Nas 10 primeiras semanas de 2022, casos de dengue aumentaram 225,5% em Goiás

Já Goiânia registrou, até o momento, 16.600 casos prováveis da doença

Postado em: 19-03-2022 às 08h15
Por: Redação
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Já Goiânia registrou, até o momento, 16.600 casos prováveis da doença | Foto: reprodução

Por: Sabrina Vilela

Nas dez primeiras semanas de 2022, os casos confirmados de dengue em Goiás aumentaram 225,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. Até o momento, foram confirmados no Estado 21.389 casos da doença e cinco óbitos – em Goiânia, Inhumas, Itaberaí, Itapaci e Alexânia – contra 9.485 casos e nenhuma morte no mesmo período de 2021, segundo os dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). E ainda 32 mortes estão em investigação. 

Até o momento, 145 municípios goianos contam com infestação e destes 49 de alta infecção, ou seja, onde tem grande quantidade de foco. A maioria na região metropolitana de Goiânia. O índice levou em consideração imóveis, residências, prédios públicos, logradouros, praças e entre outros. Foi constatado que 80% dos mosquitos são encontrados em residências pela falta de cuidado dos próprios moradores.  

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“Nos preparamos desde outubro de 2021 para intensificar as ações contra a dengue em Goiás. O aumento se deve porque durante a pandemia não foram feitas as visitas de agentes às casas”, informa Edna Maria Covem, gerente de Vigilância e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). 

Em Goiânia a situação também é crítica. De acordo com a diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Grécia Péssoni, a Capital registrou até o momento 16.600 casos prováveis de dengue o que representa uma incidência de 1.085 casos para cada 100 mil habitantes. Uma morte já foi confirmada em Goiânia.

Vítimas

Os universitários João Lucas França, 18; e Gabriela de Paula, 24, fazem parte desta estatística. Ambos tiveram dengue neste ano. João Lucas se recuperou recentemente da doença. “Eu fiquei cinco dias com dengue eu senti dores e febre muito alta. Fiquei dois dias sem conseguir levantar da cama por causa da forte dor no corpo”. O estudante, que mora em Abadia de Goiás, reclama que na região onde mora “as pessoas não têm cuidado nenhum”. 

A estudante Gabriela de Paula reclama que sofreu muito com os sintomas da doença. “Foram sete dias com dores no corpo, na cabeça e nos olhos. Horrível! E nos últimos dois dias, meu corpo começou a coçar muito. Não conseguia dormir coceira”. Gabriela mora com os pais e o irmão, no setor Pedro Ludovico, informa que o pai também teve a doença no mesmo período. 

Para se recuperar plenamente, Gabriela informa que seguiu à risca as orientações médicas. “Fiquei de repouso absoluto e tomava dipirona para dor. Bebia muito líquido para hidratar. Isotônico, como Gatorade, água de coco, suco e água”.

Servidora pública, Lussandra Goes, 50, mora e trabalha na região Norte de Goiânia, também teve dengue recentemente. “Meus sintomas foram dor de cabeça, no fundo dos olhos, febre de 39 graus, muita dor no corpo e pintas vermelhas”, relata.  Ela afirma que um vizinho e alguns colegas de trabalho também contraíram a doença. “Meu vizinho está com dengue há mais de uma semana. Algumas pessoas onde trabalho pegaram dengue também”.

Ela acredita que os casos aumentaram por causa da ausência do fumacê.  “Quando tinha o fumacê, reduzia bastante os mosquitos, mas depois que o carro parou de passar, os casos aqui da região aumentaram”. 

De acordo com o gerente de Controle de Vetores de Goiânia da SMS, Izaías de Araújo, o fumacê teve o uso suspenso por ser considerado prejudicial ao meio ambiente, já que o inseticida é jogado em raio de alcance alto. O infectologista Marcelo Daher confirma. “O produto usado no fumacê é o Malation, que causa vários efeitos prejudiciais não apenas aos humanos, mas também em animais e natureza. 

