Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ é celebrado no dia 28 de junho

A data tem uma simbologia política e representa um marco que deu início às Paradas do Orgulho que conhecemos hoje em dia

Postado em: 28-06-2023 às 08h30
Por: Larissa Oliveira
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Primeira Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ em Goiânia, em 1996, a segunda realizada no Brasil, contou com mais policiais do que manifestantes | Foto: Acervo/Memória UFG

Nesta quarta-feira, dia 28 de junho, é celebrado o Dia  Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. A data foi definida devido a um confronto entre policiais e manifestantes que ocorreu em 1969, nesse mesmo dia. O protesto acontecia em defesa do clube Stonewall Inn, localizado em Nova York, Estados Unidos. Naquela época, havia leis rígidas contra homossexuais e as pessoas que ousavam demonstrar afeto não heterossexual em público corriam perigo. 

Stonewall Inn era um clube privado e foi fundado com o objetivo de escapar da regulamentação estadual que proibia os homossexuais de consumirem bebidas alcoólicas. Apesar das batidas policiais no estabelecimento serem relativamente comuns, uma investida surpresa naquele ano tomou rumos inesperados. Como resultado, houve a “Rebelião de Stonewall”, que consistiu em um levante em defesa dos direitos da população LGBTQIAPN+ e durou cerca de seis dias.

A Rua Christopher, onde ficava o clube privado, foi bloqueada por manifestantes, que davam as mãos e gritavam frases como “poder gay” e “queremos liberdade agora”. Ao todo, 21 pessoas foram presas durante os eventos. Além disso, um motorista de táxi sofreu um infarto, após ter seu carro invadido, e morreu. Em 1970, ano seguinte à manifestação, milhares de pessoas voltaram e realizaram a primeira marcha do Dia da Libertação da Rua Christopher. Foi um marco que deu início às Paradas do Orgulho que conhecemos.

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Parada em NY

A psicóloga Wanessa Mendonça contou ao O Hoje que esteve na Parada do Orgulho de Nova York deste ano. “Uma experiência linda e surpreendente, vi muito mais do que fui buscar. Uma cidade preparada para receber a diversidade mundial. Não é à toa que é a maior e mais importante parada do mundo. Nova York tem a simbologia política de ser o epicentro de toda uma revolução. Ali estava o primeiro ‘grito’ para o fim do preconceito, da intolerância de gênero, que impulsiona o mundo todo também dizer não”, afirmou.

De acordo com a especialista da Casulo Psicologia, o “basta” dito em 1969 é o marco inicial de uma luta por direitos. “As pessoas LGBTQIAPN+ começaram a ser vistas não mais como doentes, mas como pessoas. A orientação sexual e a identidade de gênero não podem segregar, classificar ou excluir as pessoas da comunidade de modo geral. É uma luta de muitos anos, que já tiveram progressos, vitórias, mas ainda tem um grande caminho pela frente”, argumentou Wanessa Mendonça.

A psicóloga ressalta que o acompanhamento psicológico é de suma importância para a comunidade. “Ao se entender como pessoa LGBTQIAPN+, as pessoas têm questões individuais e familiares que permeiam suas vidas. Existe todo um processo psíquico para autoaceitação, através do autoconhecimento e validação dos seus comportamentos. Não só a pessoa, mas a família e a comunidade em geral precisam entender melhor as questões de gênero. É através do conhecimento que se traz visibilidade”, enfatizou Wanessa.

Goiânia pioneira

De acordo com o fundador da Associação da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de Goiás, Marcos Silvério, a capital goiana foi a segunda cidade brasileira a realizar o evento, em 1996. A primeira parada do Brasil ocorreu em 25 de junho do ano anterior, no Rio de Janeiro. Segundo o fundador, o movimento ocorreu na Praça Cívica e contou com a presença de nove militantes gays e 20 policiais. Marcos explica que a presença da polícia tinha o intuito de “garantir a segurança”.

“Existia uma intenção do movimento de envolver o Monumento Às Três Raças com a bandeira do arco-íris, mas tudo isso foi rechaçado pela polícia. O registro histórico que temos hoje é uma foto dessas [nove] pessoas de mãos dadas em volta do monumento”, relata Silvério. Neste ano, a 28ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ também ocorreu no dia 25 de junho, no último domingo, e contou com a presença de cerca de 50 mil pessoas. O tema deste ano foi “Transfobia mata!, Acolher, Proteger e Respeitar!”.

Alegria e orgulho

O estudante de relações públicas, Madson Rocha, contou ao O Hoje que se considera pansexual. Segundo ele, é quando uma pessoa não define gênero como orientação sexual. “Pansexual é quando você não se importa se a pessoa é homem, mulher ou trans. O que importa pra mim é o carisma da pessoa”, explicou. Madson informou que foi a segunda Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ que foi. “Com certeza, a desse ano foi muito bem organizada, nem se compara com a do ano passado”, disse. 

Conforme ele afirmou ao O Hoje, foi um dia de muita alegria. “Eu me senti muito bem, foi um dia realmente de celebrar o orgulho, de celebrar as pessoas que eu amo e de dar visibilidade para uma população que por muitas vezes é invisibilizada”, enfatizou. O estudante ressaltou que a capital goiana é vista como uma cidade conservadora. “Então eu acho que é um grito mesmo de resistência a parada de Goiânia. Estou muito animado, espero que a do ano que vem supere a deste ano”, concluiu.

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