Quinta-feira, 28 de março de 2024

Conselho de Medicina do Rio suspende provisoriamente anestesista acusado de estupro

"A situação é estarrecedora. Em mais de 40 anos de profissão, não vi nada parecido", disse, o presidente do Cremerj, Clóvis Munhoz

Postado em: 13-07-2022 às 07h59
Por: Rodrigo Melo
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"A situação é estarrecedora. Em mais de 40 anos de profissão, não vi nada parecido", disse, o presidente do Cremerj, Clóvis Munhoz | Foto: Arquivo pessoal

O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) aprovou, em reunião plenária nesta terça-feira (12/7), a suspensão provisória do médico Giovanni Quintella Bezerra, após ter acesso às imagens de estupro de uma paciente, no Hospital da Mulher Heloneida Studart, na Baixada Fluminense.

O médico foi preso em flagrante denunciado por ter estuprado uma mulher durante o parto no centro cirúrgico do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, no domingo (10).

Com a decisão, o anestesista fica impedido de exercer a medicina em todo o país. Segundo o conselho, a medida é um recurso para proteger a população e garantir a boa prática médica. Em paralelo, está sendo instaurado no Cremerj um processo ético-profissional, cuja sanção máxima é a cassação definitiva do registro.

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“Firmamos um compromisso com a sociedade de celeridade no que fosse possível e essa suspensão provisória é uma resposta. A situação é estarrecedora. Em mais de 40 anos de profissão, não vi nada parecido. E o nosso comprometimento não acaba aqui. Temos outras etapas pela frente e também vamos agir com a celeridade que o caso exige”, disse, em nota, o presidente do Cremerj, Clóvis Munhoz.

Relembre o caso

Segundo investigadores que apuram o caso, Quintella abusou da vítima enquanto ela estava dopada e passava por um parto cesárea no Hospital da Mulher Heloneida Studart em São João de Meriti, Rio de Janeiro. A prisão ocorreu após funcionários da unidade de saúde filmarem o médico colocando o pênis na boca da paciente enquanto participava do parto dela.

A equipe desconfiava do comportamento do anestesista e estranhava, por exemplo, a quantidade de sedativo aplicado em mulheres grávidas. Funcionárias do hospital trocaram a sala de parto para conseguir filmar o flagrante. Ele foi indiciado por estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão.

Leia também: Bolsonaro lamenta não haver prisão perpétua para médico que estuprou grávida

Liberdade

Em audiência de custódia, a juíza Rachel Assad indeferiu a liberdade provisória e converteu a prisão em flagrante em preventiva. O tribunal informou que o processo tramita em segredo de Justiça para preservar a identificação da vítima. Na decisão, a juíza destacou a gravidade do ato praticado pelo médico.

“Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico. Portanto, sequer a presença de outros profissionais foi capaz de demover o preso da repugnante ação, que contou com a absoluta vulnerabilidade da vítima, condição sobre a qual o autor mantinha sob o seu exclusivo controle, já que ministrava sedativos em doses que assegurassem a absoluta incapacidade de resistir”, disse a magistrada.

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