Acusada de matar filhas em Edéia possui transtorno psicótico e deve ser absolvida

O Ministério Público de Goiás requer o tratamento psiquiátrico da mulher

Postado em: 14-09-2023 às 19h26
Por: Larissa Oliveira
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Izadora Alves de Faria, acusada de matar as filhas Maria Alice e Lavínia - Foto: Reprodução

Acusada de matar as duas filhas em Edéia, Izadora Alves de Faria teve a absolvição solicitada pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). O órgão requer que a Justiça decrete medida de segurança para o tratamento psiquiátrico da autora. Isso porque um laudo pericial feito pela Junta Médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) apontou que a mulher sofre de transtorno psicótico e que precisa de internação psiquiátrica.

O exame de insanidade havia sido solicitado pelo advogado da acusada em outubro do ano passado, mas só foi realizado em fevereiro deste ano. De acordo com o laudo, Izadora contou que foi abusada sexualmente na infância, que era humilhada pelo marido e que vozes a diziam que o companheiro abusava sexualmente das filhas. Segundo o laudo, a mulher tem transtorno mental alienante com alteração do juízo da realidade.

O documento do Tribunal de Justiça aponta que Izadora estava orientada globalmente, mas apresentava “delírios”, “fuga de ideias” e “capacidade de entendimento/juízo crítico abolida”. Além disso, consta ainda que ela tem “capacidade inadequada de estabelecer vínculos afetivos e interagir”. Por fim, o laudo concluiu que no dia do crime a acusada era “inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato” e de “determinar-se de acordo com esse entendimento”.

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Além disso, o laudo também indica que a acusada precisa de internação psiquiátrica, pois os sintomas não estão controlados. Ao final do documento, há a sugestão do acompanhamento e tratamento pelo Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili). A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) o desenvolveu em 2006. Porém, até hoje Izadora continua aguardando sua transferência para uma clínica ou hospital psiquiátrico.

Relembre o caso

No dia 27 de setembro de 2022, Izadora Alves de Faria, de 31 anos, matou as filhas Maria Alice, de 6 anos, e Lavínia, de 4. O duplo homicídio ocorreu na casa em que moravam, em Edéia, município que fica cerca de 130 km de Goiânia. Quem encontrou os corpos das crianças foi o pai, que as avistou em um colchão. Horas depois, Izadora foi localizada em um matagal e presa em flagrante.

Além disso, a acusada de matar as filhas teve que ser internada, pois dava sinais de que tentaria suicídio. As autoridades locais encaminharam a mulher a um hospital da cidade. No dia seguinte, a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) recolheu o depoimento de Izadora, que disse que fez um bem às crianças. A mulher disse que livrou as meninas de viver uma vida que ela levou.

Aliás, a acusada confessou à polícia que envenenou, tentou eletrocutar e afogar as meninas dentro de uma caixa d’água com fios elétricos e, em seguida, deu facadas para garantir que as filhas tinham morrido. Izadora também contou que já pensava em matar as garotas há algum tempo. Porém, ela não disse desde quando e como surgiu esse pensamento.

Acusada pediu tratamento

Após o depoimento, a acusada foi para o presídio de Israelândia (GO). Ela passou por audiência de custódia e teve a prisão convertida para preventiva. Contudo, a diretoria do presídio alegou que o estabelecimento prisional não tem “estrutura física e humana para custodiar pessoas presas com o quadro de saúde/transtornos mentais”, como o de Izadora.

Conforme o ofício da diretoria enviado ao juiz do caso, a acusada de matar as filhas apresentou um comportamento inadequado e alterado na cadeia, com sinais de confusão mental. Além disso, a mulher tentou tirar a própria vida dentro da cela. No dia 2 de outubro de 2022, o advogado de defesa de Izadora pediu um exame de insanidade à Justiça de Goiás.

Segundo o advogado, era preciso saber se ela pode responder criminalmente pelas mortes. “Constatam-se elementos de informação suficientes para colocar em dúvida a sanidade mental da acusada, tratando-se de pessoa, em tese, com transtornos mentais visíveis”, ressaltou a defesa da mulher que confessou ter matado as duas filhas em Edéia.

Entretanto, 4 dias após o pedido, a Polícia Civil indiciou Izadora por duplo homicídio qualificado. A acusada foi indiciada um dia após a mãe dela revelar à polícia que, antes do crime, a filha já havia pedido para fazer tratamento psiquiátrico. Conforme a mãe de Izadora alegou, a filha não estava bem emocionalmente e queria que um médico a tratasse. Porém, a família não quis interná-la.

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