Mortes de ciclista quase dobram durante a pandemia em Goiânia

Levantamento também traz o aumento de 7% nas mortes em geral no trânsito da Capital

Postado em: 28-06-2021 às 07h44
Por: João Paulo
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Levantamento também traz o aumento de 7% nas mortes em geral no trânsito da Capital | Foto: Reprodução

Um levantamento realizado pelo projeto Vida No Trânsito mostra que as mortes de ciclistas quase dobraram em 2020 na Capital. De acordo com os dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o ano passado registrou 17 mortes de pessoas que transitavam nesse veículo. Em 2019, o número de vítimas fatais eram nove. De acordo com a pesquisa, em todos os casos, os ciclistas não estavam em ciclovias, ciclofaixas ou ciclorrotas.

O fato é que o trânsito não é um lugar seguro para os mais vulneráveis. Quem diz e passou por isso foi a publicitária Amanda Ferreira. Ela fez da ‘magrela’ o seu meio de locomoção entre o trabalho e a residência, que é de cerca de sete quilômetros. Porém, no final da tarde de um dia no mês de setembro do ano passado, ela acabou sendo vítima dessa loucura que é o trânsito de Goiânia. Principalmente no limite com Aparecida de Goiânia

“Era por volta das 16h30 e estava na Avenida Rio Verde. Eu sempre fui acostumada a andar na faixa oposta dos veículos exatamente para ter uma visão melhor do trânsito, mas, nesse dia, eu acabei tendo que seguir pela faixa do fluxo devido ao fato da pista contrária passar por manutenção asfáltica. Segui o meu trajeto tranquilo. O acidente aconteceu próximo ao Banco Bradesco. Eu freei a minha bicicleta e o carro fez com o que ia parar, pois o sinal estava amarelo. Eu fui passar, mas ele acelerou e me acertou”, conta.

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Com o impacto, Amanda bateu a cabeça, o ombro e torceu o tornozelo, que acabou trincando. A bicicleta acabou quebrando o pedal e ficou embaixo da roda do carro. Segundo ela, o homem prestou assistência durante o acidente, pois acabou a levando para a Unidade Pronto Atendimento (UPA) do Buriti Sereno, mas não arcou com remédios e o conserto da bicicleta. A publicitária utilizou uma tala na perna e ficou 30 dias usando bota ortopédica.

Claro que depois de um episódio desses, a pessoa cria um trauma de usar o veículo. E com Amanda não foi diferente. “Eu tive um certo receio de voltar a andar de bicicleta, pois as calçadas da cidade são intransitáveis, sempre estão ocupadas de móveis ou carros. A gente tem que desviar. Quando não tem isso, elas apresentam desníveis, rachaduras, buracos”.

A publicidade reforça que sempre utilizou todos os equipamentos de segurança como o pisca-pisca, capacete, luva. Mas, segundo ela, falta mais espaço para o ciclista e educação no trânsito. “A cidade conta com poucas ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas. Campanhas de conscientização também são fundamentais, pois a gente sofre essa opressão de veículos maiores porque eu também noto o desrespeito partindo não apenas dos carros grandes, até dos menores”, finaliza.

Mais mortes

O levantamento traz ainda que, no total, Goiânia registrou o aumento de 7% no número de mortes no trânsito em geral. Em 2020, foram 180 pessoas que perderam a vida na Capital, ante 168 óbitos registrados em 2019. O levantamento mostrou ainda que os motociclistas são as maiores vítimas (101). Em seguida vêm os pedestres (36), ciclistas (17), condutor de veículo leve (11), passageiro de veículo (10), condutor ou passageiro de veículo pesado (3) e motorista ou passageiro de ônibus (1).

O estudo ainda revela que os homens são a maioria das vítimas fatais, representando 84% dos casos. O número aumentou em relação a 2019, quando 73% das mortes eram do sexo masculino. O sexo feminino compôs 16% das mortes no trânsito de Goiânia. Os meses de junho e setembro do ano passado foram os mais violentos nas ruas da Capital, representando 11% do total de mortes levantadas na pesquisa em cada mês. Quase empatado vem os meses de janeiro e agosto, onde ocorreu 10% dos óbitos em cada um.

A maioria das mortes foram provenientes de abalroamento – que é o choque violento com algo móvel ou algum objeto fixo, onde 59 pessoas morreram. Em seguida, vêm os atropelamentos (40), choque (39), colisão (19) e queda (19). Sobre a condição da vítima grande parte dos óbitos – 62% – eram condutores. A pesquisa mostra que 22% das pessoas que morreram eram transeuntes e 16% estavam como passageiros ao perderem a vida.

O levantamento traz que 59% das vítimas passaram, em média, três dias nos hospitais, mas não resistiram aos ferimentos e faleceram. Os principais fatores de risco levantados pelo estudo foram o abuso da velocidade (45%), a ingestão de álcool, que esteve presente em 33% dos casos, e a falta de estrutura, que resultou em 8% das mortes.

O secretário de Saúde, Durval Peixoto, diz que o levantamento traz os reflexos que a violência no trânsito traz aos hospitais. A violência no trânsito impacta diretamente em três áreas: crescimento da ocupação de leitos, aumento na realização de cirurgias de alto custo e sequelas. “Importante destacar também que a perigosa associação de velocidade e álcool continua ceifando vidas em nossa cidade”, pontuou.

O estudo também apresentou as vias mais violentas de Goiânia.  A Avenida Perimetral Norte é o local onde ocorreu a maioria das mortes. Na sequência temos as avenidas Castelo Branco, dos Alpes, Paulo Alves da Costa e Sergipe. O levantamento também destacou os trechos urbanos de rodovias que passam pela Capital e têm mais mortes: BR-060, BR-153, GO-060, GO-070, GO-040 e GO-462.

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