, o ritmo de crescimento igualmente ganhou fôlego, com a taxa de crescimento saindo de 1,2% e 0,1% respectivamente no varejo restrito e no comércio varejista ampliado em dezembro para, na mesma ordem, 4,1% e 6,8%. “O comércio varejista, para além de oscilações pontuais, passou por um período de baixa atividade nos últimos meses de 2023. Agora em janeiro de 2024, as vendas reais do setor voltaram a se expandir mais fortemente”, anota o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Balanço

  • Os dados regionais sobre o varejo não trazem a abertura por segmento quando se trata da comparação mês a mês, o que dificulta uma avaliação mais detalhada da estatística dessazonalizada. Essa abertura, no entanto, está disponível quando a comparação ocorre com igual período do ano anterior. Neste caso, o que se pode observar, em Goiás, é um desempenho vigoroso das vendas nos supermercados e, num aparente paradoxo, também no setor de veículos, motos e autopeças.
  • O volume de vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo chegou a janeiro deste ano ao sétimo mês consecutivo de crescimento, com altas, num período mais recente, de 8,4% em novembro, de 15,7% em dezembro do ano passado e de 10,7% em janeiro deste ano. As vendas no setor haviam crescido 3,5% nos 12 meses de 2023 e passou a acumular incremento de 4,6% até janeiro, igualmente em 12 meses. Para recordar, até novembro do ano passado, a alta em 12 meses havia sido de 1,1%.
  • As concessionárias de veículos e motos e revendas de autopeças, por sua vez, têm conseguido elevar suas vendas há seis meses e registraram elevações de dois dígitos durante todo aquele período. Nos últimos três meses, de toda forma, a despeito do avanço vigoroso, houve certa perda de ritmo, com as altas saindo de 25,9% para 19,2% entre novembro e dezembro, chegando a um incremento de 10,1% em janeiro. No acumulado em 12 meses, o setor cresceu 12,0% até o primeiro mês deste ano.
  • O desempenho tem sido mais desigual nos demais setores, com destaque negativo para o setor de combustíveis e lubrificantes, que caem há sete meses. Considerando igual período do ano anterior, os volumes vendidos pelo segmento despencaram 12,0% em novembro, mais 19,7% em dezembro e 9,0% em janeiro (sugerindo alguma acomodação na intensidade das perdas, que ocorrem, de toda forma, sobre bases já muito reduzidas).
  • As lojas de tecido, vestuário e calçados registraram em janeiro deste ano a primeira alta desde agosto do ano passado, mas numa variação modestíssima de 0,6% em janeiro. Em 12 meses, o setor amarga perda de 2,4%. As vendas de móveis e eletrodomésticos, que dependem mais do crediário, caíram pelo terceiro mês em seguida, com perdas de 7,0%, de 6,1% e de 7,4% em novembro, dezembro e janeiro, respectivamente.
  • O setor de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação vinha caindo desde agosto e emplacou o primeiro avanço em janeiro, com salto de 28,4% (ainda insuficiente para compensar as perdas acumuladas em 12 meses, que chegaram a 2,4% até janeiro).
  • As vendas de materiais de construção estão em baixa desde novembro, enquanto o atacarejo de alimentos, bebidas e fumo avançou 8,4% em janeiro, no primeiro resultado positivo desde janeiro do ano passado.
  • No cenário nacional, observa o Iedi, “a trajetória hesitante do varejo, tomado em seu conceito ampliado, marcou o último quadrimestre do ano passado: +0,3% em setembro; -0,2% em outubro; +1,5% em novembro e -1,5% em dezembro, sempre com ajuste sazonal. A alta de 2,4% em janeiro de 2024 abre a perspectiva de mais vigor”.