Dinâmica do mercado varejista tem favorecido variação dos combustíveis
Em caso de preços abusivos, o economista indicou que o consumidor procure o Procon, já que não houve aumento por parte da Petrobras
Por: Alexandre Paes

A semana não começou bem para Ronaldo Gomes Lima, de 42 anos. Logo de manhã se deparou com o preço mais alto da gasolina, e de tanque vazio, a saída foi engolir seco e pagar mais caro para abastecer. “Dez dias atrás enchi o tanque, paguei quase 200 reais. Hoje a conta ficou 42 reais mais cara. Um aumento que eu não vi ser anunciado, mas que está em quase todos os postos”, comentou o empresário que mora na região oeste de Goiânia.
O último aumento de preço para as distribuidoras feito pela Petrobras aconteceu em 16 de agosto. Após essa data, a estatal anunciou apenas uma redução da gasolina em outubro. Mas o que explicaria esse sobe e desce no preço dos combustíveis da capital? Segundo o Sindicato do comércio varejista e derivados do petróleo de Goiás (Sindiposto), a variação do litro da gasolina e do etanol é devido uma dinâmica do mercado varejista, que favorece a variação dos combustíveis, de acordo com a oferta e a demanda.
Quem vende o etanol são as diversas usinas de todo país, ou seja, não é apenas um fornecedor. Nesses casos o preço tanto no etanol quanto na gasolina se justifica pela redução que tivemos. Temos que deixar claro que os preços são livres. O mercado é livre, e não depende de ter mudanças no atacado para que haja mudanças de preços no varejo”, aponta Marcio de Andrade, presidente do Sindiposto.
Ele complementa dizendo que nas últimas semanas as reduções foram maiores do que as anunciadas pela Petrobras. “Isso se justifica justamente por essa liberdade de preços, onde o empresário pode fazer promoções, reduz os seus preços, depois volta o preço normal. Essa é uma dinâmica que acontece constantemente em qualquer mercado varejista, e isso que tem acontecido com o mercado de combustíveis, provocando esse sobe e desce dos preços dos combustíveis”, destaca.
O sindicato destacou ainda que existe uma dinâmica de mercado que leva a esse sobe e desce de preços constantes neste mercado de combustíveis, fazendo promoções para atrair novos clientes. “Os preços diferentes entre cidades entre regiões, e até da mesma cidade não caracteriza abuso ou qualquer outro tipo de de irregularidade na prática de preços. Cada mercado tem suas características, volume de vendas e custos, por isso que tem o preço maior. Mas apesar disso nós temos cidades no interior também que tem valores muito mais altos do que a capital”, lembrou Márcio.
Na visão do economista Pedro Ramos, o aumento visto por alguns consumidores é algo regionalizado que pode ser explicado por um feriado próximo, dada a maior demanda. “O último reajuste anunciado pela Petrobras está datado em 21 de outubro de 2023, onde foi possível observar uma redução no valor do litro da gasolina de R$ 0,12 e aumento no diesel de R$ 0,25. Atualmente, não há nenhum anúncio para o aumento no litro dos combustíveis”, destacou o especialista.
Para ele, usar gasolina ou álcool está além de questões econômicas, envolve questões ambientais e até mesmo de eficiência específica de cada motor. “Do ponto de vista do menor gasto possível, podemos usar sempre a regra de bolso: se o etanol estiver com o preço abaixo de 70% do preço da gasolina, compensa abastecer no etanol (a depender das especificações do motor, mas vale para a maioria dos automóveis). Nos postos de combustíveis costuma ficar uma placa mostrando qual a relação entre o preço das duas opções”, orienta Pedro.
Em caso de preços abusivos, o economista indicou que o consumidor procure o Procon para que o posto seja fiscalizado, pois o aumento de combustível precisa ser seguido de um anúncio feito pela Petrobras. Caso seja constatado que o posto aumentou o preço sem real justificativa, será multado.
Em maio deste ano a Petrobras abandonou a Política de Paridade de Preços Internacionais (P.P.I.), o que sugere que o governo adotará uma política de preços menos volátil, aumentando o preço apenas em casos onde o preço internacional se deslocar muito do preço praticado internamente. A referência internacional continua sendo importante para o preço interno, mas deixa de ser a única referência. “Hoje, o efeito do preço internacional é baixo e as variações nos preços do barril de petróleo não são seguidas fielmente pela Petrobras”, finaliza o economista.