Vendas reagem em Goiás no final do ano e recuam no restante do País

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 08 de fevereiro de 2024

Entre idas e vindas, o varejo goiano conseguiu engatilhar alguma reação no final do ano, avançando na passagem de novembro para dezembro, seguindo tendência inversa àquela observada, na média, para todo o restante do País. Os números colhidos pelo setor em dezembro, de toda forma, não mudaram essencialmente um desempenho que já vinha sendo modesto ao longo dos meses anteriores, embora sinalize a perspectiva de uma tendência mais promissora para os meses seguintes. A pesquisa mensal do comércio, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada ontem, aponta um crescimento de 3,0% para os volumes vendidos pelo varejo convencional em dezembro, na comparação com novembro, e elevação de 0,6% para o varejo amplo, que inclui concessionárias de veículos e motos, lojas de autopeças e de materiais de construção e o chamado “atacarejo” de alimentos, bebidas e fumo.

O avanço registrado pelo comércio varejista mais tradicional no último mês de 2023, no terceiro melhor desempenho entre os Estados e Distrito Federal, veio depois de um tombo de 4,4% em novembro. Vale dizer, a reação observada em dezembro não chegou a repor as perdas anotadas no mês imediatamente anterior, acumulando recuo de 1,6% em relação a setembro – mês em que o varejo goiano registrou seu melhor resultado nos 12 meses do ano passado. O setor varejista ampliado chegou a dezembro ao sétimo resultado mensal positivo, numa variação de 0,6% frente a novembro (sexto melhor desempenho entre as regiões pesquisadas) e um ganho acumulado de 8,2% desde maio, em grande medida por conta dos estímulos criados pelo governo federal numa tentativa de animar vendas e produção no setor automobilístico.

Tendência inversa

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Os dados para o País como um todo mostram quedas de 1,3% e de 1,1% para as vendas respectivamente do varejo convencional e para o ampliado na saída de novembro para dezembro, com quedas de 3,5% para o setor de tecidos, vestuário e calçados; tombo de 7,0% no segmento de móveis e eletrodomésticos; recuo de 0,5% para farmácias, artigos médicos e ortopédicos e perfumes; baixas de 2,3% e de 13,1% para livrarias e papelarias e para lojas de equipamentos para escritórios e informática; queda de 3,8% para bens de uso pessoal; e baixa de 4,5% para veículos, motos e autopeças. Ainda nos resultados nacionais, apenas três segmentos conseguiram alcançar números positivos, com elevação de 1,5% para os volumes vendidas pelos postos de combustíveis, avanço de 0,8% para supermercados e hipermercados e variação de 0,4% no setor de materiais de construção.

Balanço

  • Na comparação com dezembro de 2022, o desempenho do comércio goiano já não ganhou tanto destaque, ainda que os dados sejam positivos. O varejo tradicional apresentou elevação de 1,3% na sequência de uma retração de 1,5% em novembro (comparado ao mesmo mês do ano anterior). Entre os Estados e o DF, Goiás anotou a 16ª maior variação nesse tipo de comparação. Nos 12 meses do ano passado, a variação ficou limitada a 0,7%.
  • Para o setor varejista ampliado, as vendas apresentaram o quarto mês de resultados positivos, avançando 2,3% em dezembro, praticamente a mesma taxa observada em novembro. Nesta área, o ano encerrou-se com recuo de 0,2%, saindo de um incremento de 1,5% em 2022 e salto de 10,1% em 2021 (parcialmente explicado pelo baixo desemprenho observado em 2020, quando as vendas haviam recuado 2,4%).
  • Entre 11 setores acompanhados pelo IBGE no Estado, cinco registraram ganhos em dezembro, a começar pelo setor de super e hipermercados, com alta de 15,7% frente ao último mês de 2020, principal destaque no varejo. Também observaram avanços os setores de produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e perfumes (mais 7,9%), livrarias e papelarias (7,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (4,9%) e veículos (salto de 19,2%).
  • Entre os seis setores em queda, as piores perdas atingiram os segmentos de combustíveis e lubrificantes, num tombo de 17,8% e perda acumulada no ano de 7,7%, e móveis e eletrodomésticos, que sofreram perdas de 6,1% no mês e fecharam 2023 com variação de apenas 0,5%.
  • Na média do País, o varejo convencional apresentou elevação de 1,3%, liderado pelo avanço de 5,6% nos supermercados e hipermercados. Nos 12 meses do ano passado, o segmento chegou a avançar 1,7%, em alguma aceleração diante do ganho de 1,0% anotado em 2022. No acumulado em 12 meses, o ano passado registrou a sétima alta anual consecutiva. No comércio varejista ampliado, as vendas não saíram do lugar em dezembro, com o resultado final do ano apontando variação de 2,4% (o que se compara com o recuo de 0,6% observado em 2022).
  • Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), “os bens de consumo duráveis estiveram entre os maiores freios do comércio neste final de ano. As duas quedas mais intensas, ainda na série com ajuste sazonal, ficaram a cargo de equipamentos de informática, comunicação e de escritório (-13,1%) e móveis e eletrodomésticos (-7,0%). Já as vendas de veículos e autopeças variaram -4,5%, o terceiro pior resultado entre os dez ramos identificados pelo IBGE”.
  • Ainda assim, complementa o Iedi, “pode-se dizer que o varejo trilhou um caminho bem diferente do da indústria no agregado de 2023, mas neste caso se saiu melhor”, já que a produção industrial apresentou variação quase nula ao avançar 0,2%.
  • Num balanço de 2023, o instituto acrescenta que aproximadamente 40% dos ramos do varejo, na classificação do IBGE, “apresentaram declínio em 2023”, com destaque negativo para lojas de tecidos, vestuário e calçados. O segmento, que encerrou 2023 em retração de 4,6%, já havia anotado recuo de 0,5% um ano antes, “na esteira da concorrência, nem sempre isonômica, exercida por plataformas internacionais”. Ainda conforme o Iedi, o ramo de outros artigos de uso pessoal e doméstico, “que incluem as lojas de departamento, também assumiram trajetória semelhante”, amargando perdas de 10,9%.