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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Manifestação

Professores da rede de ensino de Goiânia denunciam desmonte na educação de jovens e adultos

A alegação do Simsed é que a reestruturação deve gerar prejuízos para estudantes e professores, devido junção de turmas em níveis diferentes de ensino

Postado em 24 de novembro de 2022 por Rodrigo Melo

Professores e profissionais da rede de ensino de Goiânia promoveram na tarde de quarta-feira (24/11) um ato de protesto em frente à sede da Secretaria Municipal de Educação (SME). Os profissionais manifestaram repúdio contra a reestruturação da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no município. De acordo com articuladores da manifestação, a SME lançou nesta semana um projeto que prevê mudanças na organização curricular para essa modalidade de ensino, que devem ser implantadas no próximo ano. (Veja a possível cartilha enviada pela SME no final dessa matéria)

A alegação dos professores é que a reestruturação deve gerar um impacto negativo para estudantes e trabalhadores, pois, em resumo, haverá junção de turmas em níveis diferentes de ensino. Também está previsto na reformulação o aumento de aulas de Língua Portuguesa e Matemática em detrimento de outras disciplinas.

O documento que apresenta as normativas do EJA para 2023 descreve que “essa organização, prevê a junção dos Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento da 1ª e da 2ª Série em um único Período (1º Período)” e que o planejamento “está em acordo com a compreensão de que os estudantes destas atuais duas séries estão no mesmo momento de aprendizagem”.

Segundo Antônio Goncalves, presidente do Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed) e professor no município, a união de séries acarretará na precarização do ensino. A medida ainda deve diminuir o número de servidores administrativos e obrigar professores a ministrar aulas em escolas diferentes.

“A prefeitura está juntando as séries. Por exemplo, o 1º e 2º ano será uma série só, o mesmo acontecerá entre 3º e 4º ano e com o 5º e 6º ano. No nosso ponto de vista, isso será um recuo completo. Estamos voltando a época das salas multisseriadas, onde, para os alunos de nível mais avançado, o ensino estava fraco, e para os de nível inicial, o ensino era muito avançado. Ou seja, uma perda na qualidade do ensino”, frisou.

Leia também: Pais e professores discordam sobre o remanejamento de bibliotecas

Números de analfabetos em Goiânia

A taxa de analfabetismo na população com 15 anos ou mais em Goiânia é de 33.940 pessoas, de acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na última estimativa realizada pelo Instituto Mauro Borges (IMB), o Estado tem em torno de 285 mil analfabetos funcionais nesta faixa etária.

Segundo o presidente do Simsed, a SME alega que a reestruturação do EJA ocorre devido a baixa adesão de alunos nas instituições educacionais. No entanto, o professor relata que antes da pandemia haviam mais de 35 alunos por sala. Após o retorno do ensino presencial, poucos estudantes voltaram às salas de aula e os próprios professores precisaram se organizar na tentativa de trazê-los de volta, utilizando recursos próprios.

“Pagamos carro de som, compramos faixas para colocar em praças centrais dos bairros. Fizemos visitas presenciais, ligamos para eles e conseguimos aumentar a quantidade. Ao invés de termos apoio de políticas públicas da prefeitura para incentivar os estudantes a voltarem às salas de aula, a ação da prefeitura foi de economizar dinheiro”, explicou.

Quantidade de aulas por disciplinas

Outra mudança curricular para o ensino EJA é a respeito das aulas de Português e Matemática. Atualmente, o programa possui número igual de aulas ofertadas em todas as áreas de conhecimento. No entanto, a nova medida contará com quatro aulas semanais Língua Portuguesa e Matemática e os demais componentes apenas duas aulas. Confira:

  • Língua Portuguesa – 4
  • Matemática – 4
  • Arte – 2
  • Ciência – 2
  • Educação Física – 2
  • Geografia – 2
  • História – 2
  • Língua Inglesa – 2

Para Antônio Gonçalves, essa mudança no currículo está equivocada, pois “não é possível estudar Português sem os demais conteúdos. Não basta apenas ler, mas é preciso ter conhecimento mais amplo de outras ciências”.

Resposta da SME

O jornal O Hoje tentou contato com a Secretaria Municipal de Educação desde a manhã de quarta-feira (24), via telefone e e-mail, para esclarecimento das denúncias feitas pelo Simsed. No entanto, até o fechamento dessa matéria não houve retorno. O espaço para posicionamento permanece em aberto.

Veja integra a possível cartilha lançada pela SME:

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