Custo da produção do Etanol encarece gasolina em Goiás

A previsão é que, nos próximos meses, haja uma redução para aliviar o bolso dos motoristas

Postado em: 23-06-2021 às 07h44
Por: Daniell Alves
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A previsão é que, nos próximos meses, haja uma redução para aliviar o bolso dos motoristas | Foto: Reprodução

Mesmo sendo a segunda maior produção de cana-de-açúcar do país, o preço do etanol em Goiás segue como um dos mais caros do território brasileiro chegando a R$ 4,87 na Capital. A expectativa era que a entressafra reduzisse os custos de produção do combustível, o que não ocorreu e pode ter provocado a alta no preço da gasolina, que tem de 25 a 27% do álcool anidro. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado (Sindiposto-GO), Márcio Andrade, a justificativa para a alta é o aumento do custo de produção no campo e atraso na safra devido à falta de chuvas.

O consumidor acaba ficando sem alternativas, tendo em vista o alto custo da gasolina motivado por uma combinação de entressafra e aumento de demanda, o preço do etanol hidratado acumula aumento de 21,1% desde janeiro, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Mesmo sendo o segundo maior produtor nacional de cana-de-açúcar, Goiás possui uma das gasolinas mais caras do país. O litro da gasolina comum chega a R$ 6,27 e do etanol até R$ 4,87 na Capital. Nesta época de safra era esperada uma queda nos valores, mas não foi o que ocorreu. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado (Sindiposto-GO), Márcio Andrade, a justificativa para a alta é o aumento do custo de produção no campo e atraso na safra devido à falta de chuvas.

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Ele reforça que não tem uma previsão de redução futura, mas se mantém ainda otimista com o cenário. “Não posso fazer previsão, porque o momento que estamos vivendo agora está totalmente atípico, porque estamos em momento de safra da cana e a nossa expectativa era de que os preços diminuíssem e isso não aconteceu, e estão aumentando. Como sou otimista, acredito que possa haver uma redução durante esses próximos meses, é a minha torcida”, diz.

O presidente acredita que não será como nas outras safras, que os preços reduziam drasticamente, porém afirma a necessidade uma redução para que haja estabilidade. Ele revela que o aumento é uma consequência do repasse das demais cadeias que compõe o mercado. “Toda vez que tem esses aumentos nas bombas, 99% deles são oriundos dos preços que são aumentados nas distribuidoras. A nossa margem de lucro [dos postos] é pequena”, explica.

Já o Sindicato Nacional dos Distribuidores de Combustíveis (Sindicom) explica que a composição dos preços leva em conta o preço de aquisição do produto, tributos, logística e remuneração dos distribuidores e revendedores, estando sujeita às oscilações de oferta e demanda de um mercado livre.

Proprietários são prejudicados

Além de afetar drasticamente o bolso do consumidor, a alta também prejudica os proprietários dos postos, conforme explica o presidente do Sindiposto. Segundo ele, o aumento é muito ruim para o consumidor e também para o empresário de posto. Isto porque as vendas caem mais ainda e os proprietários ainda não conseguiram retornar as vendas do período pré-pandemia.

“Afasta o consumidor porque o orçamento dele já não cabe mais aumento. Outra situação é que o posto precisa de mais capital, buscar recurso financeiro para poder manter o estoque a disposição do consumidor, que já está sobrecarregado com esse período de pandemia. O mercado é livre e quando chega no posto cada empresário define [os preços] de acordo com seus critérios e  cálculos”, enfatiza.

73,4 milhões de toneladas

Goiás deve colher 73,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2021/2022, ocupando o posto de segundo maior produtor nacional. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e enfatizados na publicação Agro em Dados, do mês de junho, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

Segundo o boletim, o Estado deve ser responsável por 11,7% da produção nacional de cana-de-açúcar, e tem produtividade média estimada de 76,3 toneladas por hectare, o que representa aumento de 0,2% em relação ao ano anterior. Com isso, a estimativa do Valor Bruto de Produção (VBP) da cana-de-açúcar é de R$ 8,9 bilhões para o ano de 2021.

A produção de etanol a partir de cana-de-açúcar deve chegar aos 4,6 bilhões de litros na safra 2021/2022, tendo Goiás também como segundo maior produtor nacional. As exportações, até agora, de janeiro a abril, somam 11,6 milhões de dólares e representam 13,2% das exportações do Complexo Sucroalcooleiro.

Fiscalização

No último dia 9, o Procon Goiás e a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor (Decon) realizaram fiscalização conjunta nos postos de combustíveis de Goiânia. O objetivo era verificar o motivo de um novo aumento nos preços da gasolina e do etanol e se havia prática abusiva no repasse desses preços ao consumidor.

Foram realizados os testes de quantidade e de qualidade, a fim de verificar se o consumidor está sendo lesado nas bombas, além do cumprimento da legislação por parte dos empresários. Também foi fiscalizado o cumprimento do Decreto Federal 10.634, que trata da divulgação dos preços. A Policia Civil, por meio da Decon, analisou a eventual prática do crime de propaganda enganosa e outras condutas ilícitas envolvendo as relações de consumo. O Procon ainda não divulgou o resultado da fiscalização. (Especial para O Hoje)

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