Dinâmica do mercado varejista tem favorecido variação dos combustíveis

Em caso de preços abusivos, o economista indicou que o consumidor procure o Procon, já que não houve aumento por parte da Petrobras

Postado em: 14-11-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
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Em caso de preços abusivos, o economista indicou que o consumidor procure o Procon, já que não houve aumento por parte da Petrobras. | Foto: Leandro Braz/O Hoje

A semana não começou bem para Ronaldo Gomes Lima, de 42 anos. Logo de manhã se deparou com o preço mais alto da gasolina, e de tanque vazio, a saída foi engolir seco e pagar mais caro para abastecer. “Dez dias atrás enchi o tanque, paguei quase 200 reais. Hoje a conta ficou 42 reais mais cara. Um aumento que eu não vi ser anunciado, mas que está em quase todos os postos”, comentou o empresário que mora na região oeste de Goiânia.

O último aumento de preço para as distribuidoras feito pela Petrobras aconteceu em 16 de agosto. Após essa data, a estatal anunciou apenas uma redução da gasolina em outubro. Mas o que explicaria esse sobe e desce no preço dos combustíveis da capital? Segundo o Sindicato do comércio varejista e derivados do petróleo de Goiás (Sindiposto), a variação do litro da gasolina e do etanol é devido uma dinâmica do mercado varejista, que favorece a variação dos combustíveis, de acordo com a oferta e a demanda. 

Quem vende o etanol são as diversas usinas de todo país, ou seja, não é apenas um fornecedor. Nesses casos o preço tanto no etanol quanto na gasolina se justifica pela redução que tivemos. Temos que deixar claro que os preços são livres. O mercado é livre, e não depende de ter mudanças no atacado para que haja mudanças de preços no varejo”, aponta Marcio de Andrade, presidente do Sindiposto. 

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Ele complementa dizendo que nas últimas semanas as reduções foram maiores do que as anunciadas pela Petrobras. “Isso se justifica justamente por essa liberdade de preços, onde o empresário pode fazer promoções, reduz os seus preços, depois volta o preço normal. Essa é uma dinâmica que acontece constantemente em qualquer mercado varejista, e isso que tem acontecido com o mercado de combustíveis, provocando esse sobe e desce dos preços dos combustíveis”, destaca.

O sindicato destacou ainda que existe uma dinâmica de mercado que leva a esse sobe e desce de preços constantes neste mercado de combustíveis, fazendo promoções para atrair novos clientes. “Os preços diferentes entre cidades entre regiões, e até da mesma cidade não caracteriza abuso ou qualquer outro tipo de de irregularidade na prática de preços. Cada mercado tem suas  características, volume de vendas e custos, por isso que tem o preço maior. Mas apesar disso nós temos cidades no interior também que tem valores muito mais altos do que a capital”, lembrou Márcio.

Na visão do economista Pedro Ramos, o aumento visto por alguns consumidores é algo regionalizado que pode ser explicado por um feriado próximo, dada a maior demanda. “O último reajuste anunciado pela Petrobras está datado em 21 de outubro de 2023, onde foi possível observar uma redução no valor do litro da gasolina de R$ 0,12 e aumento no diesel de R$ 0,25. Atualmente, não há nenhum anúncio para o aumento no litro dos combustíveis”, destacou o especialista.

Para ele, usar gasolina ou álcool está além de questões econômicas, envolve questões ambientais e até mesmo de eficiência específica de cada motor. “Do ponto de vista do menor gasto possível, podemos usar sempre a regra de bolso: se o etanol estiver com o preço abaixo de 70% do preço da gasolina, compensa abastecer no etanol (a depender das especificações do motor, mas vale para a maioria dos automóveis). Nos postos de combustíveis costuma ficar uma placa mostrando qual a relação entre o preço das duas opções”, orienta Pedro.

Em caso de preços abusivos, o economista indicou que o consumidor procure o Procon para que o posto seja fiscalizado, pois o aumento de combustível precisa ser seguido de um anúncio feito pela Petrobras. Caso seja constatado que o posto aumentou o preço sem real justificativa, será multado.

Em maio deste ano a Petrobras abandonou a Política de Paridade de Preços Internacionais (P.P.I.), o que sugere que o governo adotará uma política de preços menos volátil, aumentando o preço apenas em casos onde o preço internacional se deslocar muito do preço praticado internamente. A referência internacional continua sendo importante para o preço interno, mas deixa de ser a única referência. “Hoje, o efeito do preço internacional é baixo e as variações nos preços do barril de petróleo não são seguidas fielmente pela Petrobras”, finaliza o economista.

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