Adutora evitará desabastecimento

Responsável por interligar os sistemas Mauro Borges e Meia Ponte, as obras deverão custar R$ 28 milhões aos cofres públicos. Já foram finalizados 4.600 m da adutora

Postado em: 03-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Responsável por interligar os sistemas Mauro Borges e Meia Ponte, as obras deverão custar R$ 28 milhões aos cofres públicos. Já foram finalizados 4.600 m da adutora

Marcus Vinícius Beck*

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Após enfrentar crise hídrica no ano passado, a Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago) deu o ponta pé inicial ao projeto que deve ligar o Sistema Produtor Mauro Borges ao Sistema Meia Ponte, no Setor Residencial Privê Fronza, na região norte de Goiânia. Na tarde de ontem, operários que trabalham no local faziam mudança das máquinas e materiais para levá-los a outro ponto da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Meia Ponte. O estimado pela estatal é que os trabalhos voltem ao normal na manhã de hoje.

Ao todo, as obras para ligarem os sistemas de adutoras custará R$ 28 milhões aos cofres públicos e irá gerar 4 mil litros de água por segundo, abastecendo 100 bairros da Região Metropolitana de Goiânia. A integração dos sistemas, responsáveis pelo abastecimento público de Goiânia, está avançando a passos rápidos. Até o momento a Saneago já finalizou 4.600 m da adutora que terá a responsabilidade de interligar as duas estações de tratamento. A previsão é de que até o final de agosto a transposição esteja pronta para entrar em operação. 

A ideia da Saneago com a integração entre ambos os sistemas é possibilitar o envio de água tratada do Mauro Borges ao Meia Ponte. Em nota, a empresa informou que o processo de transposição das duas estações deve ser feito por meio de uma adutora de 13 quilômetros de extensão, 700 milímetros de diâmetro e capacidade de vazão de até mil litros por segundo. No momento, a obra está sendo executada pela Saneago cuja mão de obra usada para nos trabalhos é da própria empresa. 

Emergência

O governo de Goiás decretou há quinze dias situação de emergência nas bacias dos rios Meia Ponte e João Leite. De acordo com o governo estadual, a media pretende evitar uma piora na situação das bacias, que estão em estado crítico. Além disso, o Palácio Pedro Ludovico define o uso da água com base nos processos de licenciamento para evitar o consumo desordenado, o que vem sendo descartado por conta do colapso que o sistema hídrico enfrentou em 2017.

Por conta do baixo número de chuvas nos últimos 20 anos, o sistema das bacias dos rios Meia Ponte e João Leite vem diminuindo e provocando preocupação em especialistas. O Governo de Goiás disse que a medida tem a intenção de evitar uma nova crise de abastecimento de água, tal como a que ocorreu na Região Metropolitana da Capital nos meses de setembro e outubro do ano passado. Limitações no fornecimento de água em determinados setores da Capital tiveram na pauta durante o período de estiagem.

Mas esse problema não foi encontrado apenas na capital goianiense. O lago de Serra da Mesa, localizado na cidade de Uruaçu, no norte do Estado, chegou a ter 8,47% de seu nível durante o período de seca no ano passado. O nível registrado à época é tido como um dos mais baixos da história por causa da seca. A hidrelétrica tem capacidade para produzir energia para 7 milhões de pessoas. 

Os reservatórios da região centro Sudeste/Oeste, conforme mostrou O Hoje em meados de março, estão com níveis médios de 38% de sua capacidade. Tal número equivale ao aumento de 0,1% em relação ao mesmo período do ano passado. A energia armazenada para 77.181 MW por mês e as hidrelétricas de Furnas e Serra da Mesa trabalham com 30,68% e 16,58% de suas capacidades, respectivamente. 

O nível de água de outro reservatório do Estado, o de Emborcação, é um dos menores já registrados. No início de 2015, o nível chegou a 12% do volume total e a menor taxa já registrada foi em dezembro de 2001, quando o volume chegou aos 10% do total. Segundo dados informados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em medição realizada na última quarta-feira o lago contava com 19% da capacidade total.  

Relatório diz que rios estão em estado crítico 

Um relatório da Universidade Federal de Goiás (UFG) informou no mês passado que os principais rios e lençóis freáticos estão chegando a um ponto crítico e estão desgastados. De acordo com os pesquisadores, o crescimento urbano desordenado e o desmatamento são os principais responsáveis pelo aumento no risco de abastecimento hídrico. 

O relatório afirma ainda que 75% da Região Metropolitana de Goiânia é constituída de pastagem, lavouras e áreas construídas, além das Áreas de Proteção Permanente (APP) não estarem completamente protegidas. “Há pouca representatividade de Unidades de Conservação em escala metropolitana e se verifica degradação elevada nas áreas de proteção permanente (APP) dos cursos de água”, diz trecho do estudo. 

Segundo o estudo, a melhor opção de busca de uma recuperação de capacidade de produção de água é a gestão compartilhada de todos os órgãos públicos da Região Metropolitana de Goiânia. Os autores da pesquisa afirmam que para que o fornecimento de água seja garantido a todos é necessário que seja repensado o modelo atual de ocupação urbana. “Não há outro caminho”. 

Crise Hídrica

Os reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste do país estão com níveis médios de 38% da capacidade, o que equivale a um aumento de 0,1% em relação ao mesmo período do ano passado. A energia armazenada foi para 77.181 MW por mês e as hidrelétricas de Furnas e Serra da Mesa trabalham com 30,68% e 16,58% da capacidade respectivamente.

O nível de água de outro reservatório do Estado, o de Emborcação, é um dos menores já registrados. No início de 2015, o nível chegou a 12% do volume total e a menor taxa já registrada foi em dezembro de 2001, quando o volume chegou aos 10% do total. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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