Tratamento e prevenção de câncer estão diretamente ligados à alimentação

Os tratamentos da doença, no geral, envolvem cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou terapia alvo

Postado em: 25-08-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Tratamento e prevenção de câncer estão diretamente ligados à alimentação
Ter uma alimentação rica em produtos de origem vegetal é uma forma de prevenção contra a doença e também diminui os efeitos colaterais do tratamento | Foto: Reprodução/Internet

A cada ano, milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer, que é considerada a principal causa de mortes ao redor do mundo. Dessa forma, os tratamentos e prevenções da doença tornam-se importantes. Segundo especialistas, os dois estão diretamente ligados à alimentação.

Depois do diagnóstico, o paciente passa por inúmeras fases, desde o medo do que vai acontecer com a sua saúde à escolha da melhor opção terapêutica. Os tratamentos da doença, no geral, envolvem cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou terapia alvo. Os efeitos colaterais desses métodos, podem afetar diretamente a alimentação. Por isso, o acompanhamento com um nutricionista é essencial para quem tem câncer.

A nutricionista Marcela de Paula, CEO do Meeting de Nutrição Oncológica, afirma que o tratamento do câncer está 100 % relacionado com a alimentação. Segundo ela, ter uma alimentação rica em produtos de origem vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outros legumes, além de evitar os alimentos ultraprocessados, é uma forma de prevenção contra a doença e também diminui os efeitos colaterais do tratamento.

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“Com isso, a gente melhora a qualidade de vida desse paciente, aumenta o sucesso no tratamento, diminui o risco de infecção e, consequentemente, diminui o risco de mortalidade. Então, um paciente bem nutrido, ele alcança maior sucesso no tratamento”, explica a especialista.

Sulamita de Aquino Porto, socióloga de 73 anos, foi diagnosticada com câncer por duas vezes. A primeira, foi há cerca de 12 anos, quando teve câncer de mama, que atingiu o seu seio direito e o órgão precisou ser retirado. Na época, ela não teve acompanhamento com um especialista em nutrição. “ Não tive acompanhamento de um nutricionista. Algumas vezes aparecia nutricionista e dizia alguma coisa, mas não esse acompanhamento mais de perto”, relata a idosa.

Em 2020, novamente a socióloga foi surpreendida pela doença, desta vez, pelo câncer de endométrio, que é um dos tumores ginecológicos mais frequentes e acomete principalmente mulheres após a menopausa, em geral acima dos 60 anos. O câncer de endométrio é um tumor altamente curável na maioria das mulheres e 20%, ou menos, delas estão na fase de pré-menopausa quando são acometidas pela doença. Menos de 5% estão abaixo dos 40 anos de idade.

Com o agravamento do tumor, os ovários e útero de Sulamita também precisaram ser removidos. Além disso, ela conta que esse câncer deu metástase no fígado e em outras regiões do corpo. Desta vez, ela realiza os tratamentos com o acompanhamento de uma nutricionista e diz que pode sentir a diferença quando comparado com a primeira vez que teve câncer anos atrás e não teve o acompanhamento alimentar adequado, já que segundo ela, os efeitos colaterais da quimioterapia acarretam problemas em relação à alimentação. “Interessante, a gente ver a mudança em termos de uma assistência mais multidisciplinar”, enfatiza.

A socióloga, que trabalha na Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), atualmente realiza as funções em home office, devido ao agravamento da doença. Ela relata que devido ao câncer de endométrio, já teve que fazer seis quimioterapia intravenosa, que consiste em injetar o medicamento diretamente na corrente sanguínea através de um cateter. “Foram 30 radioterapias e 12 braquiterapias”, acrescenta.

Apesar de todos os efeitos colaterais, devido aos tratamentos, Sulamita afirma que o acompanhamento nutricional junto com os medicamentos, amenizam grande parte desse sofrimento. “Eu tô tomando alguns tipos de iogurte que ela passou, que fortifica muito, a gente fica mais forte, sabe? Então, assim, ajuda muito a gente a ficar mais disposta e não ter tanta fadiga”, finaliza.

Açúcar como um mito alimentar

Quando o assunto é alimentação como forma de amenizar os efeitos colaterais ou até prevenir o câncer, surgem muitos mitos alimentares de que existem alimentos capazes de curar a doença, apesar de não haver comprovação científica para esta afirmação, e outros que não podem ser ingeridos de modo algum.

O açúcar é um desses mitos, segundo Marcela. No entanto, a especialista explica que as células cancerígenas são altamente adaptáveis, ou seja, elas se adaptam a tudo. Então, mesmo que o açúcar seja retirado da alimentação, a célula cancerígena vai se alimentar de outro nutriente que esteja instalado no organismo. “Então, se eu tenho uma fonte de proteína, de carboidrato, uma fonte de gordura, a célula cancerígena também vai usar ela como fonte de energia imediata e primária”, explica.

Dessa forma, a  ideia de retirar o açúcar não se resume a esta causa, mas sim, pelo fato dele ser um alimento inflamatório, que deixa o paciente mais cansado e mais indisposto, além de não agregar. “A gente fala que não tem valor calórico agregado ali, são calorias vazias, então a gente pede para trocar, sem contar que é um alimento também que faz processos de irritação gástrica, então aumenta náuseas, vômitos”, detalha.

Ao retirar da dieta  as comidas prejudiciais, os especialistas acrescentam alimentos mais ricos em fibras, frutas, verduras e legumes, haja vista que eles ajudam também na prevenção contra a célula cancerígena. 

Alimentação balanceada

Devido aos tratamentos, o paciente fica com o sistema imunológico abalado, uma vez que ele faz quimioterapia, e essa medicação fica circulante na corrente sanguínea, cerca de seis meses a um ano, mesmo quando ele encerra o tratamento, segundo Marcela. Nesses casos, quando os exames laboratoriais apresentam uma deficiência e  baixa na imunidade, é necessário o uso de suplementação.

No caso da recomendação está ligada apenas à alimentação, a especialista destaca que é importante aumentar a quantidade de água, fazer atividades físicas, mesmo quando o paciente sente muita fadiga e cansaço, além de comer a cada duas ou três horas.

Além disso, para evitar sintomas como diarreia e perda de peso, é necessário retirar alguns alimentos da dieta, que são irritantes gástricos como os que são ricos em cafeína, ultraprocessados e alimentos ricos em vitamina C, que são cítricos, segundo a nutricionista. Nesse sentido, a laranja, acerola, caju, morango, uva, que além de causar essa irritação no trato gastro, também podem causar mucositis, que são feridas na boca muito parecidas com ácidas, afirma.

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