Abandono de animais aumentam com as festas de final de ano

Além de causar danos às vidas de animais que entram em pânico devido aos fogos, esse barulho também prejudica autistas e idosos

Postado em: 27-12-2022 às 08h00
Por: Vinicius Marques
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Além de causar danos às vidas de animais que entram em pânico devido aos fogos, esse barulho também prejudica autistas e idosos. | Foto: iStock

O abandono e maus-tratos em animais entram na categoria de crimes ambientais, com pena que pode variar de três meses a um ano de reclusão, além de multa. Apesar da punição, isso não inibe muitos de continuarem a abandonar animais domésticos, visto que em média 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos estão em situação de abandono no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

A estimativa publicada pelo Portal da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás afirma que no Estado existe pelo menos um cachorro para cada cinco habitantes. Dessa porcentagem, 10% estão abandonados.  

Para a ativista, protetora dos animais e líder de voluntariado da Mercy For Animals em Goiás, Juliana Morais, esse número é bem maior devido aos abandonos durante o período da pandemia e nas festas de final de ano. “Em Goiás esse número é alarmante, visto que o Poder Público ainda ignora as condições dos animais nas ruas, incluindo a falta de controle da superpopulação de animais por meio da castração gratuita”.  

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Abate  

Morais destaca ainda que por ser um período de festas, viagens e férias, muitos animais são abandonados nas ruas, estradas e locais sombrios “por tutores irresponsáveis ausentes de amor”. Outro fator que chama a atenção é para o abate de animais que também é crescente nesse período.  

“Nessa época onde falamos muito de nascimento e paz, contraditoriamente é o período onde os animais mais sofrem e são explorados para o consumo. As aves, porcos, vacas e bois são torturados e maltratados de diversas formas antes do abate, coisas absurdas que ultrapassam todos os limites de sofrimento. Infelizmente com a permissão de todos que desconhecem a senciência [capacidade dos seres de sentir sensações e sentimentos de forma consciente] desses seres que assim como nós sentem dor e amor”. 

Ela salienta que para ter boas refeições durante as festas de Natal e Ano Novo existem muitas variedades de comidas deliciosas, saudáveis, vegetarianas e veganas. Mas que devem vir acompanhadas de mudanças de hábitos.

Ela explica que maltratar animais é crime previsto em lei, contudo na prática elas são “frouxas e pouco aplicadas”. Por isso é importante denunciar casos de maus tratos  contra animais.

“Ainda que a lei mencione que maltratar ou mutilar animais é crime, os 99% dos animais mais maltratados no planeta e explorados para abate ainda são ignorados por nossos governantes, muitos ruralistas, pecuaristas que apenas pensam em lucros e quase nada na dor do próximo. Chegam a criar leis para impedir a fiscalização nos abatedouros e bastidores dos crimes, enfim, maquiam a realidade para usufruir e enriquecer”. 

Fogos de artifícios barulhentos também prejudicam os animais  

Além de causar danos às vidas de animais que entram em pânico devido aos fogos, esse barulho também prejudica autistas e idosos. Muitos animais fogem, morrem por paradas cardíacas, se mutilam devido ao barulho, até porque eles têm uma audição muito mais aguçada que a dos humanos. Em alguns locais já é proibido os fogos de artifício com estampidos, substituindo esses por fogos sem barulho.  

A da Lei nº 21.657 que proíbe o uso de fogos de artifício e rojões barulhentos foi aprovada neste mês. A lei é de autoria da deputada estadual, Adriana Accorsi (PT) que comemorou a aceitação da medida em suas redes sociais. Esse tipo de material causa irritabilidade e transtorno para animais e pessoas que possuem determinadas sensibilidades com o barulho.  

“Essa lei foi elaborada a partir do diálogo com as mães de crianças autistas, que sofrem muito com o estampido dos fogos de artifício, e também com grupos que defendem a causa animal. Sendo que muitos animais morreram no ano passado por conta do barulho dos rojões. Então, a nossa proposta foi que fogos com barulho muito alto sejam proibidos”, afirma Accorsi. Contudo, a lei só terá validade a partir do primeiro semestre de 2023.    

ONG Mercy For Animals em Goiás  

A Mercy For Animals é uma organização internacional de defesa animal sem fins lucrativos que se dedica a combater a crueldade contra animais explorados. A Organização Não Governamental tem como slogan “Por um Mundo onde se mate a fome, não os animais”. 

Em Goiás a atuação não é diferente, segundo Juliana Morais o trabalho é pautado em conscientização e informação sobre a realidade dos animais explorados para abate, divulgação de resultados concretos de investigações secretas, opções e apoio por meio de receitas para uma alimentação saudável, tudo com acompanhamento de profissionais, também um diálogo construtivo para a construção de um mundo melhor e mais igualitário para humanos e animais.

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