Garota é encontrada morta

O corpo da menina Ana Clara Pires Camargo, de sete anos, foi encontrado próximo ao local onde morava; suspeito era vizinho da família

Postado em: 23-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O corpo da menina Ana Clara Pires Camargo, de sete anos, foi encontrado próximo ao local onde morava; suspeito era vizinho da família

Mardem Costa Jr., Wilton Morais  e Caio Marx 

Terminou tragicamente a busca pela menina Ana Clara Pires Camargo, de sete anos, desaparecida desde o último dia 17 de fevereiro. O corpo da vítima foi localizado na manhã de ontem (22) às margens de uma estrada vicinal que dá acesso a GO-462, na altura da Unidade Arroz e Feijão da Empresa Brasileira de Pesquisa (Embrapa). O local fica cerca de 10 quilômetros do Residencial Antônio Carlos Pires, periferia de Goiânia, onde Ana Clara vivia com a família.

O caso foi desvendado após vigilantes da Embrapa terem estranhado a presença de um Volkswagen Gol prata abandonado nas proximidades da empresa pública de pesquisa agrícola. Ao chegarem perto do veículo, depararam com um cadáver infantil e acionaram a polícia. Bombeiros e policiais que participaram da operação de resgate do corpo da menina relatam indícios de uma tentativa de queimar o corpo da criança com soda e álcool.

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Luiz Carlos Costa Gonçalves, 35, é apontado pela investigação como o autor do crime. Ele teria morado no mesmo bairro que a menina por alguns meses, mas não mais residia no setor na época do desaparecimento. Vizinhos de Ana Clara relatam terem visto o possível autor andando pela região no carro encontrado pelos vigilantes. Populares chegaram a se dirigir para a casa onde o suspeito morou para incendiá-la, mas foram contidos pela Polícia Militar.

Ficando comprovada a participação do suspeito, ele poderá ser indiciado por homicídio triplamente qualificado, ocultação e vilipêndio de cadáver e existe a possibilidade de qualificação de feminicídio. Outras qualificadoras poderão ser incluídas de acordo com a perícia que a Polícia Técnico-Científica fará no corpo de Ana Clara.  

Caso

Segundo a cabeleireira Glauciane Pires Silva, mãe da garota, Ana Clara saiu para comprar refrigerante e foi vista conversando com alguém em um carro prata e voltou para casa para almoçar. Depois ela saiu novamente para entregar um dinheiro à vizinha e, então, não retornou mais. 

Conforme informações da polícia, a menina chegou a ir à casa da vizinha, mas não deixou dinheiro algum. O desaparecimento ocorreu no retorno para sua casa. De acordo com a mãe de Ana Clara, ela tinha o hábito de andar sozinha pelo bairro. 

Logo que a informação do falecimento da garota foi confirmada, o policiamento da região foi reforçado e alguns comerciantes fecharam as portas. O luto também foi comungado pela Escola Municipal Orlando de Morais, onde a menina estudava. 

Familiares e amigos estão abalados 

Apesar do dia ensolarado, no Residencial Antonio Carlos Pires, região norte de Goiânia, os moradores estavam com o semblante caído. Para a aposentada Maria José, vizinha da menina, a confirmação da morte da criança foi um choque. “Conheci Ana Clara quando ela tinha três aninhos. Sempre a vi diariamente aqui na porta de casa”, conta a vizinha. 

Para o tio Leandro Neres, trabalhador da zona rural, Ana Clara era uma menina muito inteligente, divertida e querida por todos. “Quando ia brincar de pegar no pé dela, ela que pegava no meu. Andava com maquiagens diariamente. Sempre pronta para maquiar toda a família. Nem eu escapava”, conta o tio emocionado e tentando segurar o pranto. “Ela conversava como se fosse adulta”, complementa. 

Outros moradores da vizinhança relatam que a menina quase não saia. “Se perguntasse, ela saberia o telefone do padrasto. Infelizmente foi iludida”, contou um morador que preferiu preservar sua identidade. “Ana Clara brincou com minha filha, de cinco anos, uma vez. Não temos o costume de deixar que as crianças fiquem na rua”, relata o homem. 

Na tarde de ontem, apenas a avó e um primo de Ana Clara estavam presentes. De acordo com o socorro de uma ambulância que realizava o plantão na residência, o primo havia passado mal, por conta da pressão alta e precisou ser levado para o Cais. A avó também chegou a passar mal, porém, não precisou ser encaminhada.  Abalada, a família e alguns amigos chegava aos poucos na residência. 

A vendedora Jaqueline Silva e cliente da mãe de Ana, conta que a criança gostava muito de estudar e ir à escola. “Nunca aconteceu isso aqui. Ela estudava com meu filho. Agora não tenho coragem de pedir mais que meu filho vá comprar um pão na padaria”, desabafa com a voz embargada. Na Escola Municipal Orlando de Morais, os alunos foram dispensados na tarde de ontem. Segundo a diretora Delka Pires, tanto servidores da escola como alunos não possuíam estrutura emocional para o dia letivo. Placas e um mural eram produzidos em homenagem a jovem. De acordo com familiares, o sepultamento da menina deve acontecer em Palmeiras de Goiás a 90 quilômetros de Goiânia.


Suspeito de matar Ana Clara é morto 

Luiz Carlos Costa Gonçalves, 35, suspeito de assassinar Ana Clara Pires Camargo, de 7 anos, foi morto na tarde desta quarta-feira (22) depois de trocar tiros com a polícia. O homem foi encontrado no setor Lorena Park em Goiânia na tarde desta quarta-feira (22) por equipes do Serviço Reservado da Polícia Militar (PM2) e Polícia Civil (PC).

O suspeito responde por dois crimes, cometidos no Pará, sendo autuado por violência doméstica em março de 2015 e lesão corporal, contra três pessoas em fevereiro de 2016, entre elas a companheira que o denunciou anteriormente. Exames realizados por determinação do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) indicaram que o homem possui esquizofrenia, condição mental que o faria incapaz de responder pelos crimes.

No computador de Luiz Carlos, a Polícia Civil encontrou possíveis registros de ligação entre ele e a vítima. Nos arquivos publicados pela polícia, é possível ver um post do Facebook em que fotos da menina são divulgadas com a mensagem “desaparecida”. Também foi localizada uma publicação supostamente feita pelo próprio suspeito em um grupo da rede social. O post tem a foto de uma menina sentada em uma cadeira, amarrada pelo torax e pelas mãos com a legenda: “Minha nova namorada”.

Causa da morte

O Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia informou que a causa provável da morte da garota Ana Clara Pires Camargo, foi traumatismo craniano. De acordo com o diretor do IML, Marco Egberto, a suspeita é que a criança tenha morrido na sexta-feira (17), pela situação em que o corpo foi encontrado. Egberto ressaltou ainda que não há como confirmar se a vítima sofreu algum tipo de violência sexual, mas será necessário coletar material genético para a confirmação oficial, o que deve acontecer em um semana.

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