Maio Laranja alerta para os riscos que as crianças podem estar sofrendo dentro de casa

Em Goiás, foram 8.272 casos de violência infantil registrados em 2022, sendo 44% do tipo sexual

Postado em: 19-05-2023 às 08h00
Por: Anna Letícia Azevedo
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Em Goiás, foram 8.272 casos de violência infantil registrados em 2022, sendo 44% do tipo sexual. | Foto: iStock

O abuso sexual infantil é um crime sorrateiro, que pode passar despercebido por muitos anos, e na maioria dos casos acaba levando a vítima a ser silenciada por um longo tempo. Em decorrência a isto, durante este mês está sendo realizada a campanha Maio Laranja, com o objetivo de dar maior visibilidade a um assunto tão velado. Em especial, alertando para os sinais que as crianças apresentam quando estão em situação de violência. Em Goiás, foram 8.272 casos de violência infantil registrados em 2022, sendo 44% do tipo sexual.

Os dados divulgados pela Campanha, revelam números que alertam sobre o problema no país, 51% das vítimas de abuso sexual infantil tem entre 1 e 5 anos de idade, a cada 1 hora 3 crianças são abusadas no Brasil e em 30% dos casos casos há evidências físicas, o que dificulta a percepção precoce. Nesse sentido, o Maio Laranja, apresenta o compromisso de sensibilizar a população acerca da complexidade do assunto. 

Em casos de ocorrências de abuso e exploração sexual infantil, a Psicóloga Infantil e Neuropsicóloga, Camila Caetano dos Santos Rodrigues, explica como deve ser exercida a atenção às vítimas. “Escutar e acreditar na criança, manter a calma e ofereça um ambiente seguro, priorizar a segurança da criança, buscar orientação profissional de especialistas em abuso infantil, documentar as informações relevantes, evitar o confronto diretamente o suposto agressor e colaborar com as autoridades responsáveis”. Dessa forma, a criança que está passando por uma situação de risco, deve ser acolhida.

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Atenção aos sinais

Para evitar a permanência da criança na situação de violência, é fundamental a atenção aos sinais que a criança pode manifestar. Nesse sentido, a psicóloga Camila Caetano, que realiza atenção pela terapia cognitiva comportamental, afirma que a vítima “pode apresentar mudanças repentinas em seu comportamento, como tornar-se retraída, ansiosa, agressiva, irritada ou deprimida”. Assim sendo, fazendo necessária a atenção aos sinais apresentados. 

Sendo assim, a especialista lista alguns comportamentos que requerem maior atenção.

“Comportamento sexualizado: comportamento sexual inadequado para sua idade, como imitar atos sexuais com bonecas ou outras crianças, é um sinal de alerta; regressão como voltar a fazer xixi na cama depois de já ter adquirido controle sobre a bexiga; chupar o dedo ou agir de maneira infantil; mudanças no desempenho escolar – dificuldades acadêmicas, perder o interesse na escola ou exibir um declínio no desempenho; e Pesadelos e distúrbios do sono – dificuldades para dormir, insônia ou apresentar mudanças nos padrões de sono.”

Além desses, ela alerta para: “Isolamento social: evitar interações sociais, tornar-se reclusa ou perder interesse em atividades que costumava desfrutar, isso pode ser um sinal de que algo está errado; Medo ou ansiedade excessiva: demonstrar medo ou ansiedade intensa em relação a determinadas pessoas, lugares ou situações específicas; Conhecimento sexual inapropriado: conhecimento sexual que não é adequado para sua idade, isso pode ser um indício de exposição a conteúdo sexual ou abuso”.

Como também a delegada, Mariza Mendes César, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Goiânia, afirma que já presenciou casos em que as crianças chegaram a cometer automutilação. Dessa forma, ilustrando cenários em que é possível detectar que algo de errado possa estar ocorrendo aquela criança ou adolescente. 

Além disso, ela explica que é importante a atenção desses sinais, pois a criança pode não está sendo vitima de abuso sexual, mas de outras formas de maus trados. “Poder identificar o que que está acontecendo e no caso de ser de fato um crime sexual ou qualquer outro tipo a gente vê também casos de maus tratos, de agressões, qualquer tipo de crime seja denunciado para a polícia”, completa ela. 

Cuidados 

De acordo com a campanha Maio Laranja, 500 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil. Este é um número significativo de pessoas que necessitam de um tratamento especializado. De acordo com a Psicóloga Camila Caetano, é recomendado que esta vítima tenha acesso a terapia. “A terapia individual com um psicólogo especializado em trauma infantil é uma abordagem comum para ajudar a criança a lidar com o trauma, expressar seus sentimentos, reconstruir sua autoestima e desenvolver estratégias saudáveis de enfrentamento”.

Além disso ela pontua acerca dos ciclos em que a criança ou adolescente pertecem, “A terapia familiar pode ser benéfica para ajudar a criança e a família a se reconstruírem após o abuso sexual. Ela pode melhorar a comunicação, fornecer apoio mútuo e ajudar a estabelecer um ambiente seguro e de confiança. A criança pode se beneficiar de apoio educacional para ajudar a superar a interrupção em sua vida acadêmica e desenvolver habilidades de aprendizado saudáveis”, explica a especialista.

Como também, tratamento médico adequado, a fim de identificar quaisquer lesões físicas resultantes do abuso sexual e a participação em grupos de apoio com outras crianças que passaram por experiências semelhantes pode ajudar a criança a se sentir compreendida.

Conforme o Artigo 227, da Constituição Federal de 88, vigente no Brasil, no inciso 4º, “A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente”, sendo mais delimitado e explicado no Estatuto da Criança e do Adolescente as penas para este crime. 

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