Crianças

Um grupo que está sofrendo com a dengue são as crianças e adolescentes. Em Goiânia, já foram confirmados 1.302 casos. “Na faixa etária de 1 a 4 anos, o aumento foi de 2% comparado com o mesmo período do ano passado. Das crianças de 5 a 9 anos, o acréscimo foi de 5%. Nós tivemos o aumento de 14% na faixa etária de 10 a 19 anos”, informa a diretora de Vigilância Epidemiológica da SMS. 

Os filhos da auxiliar administrativa Juvanete Cassiano – Nicolas, 16; e Leandro, 11 – fazem parte dessa estatística. Os meninos tiveram dengue no início desse mês, mesmo com todos os cuidados, segundo informa Juvanete. “Cuido muito bem da minha casa, das minhas plantas. Sempre quando chove, a gente verifica toda a casa e o quintal. O problema é que a gente não sabe como está o lote do vizinho”, reclama. 

Juvanete e os filhos moram em uma casa na Vila Morais. A auxiliar administrativa afirma que constantemente ouve relatos de casos de dengue na região. “Meu sobrinho que mora a três quadras da nossa, está se recuperando da dengue. Ele teve até que ficar internado”, afirma a auxiliar administrativa.

Com relação aos cuidados com as crianças, Grécia Pessoni orienta atenção especial com o quarto. “Se possível, que a camas tenham telas, nem que sejam aqueles cortinados que se usava antigamente. São muito bons para proteção em relação ao mosquito e que utilizem repelentes de acordo com a idade de cada criança”. 

A gerente de Vigilância Epidemiológica alerta que até mesmo quem mora em apartamento deve tomar cuidado com objetos dentro do próprio imóvel. “A gaveta da geladeira, na bandeja do ar-condicionado podem ter focos também do mosquito por ser ambientes úmidos”, informa. 

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O que deve ser feito para evitar a doença

A dengue pode evoluir para casos graves e até levar a morte. Por isso, o médico infectologista Marcelo Daher alerta que aos primeiros sinais de sintomas, a pessoa deve procurar o médico imediatamente, porque em alguns casos pode evoluir de forma grave. Embora os sintomas sejam parecidos com outras doenças como gripe e Covid-19 tem como diferenciar por meio da dor no corpo que é fora do comum e manchas na pele, que começam a aparecer a partir do sexto dia. 

A partir do momento que a pessoa contrai a doença, é necessário um monitoramento constante. “Isso é feito por meio da realização de hemogramas constantes, para avaliar queda de plaquetas e a hemoconcentração, para saber se a pessoa está hidratação suficiente ou não”, explica o infectologista. 

Sobre as ações para conter a dengue em Goiânia, a SMS informa que a equipe de zoonoses e agentes de endemias têm percorrido os domicílios na busca ativa de focos de dengue, eliminando criadouros. “A Secretaria também tem feito divulgações intensivas, inclusive já vai lançar uma campanha de mídia com relação a dengue”, informa Grécia Pessoni.  

Entre as ações realizadas para controlar os casos de dengue em Goiânia, têm as visitas de agentes às casas a cada 70 dias e a visitação a imóveis fechados, informa o gerente de Controle de Vetores de Goiânia, Izaias de Araújo. 

Ele destaca que independente das ações a serem tomadas não vai diminuir o número de casos se a própria população não tiver consciência. “A situação continua problemática, a população não tem colaborado, nem seguido as orientações dos agentes’’, expressa. 

Outra forma de conter o avanço é por meio do uso do pulverizador portátil, que é usado em lugares onde tem a notificação de casos. “A partir do endereço onde é notificado o caso, é feita uma pulverização em um raio de 150 metros em torno da quadra onde está o caso. Essa pulverização é feita adentrando os quintais”, explica Izaias de Araújo. 

Denuncias 

As denuncias são uma forma de amenizar a situação de alerta vivida em Goiás e Goiânia. Para fazer denuncia na Capital, o telefone é 156; ou pelo aplicativo Goiânia Contra o Aedes. As denúncias são verificadas diariamente e o atendimento é feito em até três dias úteis. Para outros municípios as denuncias podem ser feitas pelo aplicativo Prefeitura 24 Horas ou pelos Disk Denuncia: 150 ou 62 3201-3523 (Superintendência de Vigilância em Saúde – Suvisa)

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