Aparecida de Goiânia intensifica testagens após avanço da malária

Objetivo da iniciativa é monitorar a situação e prevenir novos casos de malária, que é transmitida por meio da picada de fêmeas do Anopheles

Postado em: 31-05-2023 às 08h23
Por: Alexandre Paes
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Objetivo da iniciativa é monitorar a situação e prevenir novos casos de malária, que é transmitida por meio da picada de fêmeas do Anopheles | Foto: Divulgação

Desde a última semana, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia, prepara um inquérito sobre a malária na região do Bairro Independência, que teve neste ano casos confirmados da doença infecciosa. O principal intuito da iniciativa é monitorar a situação e prevenir novos casos de malária, que é transmitida por meio da picada de fêmeas do Anopheles, o “mosquito-prego”, infectadas pelo protozoário Plasmodium.

A Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO) registrou 39 casos e uma morte por malária em 2023 até o dia 7 de maio deste ano. Os dois primeiros casos de malária em pacientes que se infectaram com a doença sem viajar para fora de Goiás, teriam sido picados pelo mosquito transmissor em uma chácara em Aparecida de Goiânia. A morte pela doença foi de uma mulher, de 41 anos, em Anápolis. Ela ficou 18 dias internada.

Segundo a secretaria de saúde do município, até o momento Aparecida tem 7 notificações de casos da malária, sendo que 5 são importados. Por isso, as ações têm mobilizado dezenas de profissionais e incluem reuniões técnicas e trabalhos de campo com ações educativas, busca ativa nas residências, mapeamento por drones, testagem e levantamentos epidemiológicos, dentre outras atividades. Os exames feitos na população local são do tipo “gota-espessa” e também teste rápido para diagnóstico da malária.

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A força-tarefa envolve os representantes das Vigilâncias em Saúde de Aparecida e Estadual (Suvisa); das secretarias de Desenvolvimento Urbano (SDU) e de Meio Ambiente e Sustentabilidade de (Semma) de Aparecida; da equipe técnica da coordenação de Eliminação da Malária do Ministério da Saúde (MS); do Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen); do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTS) e do 7º Batalhão de Bombeiro Militar de Aparecida (7º BBM). 

Ações do Governo Federal

O Ministério da Saúde (MS) lançou no último mês de abril uma campanha voltada para a prevenção e combate à malária. Com o slogan O combate à malária acontece com a participação de todos: cidadãos, comunidade e governo, a campanha teve como foco principal a Região Amazônica, que concentra 99% dos casos no país. A doença, cuja incidência ocorre nas populações de maior vulnerabilidade social, representa um grande problema de saúde pública no país.

Em 2019, o Brasil registrou mais 153 mil casos de malária; em 202 0 foram 143 mil; em 2021, 193 mil casos e em 2022, foram registrados 129 mil casos da doença e 50 óbitos. Dados preliminares da pasta, mostram que nos dois primeiros meses de 2023, já foram registrados 21.273 casos, um aumento de 12,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com o MS, a campanha de publicidade está sendo veiculada na televisão, rádio, internet, redes sociais e outdoors nos estados da Região Amazônica (AC, AM, AP, MA, MT, PA, RO, RR e TO). A campanha está sendo divulgada também em carros e barcos de som, para que a informação chegue à população das localidades mais vulneráveis.

Principais sintomas da doença

Segundo o infectologista Robert Fabian Crespo Rosas, a doença pode evoluir de forma muito rápida, podendo levar a óbito em questão de duas semanas em casa de falta de atendimento médico. Além disso, a depender da variação da doença, o paciente pode sentir febre de aproximadamente 39 graus, mas em algumas situações essa febre pode começar e parar a cada dois dias.

“Eu estava bem, em um certo dia comecei a sentir muitas náuseas e a vomitar bastante. Em questão de 2 dias comecei a sentir muitos calafrios e uma febre muito fortes. Procurei atendimento médico e precisei ficar internado. De início eu e minha família imaginamos que fosse dengue antes de receber o diagnóstico de malária.”, relatou Douglas, de 28 anos, que chegou a precisar de transfusão de sangue por conta da doença.

O que é a malária?

A malária também é conhecida como impaludismo, paludismo, febre palustre, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã maligna, além de nomes populares como maleita, sezão, tremedeira, batedeira ou febre. Toda pessoa pode contrair a malária. Indivíduos que tiveram vários episódios de malária podem atingir um estado de imunidade parcial, apresentando poucos ou mesmo nenhum sintoma. Porém, uma imunidade esterilizante, que confere total proteção clínica, até hoje não foi observada. 

A doença é infecciosa causada por um parasito do gênero Plasmodium, que é transmitido para humanos pela picada de fêmeas infectadas dos mosquitos Anopheles (mosquito-prego). Estes mosquitos são mais abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno. Portanto, não é uma doença contagiosa, ou seja, uma pessoa doente não é capaz de transmitir malária diretamente a outra pessoa.

Caso não seja tratado adequadamente, o indivíduo pode ser fonte de infecção por meses ou anos, de acordo com a espécie parasitária. “A malária tem cura e o tratamento é eficaz, simples e gratuito. Entretanto, a doença pode evoluir para suas formas graves se não for diagnosticada e tratada de forma oportuna e adequada”, finaliza o infectologista.

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