Goiás é o estado com mais trabalhadores em situação análoga à escravidão no primeiro trimestre de 2023

Levantamento feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) considera dados dos três primeiros meses do ano

Postado em: 27-03-2023 às 16h23
Por: Ana Júlia da Cruz Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiás é o estado com mais trabalhadores em situação análoga à escravidão no primeiro trimestre de 2023
Levantamento feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) considera dados dos três primeiros meses do ano | Foto: Divulgação/SRTE-GO

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou um levantamento feito nos três primeiros meses de 2023 sobre trabalhadores em situação análoga à escravidão. Segundo o órgão, Goiás foi o estado que liderou este ranking, com 365 pessoas resgatadas nesta situação.

No Brasil, em geral, foram encontrados 918 trabalhadores em situação análoga à escravidão. Em segundo lugar na lista, aparece o Rio Grande do Sul, com 293 resgatados. O terceiro lugar ficou com Minas Gerais, onde resgataram 82 pessoas nesta posição. Os dados da pesquisa feita pelo MTE é referente até o dia 20 de março.

Caso mais recente

Em uma operação conjunta com o Ministério do Trabalho e Previdência (MTP), Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), o Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO) conduziu uma operação no dia 17 de março que resultou no resgate de 212 trabalhadores em condições de trabalho análogo à escravidão. Os indivíduos foram encontrados no interior de Minas Gerais e Goiás.

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Na ocasião, os homens trabalhavam para uma empresa de prestação de serviços terceirizados, que fornecia mão-de-obra para uma usina de álcool e produtores de cana-de-açúcar. Eles eram obrigados a pagar pelo aluguel de onde se alojavam, não contavam com auxílio alimentação nem com instalações sanitárias e não recebiam equipamentos de proteção individual.

Além disso, os trabalhadores que não conseguiam pagar para terem colchão, dormiam em um pedaço de pano ou papelão. Após negociação com o MPT-GO, os empregadores tiveram que pagar R$ 1.275.000,00 por dano moral individual. Quanto ao valor do dano moral coletivo, este ainda será negociado entre o órgão e as empresas envolvidas.

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Lollapalooza 2023

O festival de música Lollapalooza aconteceu entre os dias 24 e 26 de março, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Antes de sua realização, o MTE fez uma operação e resgatou cinco trabalhadores que prestavam serviços para o evento. Segundo a pasta, os homens atuavam na parte de logística de bebidas para o festival e estavam em regime de informalidade.

Conforme comunicado pelo ministério, os resgatados dormiam no chão ou sobre estrados de bebidas, sem energia elétrica, colchão e não tinham equipamentos de proteção individual. De acordo com o apurado, os homens foram contratados por uma empresa terceirizada e a proposta inicial era de que receberiam R$ 130 por dia de trabalho. No entanto, foram vítimas de jornadas de 12 horas por dia, além de serem obrigados a dormir no local de serviço.

O auditor fiscal do Trabalho, Maurício Krepsky, chegou a comentar sobre o caso em uma entrevista para a TV Brasil. “Cerca de 90% são homens, mais de 80% são negros, e a maior parte deles tem, no máximo, o quinto ano incompleto. Cerca de 10% são analfabetos. Em relação à faixa etária, eles têm entre 20 e 39 anos. São homens, negros, com baixa escolaridade e jovens”, detalhou.

Já o Lollapalooza também se manifestou sobre o ocorrido. De acordo com a organização do evento, a parceria com a empresa terceirizada foi encerrada e os trabalhadores terão seus direitos garantidos.

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