Com bloqueio de celulares, Anatel quer reduzir roubos

Em Goiás, a negociação com a Polícia Civil está avançada, mas ainda não há data marcada para implantar o serviço

Postado em: 09-03-2016 às 08h00
Por: Sheyla Sousa
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Em Goiás, a negociação com a Polícia Civil está avançada, mas ainda não há data marcada para implantar o serviço

Karla Araújo

Para conter os furtos e roubos de celulares no Brasil, delegacias estarão conectadas com as operadoras para realizar o bloqueio das linhas e aparelhos usando apenas o número de telefone. O sistema já funciona nos Estados da Bahia, Ceará e Espírito Santo. Em Goiás, a negociação com a Polícia Civil está avançada em relação às demais Unidades de Federação, mas ainda não há data marcada para implantar o serviço. 

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A medida foi anunciada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ontem (8) e consiste em um sistema integrado entre operadoras e delegacias. Em caso de furto ou roubo de aparelho celular, a linha e o aparelho são bloqueados durante o registro do Boletim de Ocorrência. Com isso, o celular não poderá acessar nenhum tipo de rede– internet ou telefonia. 

De acordo com o presidente da Anatel, João Rezende, a providência é pontual, mas é importante para o combate a esse tipo de crime. “Infelizmente é um tipo de violência que se tornou comum por causa do valor que se consegue no mercado ilegal”, lembra o presidente. Rezende afirma que a Anatel investirá na divulgação, para que o registro se torne comum e os aparelhos deixem de ter utilidade para os criminosos. 

Mesmo nos Estados em que o bloqueio ainda não é feito nas delegacias, a vítima de furto ou roubo de celular pode fazê-lo ao entrar em contato com a operadora e informar apenas o número do telefone. A medida começou a valer no fim de fevereiro. No Brasil, há registro de mais de 6 milhões de celulares roubados que foram bloqueados após furtos e roubos. Esse dado é contabilizado pela Anatel desde 2000.

Procedimento

Antes, o bloqueio só poderia ser feito se a vítima informasse à operadora o IMEI do celular (sequência numérica do celular equivalente ao chassi do automóvel). O código fica registrado na caixa do produto e na nota fiscal. Para o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, José Alexandre Bicalho, a dificuldade de conseguir esse número momentos após um assalto faz com que a maior parte das vítimas deixe de bloquear os aparelhos. 

Para realizar qualquer movimentação em relação à linha e aparelho, a vítima precisa apresentar documentos que provem a propriedade dos produtos. Segundo Bicalho, além casos individuais, o sistema também deverá auxiliar empresários em caso de furto de cargas, pois facilita o registro dos aparelhos pelo IMEI e o bloqueio acontece em poucas horas. No antigo sistema, eram necessárias semanas para a consumação do bloqueio. 

Principal alvo de roubos são pertences pessoais, diz delegado 

O titular do Grupo de Repressão a Latrocínio da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), Klayter Camilo de Resende, afirma que é frequente a ocorrência de latrocínios em que o objetivo do roubo é o celular. Para ele, o objetivo de diminuir a ocorrência de furtos e roubos dos aparelhos será alcançado apenas se houver divulgação massiva do bloqueio. 

Amanda Damasceno, 22, foi assaltada duas vezes e em todas elas bloqueou o celular. Na primeira vez ela ligou na operadora e informou o IMEI. Na segunda, usou um aplicativo para fazer o procedimento. “Não tive como me defender em nenhum dos casos. Não sei se eles estavam armados, mas não quis descobrir, então apenas entreguei o celular”, conta Amanda. 

“Mais da metade dos latrocínios registrados em Goiânia ocorrem em tentativa de roubos de pertences pessoais”, afirma o delegado. De acordo com ele, em depoimento, os autores dos crimes sempre dizem que a arma disparou sozinha ou que se assustaram quando a vítima correu ou tentou reagir. 

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