Seis PMs investigados por tortura são presos em Goiânia

Abordagem ocorreu em 7 de janeiro deste ano

Postado em: 15-02-2023 às 15h53
Por: Luan Monteiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Seis PMs investigados por tortura são presos em Goiânia
Abordagem ocorreu em 7 de janeiro deste ano. | Foto: iStock

A pedido do Ministério Público de Goiás (MPGO), a Auditoria Militar decretou a prisão preventiva de seis policiais militares suspeitos de tortura, em Goiânia, bem como busca e apreensão de seus celulares. O pedido foi feito pelo Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) do MPGO, que conduz a investigação.

A investigação busca apurar suposta prática dos delitos de extorsão, sequestro, violação de domicílio e falsidade ideológica. Além dos crimes de tortura e de organização criminosa armada.

O pedido à Justiça foi embasado no depoimento da vítima ao MPGO, no qual ela narrou que, no dia 7 de janeiro, por volta das 20 horas, conduzia seu carro, acompanhada por seu companheiro e um casal de amigos, com filho pequeno, quando houve a abordagem. Segundo relatou, durante o deslocamento, nas imediações de um supermercado, seu automóvel foi abordado por um carro descaracterizado, de cor branca, cujos ocupantes desembarcaram e se identificaram como policiais militares.

Continua após a publicidade

A vítima informou que, posteriormente, chegou no local um outro veículo, também descaracterizado e ocupado por outros homens, os quais, igualmente, se identificaram como policiais militares, não estando nenhum deles fardados.

A vítima disse ainda que, com o último veículo, chegou também ao local uma viatura caracterizada (Renault/Duster), ocupada por outros dois indivíduos. Todos foram presos.

O relato da mulher é de que, durante a abordagem, os policiais exigiram a entrega de uma quantia em dinheiro (R$ 50 mil) e uma determinada quantidade de crack. Quando ela respondeu que não possuía esses itens, os policiais, mesmo sem nenhum indício da existência de crime, a retiveram e a levaram, junto com todos os demais ocupantes do carro, a um posto de combustível.

A mulher foi conduzida na “gaiola” da viatura caracterizada. Os demais foram levados nas viaturas descaracterizadas e o veículo da vítima foi conduzido por um dos policiais militares sem farda e deixado na área do posto.

Agressões e tortura

Segundo o relato da vítima, em seguida, todos foram levados para uma área isolada no Bairro Boa Vista, no final da Avenida Goiás Norte, onde os veículos entraram em uma estrada de terra e se dirigiram até uma clareira, localizada em uma área de mata fechada. Lá, ela relata que foi separada do grupo e submetida a agressões e tortura, que só foram encerradas quando ela prometeu aos militares que lhes entregaria determinada quantidade de cigarros que estaria em sua casa.

Chegando à residência indicada, dois policiais do grupo teriam invadido o imóvel e começado a fazer buscas no local, sem que tivessem qualquer decisão judicial que autorizasse tal ato, onde nada foi encontrado. Após algumas voltas, as viaturas retornaram ao posto de combustível, onde finalmente libertaram a vítima e o casal de amigos.

O companheiro da vítima, no entanto, permaneceu retido na viatura caracterizada, com os militares, que teriam o levaram até o estacionamento de um estabelecimento comercial. No local, forjaram um flagrante e o conduziram à Central de Flagrantes, sob o pretexto de que teria sido regularmente capturado e preso em flagrante pela prática do crime de tráfico de drogas.

O Ministério Público deve oferecer denúncia em breve, dando início à ação penal.

Veja Também