Obras intermináveis do setor Pedro Ludovico causam transtornos a moradores e comerciantes

Moradores convivem com poeira, trânsito lento e barulho das obras; Comerciantes amargam prejuízos com os atrasos

Postado em: 02-04-2022 às 08h02
Por: Redação
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Moradores convivem com poeira, trânsito lento e barulho das obras; Comerciantes amargam prejuízos com os atrasos | Foto: Pedro Pinheiro

Por Sabrina Vilela

O setor Pedro Ludovico vem passando por obras há algum tempo, porém, essas mudanças têm causado transtornos a moradores e comerciantes pela demora na conclusão dessas obras. O Bus Rapid Transit (BRT) Norte-Sul, por exemplo, em Goiânia teve início em 19 de março de 2015 com previsão de término em 20 meses. Já as obras do terminal Isidória começaram em setembro de 2019, mas os passageiros ainda estão no terminal provisório. A construção do Complexo Viário Luiz José Costa, no cruzamento da Marginal Botafogo com a Avenida Jamel Cecílio, teve início em setembro de 2019 com previsão inicial de entrega em dezembro de 2020.

Moradores e comerciantes do setor Pedro Ludovico estão há sete anos convivendo com ruas interditadas, desvios no trânsito, rotas de ônibus alteradas, buracos no asfalto e poeira, enquanto aguardam o término das obras para voltarem a normalidade. Esse é o caso da profissional de educação física Marislayne de Souza Freitas, que mora no bairro, onde fica também o seu estúdio de pilates. O principal obstáculo para ela é o trânsito.

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“O trânsito fica insuportável, o que dificulta para os pedestres atravessarem a rua. O trânsito pesado de manhã também acaba dificultando a vida das pessoas que vem de outros bairros de Goiânia, para trabalhar ou realizar outras atividades aqui no Pedro Ludovico. Meus alunos reclamam da dificuldade para chegar no horário certo na aula”, reclama a professora de pilates. 

Segundo Marislayne, a maior parte dos transtornos seriam evitados se pelo menos tivesse boa sinalização de trânsito vertical e horizontal no bairro. “Não tem sinaleiro, falta faixa de pedestre para conseguir fazer uma boa travessia”, relata.

Funcionária pública, Magna de Fátima Cardoso sempre morou no setor Pedro Ludovico e acompanhou todas as mudanças ocorridas na região. “Essas obras trouxeram mais gastos para o poder público e dor de cabeça desnecessária para moradores e comerciantes. Sem falar que arrancaram muitas árvores”, desabafa. “As obras impactam em tudo, como a mudança do terminal Isidória, sujeira, trânsito difícil e falta de estacionamento”, reclama. 

Comércio local afetado

Para os comerciantes da avenida 4ª Radial, as obras do BRT têm trazido prejuízos financeiros. “A obra interferiu demais no meu comércio. Antes tinha estacionamento, mas agora eu perco vendas porque o cliente não tem onde estacionar o carro”, reclama Rafael Vinícius Souza, proprietário de uma loja de artigos para moto. 

O empresário trabalha na localidade há cerca de 10 anos e relata dos problemas vivenciados diariamente. “O tráfego está mais complicado porque agora a pista está mais estreita e também não tem sinalização adequada, sem falar na falta de estacionamento”, destaca Rafael Sousa.

Já Arthur Francisco Vieira teve até que mexer na estrutura da loja para concertos de motos, a fim de conseguir se adaptar às obras do BRT. “Eu tive de construir uma calçada mais alta para eu conseguir trabalhar, porque como não tem mais estacionamento, não tem onde deixar as motos”, conta 

O comerciante, que trabalha há mais de 17 anos no local, reclama também que as obras e mudanças na avenida 4ª Radial trouxeram prejuízo financeiro. “Meu movimento agora caiu mais de 60%. E olha que já melhorou, porque no início das obras, foi uma queda de quase 100%”, informa. 

Ao lado da loja de conserto de motos de Arthur Vieira, uma farmácia está fechada. O empresário acredita que isso ocorreu porque o estabelecimento perdeu muitos clientes, por conta da dificuldade de locomoção e da falta de estacionamento, o que acaba espantando os clientes. 

Nélia da Silva, dona de uma lanchonete, destaca que as mudanças na avenida têm causado acidentes de trânsito. “Como as obras reduziram muito o tamanho das calçadas, é muito comum que carros estacionados na avenida tenham os retrovisores arrancados por ônibus”, expõe. 

A falta de sinalização na avenida 4ª Radial é outro problema relatado por moradores e comerciantes. “Não tem faixa de pedestre. Os veículos passam muito rápido, não têm placas com limite de velocidade”, denuncia um comerciante que não quis se identificar.

“Nossa avenida 4ª Radial acabou! É mais difícil atravessar, não tem onde estacionar. Em horário de pico ninguém se move”, reclama. 

Terminal Provisório

Por conta das obras do BRT Norte-Sul, o terminal Isidória também está em reforma, há mais de dois anos. Desde então, os usuários do transporte coletivo convivem com mudança de rotas de ônibus e uma infraestrutura precária, no terminal provisório, localizado na Alameda João Elias Caldas, no Setor Pedro Ludovico, a 500 metros do Isidória.

Janaína Farias, que trabalha em uma lanchonete no terminal provisório, reclama da infraestrutura do local. “Aqui não é organizado. Quando chove molha tudo, fica completamente alagado”, desabafa. Ela reclama também do fornecimento de água. “Eu acho que a encanação do terminal não é boa porque saí pouquíssima água da torneira”, relata a vendedora. 

Morador do setor Pedro Ludovico há 30 anos, Cláudio dos Santos vende acessórios para celulares em terminais e reclama da infraestrutura. “O banheiro não é bom. Além de molhar tudo quando chove porque vem chuva dos dois lados. Além disso, o espaço é pequeno para comportar tantas pessoas que transitam por aqui”, explica. 

Fora do prazo

Em 19 de março, as obras do BRT Norte-Sul completaram sete anos, data que em 2015 foi motivo de festa. A inauguração do projeto na época contou com a presidente do Brasil em exercício, Dilma Rousseff, acompanhada do à época ministro das Cidades, Gilberto Kassab.

A obra, inicialmente orçada em R$ 210 milhões e que cortaria Goiânia de Norte a Sul em 21,8 quilômetros, seria concluída em 20 meses. Ou seja, até o final de 2016, de acordo com o então coordenador do projeto, Ubirajara Abud.

Naquele dia 19 de março de 2015, a previsão de custos já mostrava que a construção custaria R$ 340 milhões, sendo R$ 210 milhões viriam do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, e R$ 130 milhões seriam dos cofres da Prefeitura de Goiânia.

As obras do terminal Isidória foram orçadas em R$ 12 milhões, com início em setembro de 2021 e previsão de entrega no final de 2021. Em abril de 2022, os usuários ainda continuam usando o terminal. A demanda média e diária dessas linhas do Isidória é de 45 mil passageiros. 

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