Coluna

Valor de investimentos anunciados para Goiás desabam 54% no primeiro semestre

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 02 de agosto de 2019

Os
indicadores de investimento em Goiás embicaram para baixo no primeiro semestre,
sugerindo uma redução no “ânimo” dos empresários em meio a incertezas sobre o
futuro da economia de forma mais ampla e mais especificamente sobre o
comportamento da demanda nos meses à frente. O cenário de dúvidas tem sido
reforçado ainda por disputas políticas, uma polêmica delicada envolvendo o
governo e a principal distribuidora de energia (o que
pode comprometer melhorias no setor), drástica redução do investimento do setor
público e ameaças de maior arrocho nesta área (vale dizer, de maiores cortes
nos recursos destinados pelo Estado para bancar seus investimentos, afetando a
modernização e a qualidade da infraestrutura).

Olhando
adiante, as empresas parecem ter muito mais dúvidas do que certezas, o que
explicaria a redução vertical nas intenções de investimento. A Rede Nacional de
Informações sobre o Investimento (Renai), do Ministério da Indústria, Comércio
Exterior e Serviços (MDIC), por exemplo, levanta estatísticas sobre o tema em
parceira com secretarias estaduais de desenvolvimento econômico e federações
regionais da indústria (por meio da rede de Centros Internacionais de
Negócios). Nos números do primeiro semestre, o valor total dos investimentos
anunciados para o Estado atingiu US$ 448,067 milhões, expressando uma retração
de 53,9% em relação à primeira metade de 2018, quando os anúncios endereçados a
Goiás haviam alcançado US$ 972,845 milhões.

Antes de
prosseguir, vale anotar que esses dados dizem respeito aos anúncios em que a
empresa investidora (ou potencial investidora) identifica o local onde pretende
realizar o investimento anunciado. Adicionalmente, o mero anúncio de
determinado projeto não é garantia de sua realização e implantação. Feita a
ressalva, o valor anunciado ao longo dos primeiros seis meses deste ano foi o
segundo mais baixo para o período em toda década, superando apenas os anúncios
registrados no primeiro semestre de 2016 (apenas US$ 80,0 milhões, em números
aproximados).

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Concentração

Além da
redução, há novamente uma concentração importante nos anúncios capturados pela
Renai. Quase 69% do valor anunciado no semestre dizem respeito a uma única
operação, divulgada pela CMOC Brasil, subsidiáriada China Molybdenum (CMOC),
que prevê investir US$ 308,483 milhões na expansão de suas operações em
Catalão, onde explora nióbio e fosfato. A expectativa é de geração de quase 2,0
mil empregos na fase de implantação do projeto de ampliação e mais 500 vagas
depois de concluída a obra, a ser iniciada ainda neste ano para se tornar
operacional em 2021. No ano passado, também entre janeiro e junho, praticamente
63,5% do valor anunciado tinham como fonte a Enel, controladora da antiga Celg
Distribuição, que antecipou seus planos de investir US$ 617,284 milhões em
expansão e melhorias na rede elétrica no Estado.

Balanço

·  
Na
sequência, de volta ao primeiro semestre deste ano, o segundo maior projeto, no
valor de US$ 87,5 milhões, será realizado pelo grupo São Martinho, que produz etanol
em Quirinópolis. O projeto contempla a instalação de uma unidade para produção
de etanol a partir do milho, com capacidade para 200 milhões de litros por
safra e mais 140 mil toneladas de grãos secos de milho por destilação (DDG),
destinado à nutrição animal.

·  
A usina
espera iniciar o investimento neste ano, mas não divulgou o prazo para sua
conclusão.

·  
A Cooperativa
Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo) espera
investir US$ 31,250 milhões na construção, ainda neste ano, de dois silos de
grãos em sua fábrica de ração em Piranhas.

·  
A
empresa Aurora da Amazônia, do setor de transportes, pretende investir US$
20,833 milhões na construção e modernização de armazéns e de pátios, aquisição
de máquinas, terrenos e escritórios na área alfandegada do Porto Seco de
Anápolis. Embora tenha previsto o início das obras para este ano, a empresa não
anunciou quando pretende concluir o projeto.

·  
Em outro
indicador negativo, as consultas de empresas goianas ao
Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) caíram 32,2% no primeiro
semestre, baixando de R$ 1,036 bilhão para US$ 701,968 milhões, o mais baixo
para o período em 16 anos e 82,5% abaixo do recorde nominal registrado em 2008
(R$ 4,016 bilhões).

·  
As
consultas ao BNDES no Centro-Oeste mantiveram-se estáveis em R$ 3,664 bilhões,
graças ao salto de 36,8% em Mato Grosso (de R$ 1,728 bilhão para R$ 2,363
bilhões, 64,5% do total regional).

As importações de bens de capital, da mesma
forma, encolheram 4,96% no primeiro semestre, saindo de US$ 161,270 milhões em
2018 para US$ 153,276 milhões neste ano.