Crianças do Chile escrevem para refugiados sírios

Os desenhos e mensagens alegraram as crianças sírias que estão na Jordânia

Postado em: 15-10-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Os desenhos e mensagens alegraram as crianças sírias que estão na Jordânia

Uma dezena de crianças sírias refugiadas — entre os pouco mais de 20 mil meninos e meninas vivendo no campo de Azraq, na Jordânia — receberam no início do mês um correspondência inesperada diretamente da América Latina. Guardados numa maleta vermelha, desenhos e cartas escritas em árabe de jovens do Chile chegaram à escola dos deslocados trazendo esperança e alegria.
Produzidas por uma centena de garotos e garotas chilenos que vivem na cidade de Sagrada Família — a três horas da capital Santiago —, as mensagens percorreram cerca de 13 mil quilômetros até chegar ao país que faz fronteira com a Síria e que acolhe atualmente cerca de 630 mil pessoas vindas da nação em guerra.
Em Azraq, são 36 mil refugiados sírios. Mais da metade — 58% — é de crianças e jovens, o que motivou o governo e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) a abrir escolas no campo.
A iniciativa das cartas partiu do município chileno, que pediu apoio do organismo das Nações Unidas para encaminhar o material aos destinatários. Estudantes de três centros de ensino primário — Santa Emília, A Ilha e O Valdívia — expressaram preocupação com a guerra na Síria e propuseram a troca de mensagens com crianças refugiadas para enviar palavras de apoio. Após escreverem os textos em espanhol, o material foi traduzido para o árabe por uma família síria que mora em Sagrada Família.
“Desde o primeiro minuto, notamos que se tratava de um gesto de solidariedade inigualável. Cerca de cem meninos e meninas chilenos escreveram mensagens de esperança para crianças a quem não conhecem e que vivem em países muito distantes. Elas nunca os viram, nunca conversaram com os garotos sírios. Mas pintaram e escreveram para entregar uma mensagem de esperança, desejando-lhes paz, segurança e felicidade”, explicou a funcionária de proteção do ACNUR, Rebecca Steward.
A iniciativa também está relacionada aos esforços do município para melhorar a convivência escolar e acabar com a prática de bullying entre os estudantes, explicou a secretária de Cultura do município, Brenda Sandoval. “O objetivo foi ensinar aos garotos que eles não são apenas habitantes da cidade, mas também do mundo, e que o sofrimento, as alegrias, as mesmas experiências daqui podem estar acontecendo em outras partes do planeta”, afirmou.
O ACNUR reconhece, no contexto do Plano de Ação do México (2004) e do Plano de Ação do Brasil (2014) para a América Latina, o papel dos governos locais na criação de políticas públicas que estimulem a integração de refugiados à comunidade local e a promoção da diversidade e da interculturalidade.
Os meninos e meninas da cidade chilena já receberam a notícia de que suas cartas chegaram ao destino. Felizes, puderam assistir aos vídeos enviados do acampamento de Azraq, que mostram seus novos amigos recebendo as cartas e as lendo em voz alta. “Amamos as crianças do Chile!”, gritou um dos garotos sírios, sorrindo, enquanto lia uma mensagem.
 

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